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Criar, sonhar, jogar .É mais que lógico é chocológico!


[Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Admito que eu ergui uma sobrancelha quando ele começou a erguer minha mão. Mas nada poderia me preparar para o que aconteceria a seguir.

Como se já não fosse ruim o suficiente Hank beijar minha mão, ali, do nada, ele ainda o fez ao mesmo tempo que desbloqueava o cosmo dele.

[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 FHR13LBGUOWMFE4.LARGE

Ok, entendido. Eu não ia mais xingar Chara na sua frente, agora só vamos voltar a andar como pessoas normais...

É, os planos de Hank não estavam exatamente alinhados com os meus. Eu tive certeza disso quando ele me puxou para mais perto, dando um daqueles sorrisos de bom menino dele. Será que ele tinha noção do que estava fazendo? Lobos, cães... eram todos iguais...

Olhei de novo enquanto pedia para não levantarmos mais o assunto sobre Chara. Não, ele não tinha noção. Nenhuma.

Ok, como você quiser. Só volte a agir normalm...


[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 Latest?cb=20140509111707

Merda.

O milissegundo que tive para ler o movimento de Hank não foi suficiente para que eu raciocinasse sobre o que estava acontecendo. Minha expressão continuava elegantemente surpresa e atenta ao que ele falava, mas eu tinha quase certeza que minha frequência cardíaca tinha perdido o compasso com o susto por um instante. Como alguém que tropeça um degrau de uma escada, mas logo recupera o equilíbrio.

Aquilo sim havia sido inesperado. O abracei de volta, dando ligeiros tapinhas nas costas dele, num sinal de que estava tudo bem. Para mim também, ficaria tudo bem.

Hank não era uma ameaça. Bastava eu não me deixar levar por aquele calor nostálgico, e tudo continuaria igual. Hank não ficaria triste, eu continuaria viva e nós continuaríamos bem.

Senti o abraço dele folgar, e também relaxei meus braços. Aproveitei a distância pra realinhar minha roupa, um pouco sem graça, mas ainda de forma divertida, e assim, liberar minhas mãos, sorrindo satisfeita para ele.


- É bom ter você de volta. - eu disse com sinceridade. O que diabos Tokyo estava fazendo com aquele menino? Ele nunca fora assim no santuário. Gentil sempre, mas digamos que ele estava excepcionalmente cuidadoso. Eu não havia deixado minhas habilidades escaparem por aí, havia? - Ok, essa será nossa missão, eu prometo. E se conseguirmos resolver tudo a tempo, vou te levar para comer a melhor coisa da sua vida.

Eu prometi com um ar de barganha, já olhando para o meu relógio, e torci o lábio ligeiramente para o lado, em desaprovação.

- Mas para isso, precisamos chegar a tempo em nosso primeiro compromisso do dia. - eu suspirei, ajeitando um pedaço de minha franja, recomeçando a andar, mas me mantendo ao lado dele - Vamos? Não podemos deixar um amigo da Elisa esperando...

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyO Colunista Surpreso

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O lupino a soltou e sorriu calmamente para ela, do jeito convencional. Ele parecia realmente de volta ao seu estado natural, de gentileza confortável e de sorriso acolhedor. Ele olhou para um dos inúmeros mostradores digitais na rua quando Lygia consultou as horas e se pôs a segui-la, dizendo:
 
- Obrigado! Você tem toda a razão temos que nos apressar. E eu vou adorar comer o que você tem a me apresentar, mas vamos sim, vamos chegar logo até a casa do amigo da Elisa.
 
E assim, os dois se deslocaram pela cidade gigante com velocidade apressada, mas ainda humana. A multidão ficava mais intensa conforme se aproximavam do centro de Imperial Edo, o bairro mais badalado de Tóquio.
 
Tóquio, ou Neo Tóquio como também era chamada era uma das cidades mais avançadas no quesito tecnologia, de modo que painéis enormes de led, torres inteiras de sinal de Wi Fi cobertas de luzes e fachadas inteiras de anúncios eram uma constante na rua, tanto quanto as pessoas consultando suas telas holográficas geradas na pele ou seus micro consoles multifuncionais para ouvir músicas ou notícias. Desta forma, Lygia e Hank conseguiam se mover sem ser notados na cidade, mas era perigoso demais ativar seus sentidos aguçados em um lugar como esse. Um lugar apinhado como este dificilmente daria uma boa sensação aos cavaleiros, além de mais atrapalhá-los do que ajudá-los.
 
E isto preocupava Lygia, por não poder confiar plenamente em seus sentidos, se fosse detectar alguma coisa, ela demoraria muito mais do que seu tempo de reação normal, ou perceberia quando a coisa estivesse muito mais próxima, a menos que ela também emanasse um cosmo alto.
 
Deixando as conjecturas de lado, eles logo chegaram a um complexo residencial com diversos prédios, cercado de torres de vigilância. Porém, elas estavam sem nenhum vigia e o acesso até a casa de Chuck Webster foi fácil. Ele morava em um grande condomínio. Eles acessaram a portaria do prédio e sem consultá-los, o guardião da porta os deixou subir pelo suntuoso elevador. Lygia sentiu a rosa de Elisa pulsar em sua bolsa, quase se mexendo de forma visível. O cosmo da pisciana pulsava através da bolsa da amazona, de forma perceptível para ela.
 
Subiram no elevador, Hank encostado a uma das paredes do carro sem dizer nada, apenas pensativo. Logo desembarcaram. Lygia viu a grafia do apartamento procurado. Era o único do andar com uma porta enfeitada por Art Noveau e os números de forma rebuscada. Uma campanhia esperava ao lado da porta, que logo foi acionada pelos cavaleiros.
 
E então, um homem abriu a porta, com um olhar ligeiramente surpreso. Ele tinha os olhos e os cabelos em um mesmo tom azulado muito bonito e estava impecavelmente vestido. Ele olhou para ambos e disse com um tom que deixava visível sua dúvida:
 
- Sim?
 
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description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Aquele lugar era um absurdo. Eu havia chego naquela conclusão apenas de olhar o exterior do complexo, e já pensava na dificuldade que teríamos para chegar lá, quando as portas se abriram sem perguntas.

As torres vazias eram muito suspeitas, e o pulsar da rosa de Elisa não estava me deixando mais tranquila. Antes, meu cosmo estava reprimido por conforto, mas agora, eu o fazia por cautela.

Quando chegamos ao elevador, me permiti pegar um batom em minha bolsa, como se fosse retocar minha maquiagem. E aquilo era apenas uma desculpa para retirar meu leque da bolsa, como se ele estivesse dificultando encontrar o pequeno batom.

Com mais uma olhada no espelho, peguei a rosa de Elisa, posicionando-a em meu cabelo, e novamente, seu caule se torceu como por mágica, se fixando firmemente como um adorno em minha cabeça. E assim, quando a porta se abriu, joguei meu batom dentro da bolsa, agora vazia, mas eu tinha minha arma em minha mãe, a apenas um movimento de abri-la, mas sem aparentemente representar perigo para qualquer pessoa que me visse.

Quando saímos do elevador, eu me abanava de forma distraída, olhando em volta para o corredor luxuoso, enquanto deixava que Hank tocasse a campainha.


Youta escreveu:
- Sim?
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 Latest?cb=20180207220856


Eu fechei o leque contra a palma da minha mão livre, segurando-o mais ou menos pelo seu centro, sorrindo agradavelmente para o homem à minha frente, tão peculiar quanto sua porta. Daquela forma, eu poderia esfaquear um possível atacante com as pontas afiadas do meu leque, ou apenas fazer um charme, cortando as barreiras físicas entre nós, dizendo da linguagem dos leques que gostaria muito de conversar com aquele homem.
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 36773a4c02a8a6a04c9a8078a220ad41--manga-girl-manga-anime
- Mr. Chuck Webster? – eu indaguei, com agradável expectativa - Me chamo Lygia Conti, e este é Hank Twao. Somos amigos de miss Elisa. – eu ofereci minha mão livre, mas muito ciente do meu entorno. Uma vez que não poderia contar com meu cosmo, ficaria com meus sentidos humanos.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyCasa de Fotografia

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A porta se abriu por completo, revelando o corpo do rapaz por completo. Chuck Webster deveria ter por volta de 25 anos, nem muito mais velho nem muito mais jovem do que isto, muito embora as cirurgias plásticas e a bioescultura de rostos pudesse fazer milagres naqueles tempos. Estava vestido com um elegante colete cinzelado e um terno de risca de giz azul.
 
O homem ouviu a apresentação de Lygia e cumprimentando o lupino com a cabeça, ele tomou a mão de Lygia e beijou delicadamente as costas dela, com muito mais volúpia que Hank tinha feito instantes atrás, mas com muito menos do que a maioria dos homens fazia com a amazona. Ele era amigo de Elisa, deveria ser, no mínimo, educado.
 
Hank retribuiu o cumprimento de cabeça com o mesmo movimento e com um sorriso simpático, digno dos que ele geralmente usava.
 
Chuck então, soltou a mão e respondeu Lygia com um sorriso contido e educado. A moça notou os olhos do homem indo diretamente para a rosa que ela carregava no cabelo, como se soubesse exatamente de que Elisa ela estava falando.
 
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 Pk08-05
 
- Encantado em conhecê-los, Senhorita Conti e Senhor Twao. Por que não entram para conversarmos melhor?
 
A casa era um espetáculo a parte. Toda decorada em estilo vitoriano parecia ter viajado no tempo para recebê-los. As janelas tinham vidraças em estilo antigo, pesadas e com molduras de ferro. A mobília era de mogno ou madeira de lei, impecavelmente limpa e lustrosa. Tapetes de couro e pele sintéticos emolduravam o piso, este feito de tacos polidos e madeira e de policarbonato, dando um aspecto vítreo e reflexivo ao chão da casa.
 
O homem com gosto refinado os conduziu a um sofá com espaldar e então, sentou-se em uma poltrona confortável à frente deles. Ele sorriu e suspirou de saudade, recomeçando a falar:
 
-Ah, Elisa! A mais bela das beldades que já tive a sorte de encontrar! A rosa é dela, não é? Chuck apontou para o cabelo de Lygia, com um sorriso maravilhado: - Reconheceria este formato, este frescor e este aroma em qualquer lugar. Se são amigos de Lady Elisa, são meus amigos também! O que posso fazer por vocês, Senhorita Conti, Senhor Twao?
 
O lupino não respondeu. Ele olhava bestificado em volta, mas Lygia o notou atento à porta do apartamento. Por dentro, ela parecia totalmente diferente do que era por fora. Tinha diversas trancas eletrônicas, uma mais sofisticada do que a outra. Enquanto Hank olhava para a casa e procurava Lygia não sabia o que, Chuck esperava a resposta da amazona, enquanto tamborilava com os dedos nos joelhos, sorrindo.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Mais novo do que eu pensava na verdade... Isso é, assumindo que aquele rosto era dele mesmo, e não comprado por aí. Mas ele era tão estiloso quanto eu imaginava.

Não foi difícil perceber que os primeiros cômodos do apartamento estavam vazios, mas aquilo não me tranquilizava tanto quanto deveria. Alguém que morava num lugar como aquele atendia à própria porta? Onde estava alguém com uma bandeja de prata? Clichê? Totalmente...

Mas clichês eram estabelecidos por uma questão de observação e repetição. O que fugia ao clichê sempre tinha um motivo. E eu não gostava de surpresas.

Na verdade, a total ausência de outros seres humanos naquele complexo me incomodava profundamente. Afinal, nós estávamos em Tokyo. A cidade mais populosa do planeta! Ele não podia ser tão rico assim, podia?

Enquanto eu conjecturava, ele tomou minha mão, e respeitando o padrão de comportamento masculino, a beijou com um pouco de intimidade demais para um recém conhecido.

Ao menos um comportamento dentro do esperado arrancou um ligeiro sorriso dos meus lábios, o qual cobri timidamente com a ponta do leque, ainda fechado, que escondia apenas parcialmente meus lábios.

Em meio ao convite para entrarmos, o olhar que ele depositou na rosa em meus cabelos não passou despercebido. Bom, ou estávamos diante do homem certo, ou estávamos caminhando bonitinhos para dentro de uma armadilha. Ao menos, a possibilidade de ser o homem errado diante de nós havia sido descartada.

Ao entrar, deixei meu queixo cair ligeiramente, observando a decoração da casa. Ou assim fingindo. Mentalmente, mapeei portas, janelas e pontos cegos. Locais por onde ameaças poderiam surgir e por onde nós poderíamos fugir. Em meio a tudo isso, também observei os arredores. Ok... talvez ele fosse tão rico assim.


- Sua casa é maravilhosa. - eu comentei como quem deixa escapar um pensamento, mas voltei meu olhar para ele, como que admitindo o que eu acabara de falar - Bom... não poderia esperar menos depois de ouvir sobre você de Elisa.

Youta escreveu:
-Ah, Elisa! A mais bela das beldades que já tive a sorte de encontrar! A rosa é dela, não é? Chuck apontou para o cabelo de Lygia, com um sorriso maravilhado: - Reconheceria este formato, este frescor e este aroma em qualquer lugar. Se são amigos de Lady Elisa, são meus amigos também! O que posso fazer por vocês, Senhorita Conti, Senhor Twao?


Eu ri, ok, naquilo nós concordávamos. Descansei meu leque sobre minhas pernas cruzadas, sentando à ponta do sofá, ligeiramente apoiada sobre um dos braços com o cotovelo. Uma posição para manter o alinhamento de minhas roupas e o conforto de meu salto. Mas também, uma posição de reação rápida a qualquer estímulo.

Bom, ele reconhecera a rosa de Elisa, e se não me engano, ela nunca se passara por uma artesã. Eu assenti, tocando-a levemente com os dedos. Ao fazê-lo, deixei meu cosmo fluir discretamente, ainda abaixo do potencial dormente de um cavaleiro de bronze, algo como um humano sensível ao cosmo. Se ele não fosse cosmo dotado, não perceberia nada. Se tivesse alguma sensibilidade, não era o suficiente para ela saber se vinha de mim ou da rosa de Elisa. Agora... se seu humor modificasse ou ele se colocasse em alerta, eu saberia imediatamente que tínhamos um problema em mãos.


- Sim, é a rosa dela; ela nos disse que seria o cartão de visitas dela. - dizendo isso, retirei o adorno de meu cabelo, ajeitando-o com a mesma mão, sem nunca abandonar meu leque - E também um presente por nos atender tão gentilmente. - eu então ofereci a rosa de Elisa com um sorriso de agradecimento. Seria rude simplesmente passar para as explicações de um favor antes de trocar cordialidades. Rude e arriscado.

Eu havia visto a porta que Hank olhava surpreso, e fingia muito mal que não notara a quantidade de trancas. Dando a impressão que eu estava educadamente não perguntando do que se tratava tanta segurança, mas que queria muito saber o motivo para tanto.


- Me sinto honrada em saber que poderemos ser amigos. - eu respondi à gentileza, desviando meus olhos da porta, e os dando um brilho de admiração discreto - Conhecer um pouco mais de outra parte da vida de Elisa na verdade me deixa muito feliz. - e então, corei na medida certa, desviando o olhar por um instante - E isso soou estranho. Por favor, não acho que eu sou uma stalker ou algo assim...
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 7154e0c96fe54637073ec6ab44cb288b

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyO cosmo

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Chuck sorriu ao comentário de Lygia e aguardou que os dois cavaleiros se sentassem. Ele parecia extremamente satisfeito quando Lygia lhe deu a rosa, automaticamente a colocando em sua lapela.
 
- Eu atenderia qualquer amigo e companheiro de Elisa com gentileza, mas ela costuma ligar avisando que vem ou que vai mandar alguém normalmente. Acredito que deva ser um tempo difícil para vocês. Trabalham com Elisa nas funções dela de Defensora das Nações, eu suponho? Fundação GRAAD também, não é?
 
Então, o homem de cabelos azuis pareceu um pouco diferente. Os olhos cintilaram ao sentir o cosmo fluir e ele sorriu abertamente mais uma vez. Lygia sentiu uma emanação de cosmo vinda dele, como que respondendo ao cumprimento que a rosa (ou ela mesma) lhe dera. Parecia menos forte que Hank ou mesmo que Keeva, talvez até mesmo mais fraco que um cavaleiro de aço, mas com certeza, muito mais forte que um humano comum.
 
O rapaz então bateu palmas delicadas e a casa ganhou vida, quase que literalmente. Ele possuía criadagem, mas a mesma estava oculta e distante. Assim que se manifestaram, Lygia os viu se aproximando e logo notou uma coisa singular: A criadagem do homem era composta por robôs de alta performance. Sem formas humanas, só com rodas e garras para carregar coisas, limpar e servir. Troncos retangulares e com espaços por onde brotavam seus prolongamentos em forma de pinça que se equilibravam em alguns pares de rodas. Com seu cosmo aflorado Lygia sentia mais alguém nos cômodos internos e esta pessoa parecia estar dormindo tranquilamente em um lugar um pouco distante da sala.
 
Os robôs trouxeram chá que foi preparado diretamente na bandeja de prata à frente deles, tirando os bules e a prataria de reservatórios em seus troncos.
 
E Chuck Webster então tomou novamente a palavra logo após a afirmação de Lygia, com um sorriso discreto nos lábios pela postura de fã inverterada dela. Ele então tomou a palavra, indicando a criadagem mecânica e dizendo:
 
- Espero que não se incomodem de terem chá, mas eu realmente não esperava por visitas. Vou providenciar algo para acompanhar o chá em breve. Sabem, fotografia é um tipo de arte muito delicada e baseada em detalhes e uma criadagem barulhenta e que necessita de instruções me atrapalharia em momentos cruciais. Portanto, a maior parte da minha segurança e dos meus funcionários é robótico. Além do mais, dificilmente um criminoso comum conseguiria me fazer mal, não é mesmo?
 
Webster parecia entender a desconfiança de Lygia, e então acariciou a rosa em seu peito, dando outro sorriso, desta vez de saudade. Ele então pegou uma das xícaras, convidando os convidados a fazer o mesmo e depois de um curto gole, ele começou a falar:
 
- Conheci Elisa em um vernissage em Paris. E sempre tive uma sensibilidade diferente dos outros para reconhecer pessoas, e só depois dela descobri que se tratava do meu “cosmo” aplicado em meus sentidos mundanos. Eu achava que era besteira, até uma rosa como esta florescer dos dedos dela diante dos meus olhos. Eu a auxiliei a seguir um rastro de outro homem, que se passava por fotógrafo em Paris e nos tornamos amigos. Ela posou para alguns pôsteres meus e algumas coleções de amigos, sempre mostrando seu lindo rosto e olhar encantadores. Posso dizer que cheguei a me enamorar dela, mas ela tem suas funções e não pode se prender a um homem como eu.
- Mas a Senhorita não me disse o que posso fazer para ajudá-los, Senhorita Conti. Seria algo que Elisa pessoalmente não pode fazer?
 
Chuck Webster aguardou a resposta e a todas estas, Hank examinava os robôs. Ao sentir Lygia liberar seu cosmo, ele novamente usou sua habilidade e começou a farejar o ambiente a sua volta discretamente e Lygia percebeu que ele chegara as mesma conclusões que ela tinha chegado com suas habilidades. Ouvindo o homem, Hank então farejou discretamente o chá, esperando que Lygia fizesse a parcela dela. Com um olhar e um ligeiro toque no ombro da garota, como que para arrumar a postura, Lygia sentiu a intenção de Hank falando sobre o chá.
 
- Está seguro.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Cosmo-dotado. Não o suficiente para ser um soldado, mas fazia mais sentido Elisa ter se aproximado dele. E ele também conhecia a fundação GRAAD! Me senti um pouco mais confortável; não parecia que teríamos problemas ali.

Tudo bem que eu gastara toda minha concentração em não pular de susto após as palmas de Chuck. Eu sabia que robôs existiam, lógico, eu não vivia dentro de uma caverna. Mas ser “cercada” por eles de uma forma tão inesperada não era comum, de forma que meu estranhamento não deve ter ficado tão fora de lugar assim, até por isso, Chuck passou a explicar o ocorrido.

Youta escreveu:
- Espero que não se incomodem de terem chá, mas eu realmente não esperava por visitas. Vou providenciar algo para acompanhar o chá em breve. Sabem, fotografia é um tipo de arte muito delicada e baseada em detalhes e uma criadagem barulhenta e que necessita de instruções me atrapalharia em momentos cruciais. Portanto, a maior parte da minha segurança e dos meus funcionários é robótico. Além do mais, dificilmente um criminoso comum conseguiria me fazer mal, não é mesmo?

- Espero que o senhor não esteja falando isso a partir de experiência própria… – eu ri de forma levemente nervosa, mas não conseguia formar em minha cabeça a imagem daquele homem delicado se livrando de criminosos em becos escuros. Eu aceitei a xícara que aquela garra de ficção científica me oferecia, sentindo seu aroma com um sorriso satisfeito e então pousando-a em meu colo, para que esfriasse um pouco. A umidade em minhas narinas denunciavam os componentes dissolvidos na água, e todos eram apropriadamente inofensivos – E não se preocupe; chá está ótimo. Na verdade, nós viemos sem avisar, e isso sim foi rude de nossa parte. Uma criadagem mecânica é de fato prático nesse sentido… mas confesso que me surpreendeu. – eu ri de meu próprio susto.

Não pude deixar de perceber a outra pessoa na casa. Seria um parente? Um modelo? Outro visitante? Bom, nós já havíamos chego até ali sem problemas. Dificilmente uma presença adormecida seria de grande problema naquele ponto das coisas. Chuck então passou a explicar sobre sua breve história com Elisa, e ela era realmente plausível. Finalmente, minha conclusão era de que aquele homem era de fato quem dizia ser, e poderíamos seguir com o plano. Ri com compaixão sobre sua decepção amorosa, oferecendo uma expressão de simpatia. Ele não havia sido o primeiro, e com certeza não seria o último ser humano a se apaixonar por Elisa.

Quer dizer… ela era realmente algo à parte, e facilmente faria qualquer um questionar suas preferências amorosas.

Senti o toque de Hank e sua intenção quanto ao chá. Me apoiei em seu toque, exercendo pressão com meu ombro contra sua mão, enquanto arrumava minha postura. Cruzei as pernas, ficando virada para Hank, sentando de forma mais confortável. Meu leque finalmente fora parar no sofá e eu dera um gole em meu chá, enquanto Chuck lançava mais uma vez sua pergunta. Aquele era meu sinal para Hank de que eu finalmente me sentia à vontade naquele lugar.

Youta escreveu:
- Mas a Senhorita não me disse o que posso fazer para ajudá-los, Senhorita Conti. Seria algo que Elisa pessoalmente não pode fazer?

- Mais do que algo que Elisa não possa fazer, eu acredito que seja algo que apenas você possa fazer. – eu introduzi o assunto de forma ligeiramente sensacionalista, mas não deixava de ser verdade; não havia ninguém no Santuário com influência midiática suficiente para criar o alvoroço que eu precisava, em um tempo tão curto assim - Precisamos atrair um certo tipo de pessoas, tira-los de suas tocas, por assim dizer. Mas quanto mais você tenta puxar raposas de seus buracos, mais fundo elas cavam. Já ouviu falar disso? – eu continuei avançando cautelosamente no assunto, construindo meu raciocínio devagar - Então, ao invés de arranca-los à força, o melhor é fazer a raposa sair por vontade própria. E que forma melhor de atrair uma raposa, do que com o coelho? – eu ri de leve da infâmia do trocadilho que eu havia feito sem querer - Já ouviu falar de um grafiteiro chamado Bunny Star? Nós sabemos que esse garoto tem algo que essas raposas querem muito. Então, vamos oferece-lo de bandeja. – eu não precisava contar todo o meu plano, mas também, não via necessidade para mentir - Vamos fazer uma exposição de arte surpresa em Nova Iorque. Altamente exclusiva, do tipo que não oferecia risco, pois nenhuma organização teria tempo de pensar num contra-ataque ou algo assim. Uma oferta “pegar ou largar”. Mas precisamos que as raposas saibam da existência da exposição sem que nós enviemos um convite para elas. Elas precisam “sair de suas tocas” por vontade própria e se achando muito espertas, pois é aí que elas cometerão um erro. – tomei mais um gole de chá. Agora vinha a parte que Chuck desempenharia naquilo tudo. Colocando o chá sobre a mesa em nossa frente, em arrumei minha postura, juntando as mãos sobre meus joelhos. Curvei então levemente minha cabeça, em polida etiqueta japonesa - Elisa me disse que se existe alguém capaz de criar o alvoroço nos meios necessários para alcançar essas raposas em uma semana, esse alguém seria você. Mr. Webster… sei que é um homem ocupado, e que centenas de pessoas lhe pagam uma fortuna por esse exato tipo de coisa, mas egoistamente eu venho lhe pedir; poderia nos emprestar seu talento para fazer desta exposição de arte o evento mais desejado por grandes empresários de fachada em Nova Iorque, em apenas uma semana?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyResumindo

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Chuck concordou em fazer a divulgação da galeria, assim como preparar tudo. Lygia e Hank saíram da mansão após terminar o chá, agradecidos pela ajuda.

A segunda parte da missão, Hank e Lygia compraram roupas para cada personagem;

Conjunto de terno, gravata e camisa pretos para Sunao, o segurança. Roupas boas, mas discretas.
Terno prata com gravata roxa e camisa escura para Mikall, o negociante.roupas com a cara da grife.
Jeans skinny quase impossíveis de se entrar, com direito a touca e lenço palestino para Hank, o moço hipster.
Moletom de bichinho, all star, jeans vermelhos e bolsa transpassará para Calipe, a moça hipster.
Micro saia e top de couro, um milhão de correntes, coturno de salto para Lygia, a namorada troféu piriguete.

Terminada as compras, eles foram para uma rua famosa pelas barraquinhas de comida. Entre muitos pratos e comer até morrer, Lygia sacaneou Hank a comer dorayaki de wasabi, e agora eles sentaram num bar montado na calçada e estão começando a baixar uma garrafa de sakê.

Eu narro em primeira pessoa, então, as partes assim foram minhas, as em terceira pessoa são do Youta. Fiquem agora com a misteriosa “narração do WhatsApp”

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! - Página 2 EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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- Agave... - eu repeti devagar, para gravar o nome com cuidado. Já conhecia tequila, mas não sabia que se podia fazer outra coisa com a mesma matéria prima.
Terminei meu segundo copo em mais um gole. Mordisquei uma lasca do gengibre, enquanto servia nossa terceira dose.
- Você já imaginou sua vida, caso não fosse parar no Santuário? - eu perguntei do nada, olhando para as pessoas na rua.
Pessoas para as quais o "fim do mundo" era apenas uma expressão, e deuses não mais do que amigos imaginários coletivos.
Que não podiam erguer muito mais do que o próprio peso, e que admiravam atletas olímpicos. Cujas tragédias diárias oscilavam entre perder o último trem e procurar o amor de suas vidas.
Cada mente, um mundo,um objetivo. Nada como a unidade do santuário, o senso de coletivo e dever.
Pessoas que podiam se preocupar apenas com elas mesmas e o que estava à seu alcance. E não havia nada de errado nisso.

Hank tomou a segunda dose de bebida rapidamente, comendo mais um pouco das lascas de gengibre e logo já estava pronto para a terceira dose, que ele tomou a goles curtos.
Ele ouviu a pergunta dela e suspirou, tomando mais um gole antes de responder:
- Eu nunca pensei a respeito. Mas talvez eu fosse algum tipo de ativista que lutasse pela minha tribo. Mas não sei na verdade. E você, já pensou a respeito?
Hank olhou para ela e depois a volta, aguardando uma coisa resposta, mas ele mesmo parecia pensar no que ela tinha dito

Eu torci o canto do lábio num sorriso, sentindo o gosto do sake misturado ao ardor do gengibre.
- É engraçado imaginar você abraçando uma árvore... eu sabia que não era bem disso que ela estava falando, mas era engraçado assim mesmo.
Agora... Se eu já tinha pensado a respeito... Tomei mais um gole do sake. Sim, eu já tinha pensado. Agora... Além do santuário, o que mais não poderia ter acontecido na minha vida?
Tomei outro gole pensativo. E antes de afastar o copo da boca, virei o restante do conteúdo, servindo minha quarta dose, mesmo que Hank não tivesse terminado a dele.
- Então.. . Apesar de eu as vezes me perguntar isso, nunca cheguei nunca resposta muito plausível. Se minha cidade nunca tivesse sido atacada, provavelmente eu estaria hoje casada com o filho do padeiro e iniciando uma sequência de 5 filhos. - eu ri daquele futuro fantasioso. Mas peguei ar, revisando as possibilidades - Mas se a única diferença fosse o Santuário e o cosmo... acho que na melhor das hipóteses, eu seria uma criminosa. Um desses piratas do asfalto, ou uma golpista.
Tomei mais um gole um pouco maior do que deveria, considerando a quantidade que já havíamos bebido, mas eu podia confiar na minha resistência.
- Mas considerando as estatísticas e probabilidades do mundo real, se o cosmo não tivesse me mantido viva e me levado até Sunao, vamos encarar, eu estaria morta em um mês. - mesmo que de forma pouco perceptível, eu falei a última parte um pouco mais rápido do que o normal.
Cocei o nariz com as costas da mão, disfarçando o incômodo. Bom, era eu quem tinha começado o assunto, não havia sentido ficar chateada. Terminei meu saque e servi o quinto copo.
- Mas é então? Abraçador de árvores ou carreira política? eu voltei o assunto para Hank. O futuro hipotético dele parecia mais divertido Diga-me congressista Twan, qual seria sua agenda?

Hank olhou impressionado com a velocidade que a moça secava copos de saquê, se atendo a beber apenas o que lhe havia sido servido. Ele ouviu as possibilidades de futuro dela e riu divertido, ao pensar em Lygia com um avental e lenço na cabeça e disse a ela:
- Não consigo imaginar você como mãe, mas você provavelmente seria uma das boas. Talvez melhor como criminosa... - Ele permitiu um comentário mais maldoso atípico de si. Então ouviu atentamente a última parte e a consolou, acariciando as costas sua mão com a dele. E então respondeu a última pergunta, virando seu copo:
- Político provavelmente. Ativista que entrega panfletos em empresas para eles ajudarem as reservas. Coisas assim... Ele completou sorrindo.

Ao ver Hank pousar o copo vazio na mesa, aproveitei para recuperar minha mão que ele acariciava, alcançando a garrafa
- O senhor está dos copos atrás de mim... - eu observei, servindo mais uma dose para ele, e continuei nossos cenários hipotéticos - Eu não sou exatamente um exemplo de material materno. Provavelmente causaria um incêndio tentando fazer o almoço. - eu ri junto com ele - Mas concordo; eu seria uma excelente golpista. Provavelmente viveria em mansões, enganando um trouxa após o outro
Fiz uma cara misteriosa, que não consegui manter por muito tempo antes de cair na risada.
- Distribuir panfletos... Nada de política, eleições, agir pelas sombras... Você realmente é muito bonzinho... - baguncei o cabelo dele, convidando-o a mais uma rodada - O mundo precisa de mais gente assim

Desafiadoramente, Hank se muniu do seu copo e do de Lygia, emborcando um após o outro ao ouvir a reclamação dela, apenas para encher os copos de novo e dizer:
- Pronto, estamos quites agora. - Ele sorriu depois dessas duas bebidas e Lygia notou uma beleza inocente e provocante no seu sorriso. Ele então acompanhou a moça nas suas hipóteses com a cabeça, até que ela riu novamente e o acariciou. Hank também riu timidamente ao elogio, e respondeu como se não fosse nada: - Só fui treinado para ser assim. Fazer o que é certo e proteger o próximo é coisa de xamã. Lembra? Velhinhos e sábios! - Ele riu de novo lembrando da piada e completou - O mundo precisa de mais gente como você, isso sim. Se o mundo tivesse mais coisas lindas assim, daria mais gosto se lutar por ele.

Bati palmas ao vê-lo virar os dois copos seguidos, rindo um pouco alto. Depois ri novamente ante a imagem de um Hank velhinho, enrugado, com um cocá na cabeça e fumando um longo cachimbo. Mais estereotipado impossível. Mas aquele sorriso não combinava com aquela imagem.
Congelei no meio do movimento de pegar meu sexto copo. Não... Hank havia tomado minha dose anterior, então ainda era o quinto...?
A verdade é que eu perdera a conta depois do último comentário dele, e podia sentir minhas bochechas esquentarem. Eu não havia bebido tanto a ponto de deixar minha habilidade fora de controle, certo?
Olhei de volta para ele, procurando algum rubor alcoólico, mas era difícil dizer naquele pele morena.
Apertei os olhos, e depois me toquei que o estava encarando a sólidos 30 segundos sem dizer nada. E senti minhas bochechas esquentarem mais. Ok, aquilo sim devia ser culpa do álcool. Tudo aquilo.
Graças à Athena o horário de Tokyo era o mesmo de Rodório e chegaríamos à noite.
Olhei para os copos cheios e a garrafa vazia.
Seja o que Athena quiser...
- O mundo já tem muita gente como eu. Por isso que está essa bagunça - eu observei, desviando do elogio ébrio - Você está bêbado. - eu declarei, rindo e bebendo meu último copo. Toda a rua girou ao meu redor e eu repensei sobre minhas escolhas por um segundo - Isso me declara campeã da noite. - não que houvesse sido estabelecida uma competição, mas eu declarei assim mesmo, o mais sobriamente possível, enquanto cobria o copo cheio de Hank com o meu, equilibrando-o de ponta cabeça sobre o outro, numa tentativa de impedi-lo de tomar a última dose.
- Voltemos ao mundo real? - eu convidei, enquanto buscava minha carteira para pagar nossa última travessura do dia.

Hank manteve e sustentou o olhar de Lygia, sem dizer nada também, apenas sorrindo e rindo quando ela retribuía seus comentários. Estavam altos, essa era a verdade. Hank se levantou, o dever chamando de algum lugar do cérebro. Apesar de não estar tão bêbado quanto Lygia pensava, ele estava apreciando a companhia da amazona. Ele apenas sorriu ante a desviada perceptível do elogio e antes de concluir, ele se defendeu:
- Não, não estou. Você é quem está aí rindo pelos cantos. - Hank pegou o copo por cima do dele e dividiu a última dose entre os dois copos, servindo a metade de sua dose para Lygia. E então, ele completou: - Para ser campeã, é preciso que não sobrem doses na competição. Vamos lá, beba essa. Você ainda vai estar meia dose a frente e vai ganhar de qualquer jeito. Ou eu bebo a minha e passo a sua frente. - Hank realmente bebeu seu último copo de um trago e esperou que Lygia secasse o seu antes de sair e pagar. Ele parecia bem o bastante para calcular as doses, o que indicava que talvez ele não estivesse tão bêbado assim. Talvez estivesse no perigoso limiar do álcool, onde as pessoas se tornam desinibidas. E isso, ora, era exatamente ISSO que Lygia temia. Pelos menos enquanto estivesse em plena consciência.

Eu ergui minha sobrancelha de forma ofendida. Quem ele achava que estava enganando? No máximo, ele conseguiria um empate.
Olhei o meio copo durante de mim, e refleti um pouco sobre a situação.
Não seria aquilo que iria mudar alguma coisa. Eu me levantei sem dificuldades, mas definitivamente sentido a cabeça leve
- Pois pode então preparar meu troféu. - eu declarei com coragem virando a meia dose de uma só vez, já de pé. A rua girou mais uma vez, o que me fez fazer uma carta feia, enquanto engolia o sake.
Deixei o valor sobre a mesa, acenando a despedida para o senhorzinho que nos serviu. Peguei minha parte das sacolas e respirei fundo.
Só mais um trem, uma floresta e um portal dimensional até o lar-doce-lar.
Por um segundo, desejei ser uma lemuriana e poder teleportar.
Pelo menos, eu poderia parar à noite por tokyo. Não que a cidade ficasse mais tranquila, mas era definitivamente diferente.
- Alguma dúvida sobre minha vitória agora? - eu provoquei, esperando Hank ficar pronto também.

Hank se levantou, apanhando as suas sacolas também e caminhou ao lado de Lygia, já devidamente pronto. Ele sorriu de forma dócil e continuar caminhar um pouco, antes de responder:
- E o que você quer de troféu? Sem dúvida foi uma vitória, por um fio de cabelo, mas foi.
Hank então se virou para ela e disse: - Mas achei que você tinha dito que iríamos nos divertir em Tóquio. Realmente a comida é excelente, mas isso é tudo que você conhece por aqui? Ele fez uma pausa e confessou: - Admito que estou aliviado que o passeio foi comum. Eu achei que você iria me levar para uma noitada e me preocupei ligeiramente. Mas eu devia saber que você não é este tipo de pessoa. - Hank falou de forma tranquila e voltou a contemplar o céu de Tóquio, sorrindo ligeiramente. Ele realmente gostava de estrelas.

Enquanto eu pensava sobre o que seria um bom troféu, Hank continuou a falar, sem sentir o aperto da corda que ele estava enrolando no próprio pescoço.
Eu parei de andar, ficando dois passos para trás. A audácia!!
Medi Hank de cima abaixo e depois de baixo acima. Inclinei a cabeça ligeiramente para o lado, sorrindo de forma quase condescendente.
- Se eu te levasse para uma noitada, teria de explicar ao sunao por que o cavaleiro de bronze estava sendo carregado para a missão. - eu falei num tom de quem enumerava motivos - E o que faríamos com todas essas sacolas? - eu ergui a mão, mostrando o volume e apontando para o que ele carregava também - E depois, eu lhe prometi diversão; não queria lhe torturar. - eu dei de ombros, sincera. Não conseguia imaginar Hank num Club.
Me aproximei o suficiente para que ele pudesse ver o próprio reflexo nos meus olhos, colocando um dedo contra o peito dele
- Se você já foi quase devorado na rua, em plena luz do dia... O que seria de pobre filhote contra as criaturas da noite? - dizendo isso, mordi o ar logo diante dele, batendo os dentes num estalo e empurrei ele para trás com aquele um dedo, abrindo passagem para mim, rindo enquanto voltava a caminhar.
- Chara com certeza não lhe treinou o suficiente para isso - eu disse em meio ao riso - Mas se você estiver mesmo curioso, eu lhe trago quando voltarmos da missão.

Hank fechou o semblante quando ela citou Sunao e também parou de andar. Logo em seguida, ela se aproximou e ele ficou perplexo com o dedo em seu peito. Quando ela mordeu o ar, ele recuou o rosto por reflexo, mas fechou ainda mais o semblante quando foi chamado de filhote. Por fim, Lygia falou de Chara. Hank abaixou a cabeça, ouviu em silêncio os últimos argumentos e a deixou passar. O semblante de Hank estava tenso, carregado, mas ele obediente respondeu:
- Você está certa, Lygia. Eu só relembrei você, pois você parecia empolgada. Mas vamos voltar, já está tarde.
Ele só emparelhou com ela e seguiu em frente em um silêncio estendido e o pior: Um silêncio obediente. Um silêncio de um soldado de patente baixa sob um comando.

Surpresa.
Raiva.
Desgosto.
Mesmo com o cosmo relaxado, eu não consegui não sentir os três sentimentos inusitados que me atravessaram em sequência.
Girei sobre o corpo, procurando possíveis ameaças ao nosso redor, a respiração acelerando por um segundo. Mas só precisei vislumbrar a expressão de Hank, para perceber que a ameaça não era externa.
Ah ótimo. O que eu tinha feito agora? Será que ele havia se irritado de novo por eu ter trazido Chara na conversa? O que eu podia fazer? Eu realmente não gostava daquele cão chato!
E bem ali estava um dos principais motivos por eu não gostar dele; o jeito que Hank ficava as vezes.
Essa atitude nula, de cachorro treinado. O sake misturado ao susto me atingiu com força, e a discussão que minha cabeça antecipava de repente se tornou exaustiva.
Ótimo... Bela maneira de estragar o dia, Lígia... Eu resmunguei para mim mesma entre pensamentos.
Certo eu suspirei, como que dando de ombros. Agora teria que sentir aquele "muro" durante todo o caminho de volta, e eu não havia bebido o suficiente para aquilo.
De repente trem, floresta e portal dimensional se tornaram um trajeto longo demais...
Será que eu conseguiria pegar tudo da mão dele e ir para a casa na floresta?
Mas a chance daquilo o irritar ainda mais era maior que 100%.
Meu salto batendo contra o asfalto ecoava de forma endurdecedora em meus ouvidos, e eu desejei poder correr o mais rápido possível para chegar logo.
Deliberadamente, diminui o tamanho dos meus passos, para que eu ficasse para trás, mesmo que um pouco.

Hank seguiu em silêncio, mantendo uma postura obediente. Quando Lygia reduziu os passos, ele simplesmente prosseguiu, sem dar atenção a manobra dela. Ele passou a mão sobre os olhos, com uma expressão cansada. Ele não queria mais conversar com Lygia.
- Eu não sabia que você era tão focada. Achei que tínhamos um tempo de folga antes da missão. Mas tudo bem, você precisa evocar os dois prateados em toda conversa. Deixe pra lá, vamos ao Santuário de uma vez.

Agora eu havia parado de andar de vez. Eu já havia sido chamada de muita, mas muita coisa na vida. E era a primeira vez que alguém conseguia fazer "focada" soar como uma crítica.
E qual a diferença de quem eu colocava numa conversa? Ele realmente achava que eu estaria preocupada em explicar qualquer coisa para Sunao?
Bom, se eu estava incomodada em chateá-lo antes, eu não tinha essa preocupação mais.
- Sim, tínhamos um tempo de folga. Desculpe por tentar faze-lo ser agradável para você. - eu reclamei com uma pontada de acusação na voz - Agora se eu te irritei, desculpe. Pode entrar na fila com todos os outros que acham o mesmo. - não usar minha habilidade para transferir toda minha frustração para cima de Hank estava sendo realmente difícil. Venci a distância que nos separava em menos passos do que seria esperado para alguém de salto alto, segurando as sacolas que Hank carregava - Não se preocupe que eu não tomo mais de sua paciência. Você disse que conhecia a cidade, então consegue voltar sozinho. Pode deixar que a srta. Focada aqui termina o missão
Dizendo isso, fiz um movimento brusco, na esperança de faze-lo soltar os pacotes.
Eu só queria sair dali.

Hank ouviu as críticas e se virou para revidar a discussão, mas quando ela puxou os pacotes, ele reteve a mão firme e a segurou pelos ombros com a outra mão e então a puxou para olhar para ele:
- Qual é o seu problema, Lygia? VOCÊ prometeu que essa noite seria nossa! VOCÊ disse que não falaria do Chara! E agora EU sou o culpado por aborrecer você! Tudo que eu queria era um tempo com você!
Hank desabafou ainda segurando o ombro dela e a encarando com firmeza. Lygia sentia a vibração. Algo estranho, mas familiar.

Eu quase perdi o equilíbrio com a resistência de Hank, mas cravei o pé firme no chão. Eu podia sentir minha paciência chegando ao limite, e só então eu percebi como aquele dia fora emocionalmente desgastante. Desde quando andar com Hank ficara tão complicado?
Mas foi quando ele me puxou pelos ombros que eu tive que trancar o maxilar para não revidar numa escala desproporcional. E logicamente ele não me fez o favor de se manter em silêncio.
- Foi. Uma. Brin-ca-dei-ra. - eu falei entre dentes. Agora algo vibrava no fundo do meu crânio, com um zumbido que começava a preencher meus ouvidos. Aquela noite poderia ficar pior? - Desculpe por ofender. Não sabia que você era tão sensível. - meu tom não era de desculpas. Eu estava a um passo de procurar confusão. Respirei fundo e puxei as sacolas de novo - Você quer fazer o favor de soltar isso?

- Já chega. - Hank deu outro tranco nas sacolas. Ele resmungou e disse - Eu não sou sensível, não sou bonzinho, e muito menos un filhote! - Hank encarou Lygia firme e disse, completando. - Qual é o seu problema? Está apaixonada pelo Chara? Eu não LIGO a mínima para ele, mas você não o esquece! Eu não vou soltar as sacolas! Se quer ir embora, vá com o que está na sua mão! Sua... Sua... - Ele se calou. E se aproximou dela. - Por que você é tão linda? Por que é tão difícil me aborrecer com você?

Ergui a sobrancelha, ofendida. Certo, se Hank queria confusão, ele havia acabado de conseguir. Abri a boca para dar o ultimato final, ou ele teria que lidar com a Miragem do Santuário, mas som algum saiu da minha boca aberta, pois, lógico, Hank ainda não havia decidido ficar em silêncio.
Fechei a boca lentamente, recuando um passo. Soltei as sacolas que eu tentava arrancar de Hank, recuperando o braço até então estendido para junto do meu corpo. Quando foi?
Em que ocasião ele havia caído numa Miragem? Eu tinha certeza de que nunca usara aquilo contra ele, nem sequer em simulação. Será que os sentidos dele eram tão aguçados a ponto de receber o impacto por apenas estar ao meu lado quando eu usei aquilo? Mas quando foi?!
Respirei fundo uma vez, organizando minha cabeça. Eu não conseguia precisar o evento.
- Você é bom. - eu havia retirado o diminutivo de forma consciente - E é por isso que nunca se aborrece com ninguém. Não tem nada a ver com minha aparência. - eu recuei mais um passo, o salto estalando muito mais alto do que eu gostaria - Minha fachada é o que eu ponho para todos verem, é minha vantagem. Mas ela é só uma miragem, como todo o resto.
Tão, TÃO, cansada. Eu só queria ir para qualquer lugar, menos ali.
- Por mim ótimo. Faça como quiser. Deixe isso na minha casa; você consegue entrar sozinho. Keeva está lá de qualquer maneira
Dei mais dois passos para trás, mantendo Hank em meu campo de visão, até achar que estava a uma distância segura para dar as costas e começar a andar em qualquer outra direção que não fosse a mesma que ele.

Ele suspira cansado e solta as sacolas e então, escuta ela falar. Ele se irrita então mas não briga. Ele simplesmente puxa Lygia de volta e diz:
- Eu não estou falando da sua aparência. Sua gata assustada, eu gosto de você por causa do seu nariz franzido, sua franja sempre desalinhada e seus olhos de cor comum. Eu gosto de você como pessoa. Não tem nada a ver com sua aparência. Eu já gostava de você antes de você ter formas. Eu gostava de você antes de aprender a se maquiar. Eu gostava de você mesmo quando você não gostava. - Ele suspira e vira ela para ele. - Entenda, eu gosto de você.
Ele suspira novamente e solta o braço dela, avançando na direção oposta.

Como era mesma o som?
Algo como uma bolha que rompe a calma superfície de um lago. Nada muito chamativo, mas suficiente para te fazer olhar na direção do que você poderia ter certeza que era uma superfície lisa e sem surpresas.
Foi esse som que ecoou em meus ouvidos, e esse som foi o que rompeu a tênue tensão superficial do meu lago que estava sendo represado com tanto custo.
Ótimo.
Eu não me mexi, eu não fiz som algum. Eu apenas inspirei em choque, completamente pega de surpresa - algo imperdoável para uma espiã. E essa surpresa foi suficiente para lançar uma onda explosiva que varreu meu entorno num raio de 10 abençoadamente vazios metros. Vazios a não ser por Hank.
Meu cosmos liberado como uma Tsunami não era destrutivo, nem sequer tinha propriedades físicas. Mas a onda de medo, culpa, dúvida, incredulidade, choque, negação e toda sorte de sentimentos "agradáveis" atingiriam Hank com força suficiente para faze-lo cair no chão.

- Aaaaaaaaaaagh!
Hank foi lançado no chão pego de surpresa pelo ataque. Ele tentou ficar em pé, mas sentia toda a potência do turbilhão de emoções de Lygia. Ele se levantou com dificuldade, olhando para ela. As sacolas voaram, mas caíram próximas a ele com um baque leve. Ele então se ergueu, ainda trêmulo e olhou para ela estupefato. Sem reação, mas assustado.

Eu cobri minha boca com a mão livre, assustada. "Puxei" aquela onda de volta para mim, trancando-a o mais fundo que podia dentro da minha mente.
- desculpe
Eu murmurei, sem saber se ele poderia ouvir. As sacolas estavam no chão e Hank chocado o suficiente. Confesso que fazia algum tempo que eu havia parado de pensar.
Corri o mais rápido que podia.
Peguei as coisas no chão rapidamente, repetindo naquele tom de voz baixo
- Desculpe, desculpe, desculpe...
E corri dali. Eu só precisava chegar em casa. Não importava se eu ia correr até Rodorio.
Eu precisava chegar em casa.

- Lygia...
Hank tentou detê-la, mas foi tarde. Ela recolheu as sacolas e saiu correndo. Ele ficou ali, para trás, enquanto ela se afastava rapidamente.

Não sei bem como cheguei até ali, mas a próxima coisa que eu me vi fazendo foi abrindo a porta da minha casa, já em Rodório.
Senti uma pressão na lateral de minha perna, e encontrei a descomunal cabeça de Keeva me empurrando de leve, como se perguntasse algo. Talvez onde estava o companheiro?
- As coisas desandaram um pouco, amigo... - o que era, no mínimo, um eufemismo para o que havia acontecido - Pode esperar aqui, se quiser
Eu deixei a porta entre-aberta. Assim o lobo poderia entrar e sair quando quisesse.
Pacientemente, agrupei todos os disfarces, para agilizar a distribuição no dia seguinte.
Isso feito, eu só precisava terminar de me acalmar.
Minha casa era compacta e prática, mas isso não se aplicava ao banheiro.
Uma banheira grande o suficiente para me submergir por completo dominava o cômodo.
Abri a água fria em vazão máxima, e só o som da corrente e o frescor que enchiam o banheiro já começavam a fazer sua mágica. Me livrei de minhas roupas, sentindo pela primeira vez em muito tempo meus pés cansados de andar de salto alto.
Mal toquei a água com o ponta dos pés e pude sentir todo meu corpo arrepiar de frio.
Aquilo era bom.
Submergi lentamente, sentindo pontadas na pele e a respiração dificultada pelo frio.
Uma vez com apenas a cabeça de fora, me concentrei em parar de tremer.
Fechei os olhos e me concentrei em respirar. Aquilo iria acalmar a explosão de mais cedo.

Quando Lygia sentia-se relaxando, subitamente ela sentiu uma coisa quente e úmida em seu rosto. Era Keeva, que preocupado, invadira o banheiro e dava uma lambida leve no rosto da moça.

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