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Criar, sonhar, jogar .É mais que lógico é chocológico!


[Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! Empty[Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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[Local – Santuário de Athena – Pista para o Portão Leste]
 
[Data e Hora – 9 de Janeiro de 2070, 15:58h]
 
Lygia estava furiosa. Sunao e Mikall tinham sido destacados para uma “missão antes da missão” e tinham conseguido escapar da tarefa de comprar roupas com ela e para ela. Os dois tinham rapidamente seguido seus rumos, de modo que somente Hank sobrou ao seu lado.
Então, parece que o dia iria melhorar:
 
– Providencie roupas civis para o grupo no sentido de que os mesmos passem despercebidos na missão.
 
Todos os demais tinham sido chamados para missões prévias antes da partida, com o combinado que deveriam se encontrar no portal norte para partir no dia seguinte. Mas ela estava sozinha, e com um cavaleiro de bronze à sua disposição. Talvez ela pudesse ter sua sonhada maratona de compras e de quebra, pudesse levar o lupino com ela. Assim sendo, ela se encontrava já na pista, pronta para teleportar para uma das cidades mais badaladas que já havia visitado: Tóquio, no Japão.
 
Hank conferiu sua tag, farejou novamente o pedaço de Oricalco e ficou ali ao lado dela enquanto ela conferia sua tarefa. Ao notar o sorriso que fatalmente se formara nos lábios de Lygia, ele perguntou:
 
– O que houve Lygia? Pensou em alguma coisa?
 

Ele a olhava curiosamente, sem entender o que se passava na mente dela. Aliás, o que seria mesmo?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Era muito bom que Sunao não pensasse que aquilo iria livra-lo de me levar para as compras. Afinal, aquelas roupas seriam de propriedade do Santuário. Ou pelo menos, esse seria meu argumento. Nunca havia estado em Nova York. Ao menos, não para olhar vitrines. Diziam que lá haviam coisas fantásticas também.


Youta escreveu:
– O que houve Lygia? Pensou em alguma coisa?


Hank me trouxe de volta à realidade. Sim, eu havia pensado em algo, desde o momento que Bunny havia aberto sua boca grande na fonte. Agora, eu só precisava saber como faria para colocar meu plano em ação.

Eu tinha uma ideia e quem poderia me ajudar. Podia muito bem aproveitar que já estávamos com aparência oficial e armadurados e resolver isso logo. Olhei para cima, em direção às doze casas e suspirei. Peixes precisava mesmo ser a última? Será que havia um interfone ou algo assim?

Na verdade, olhando bem para Áries e seu portão descomunal, eu começava a me perguntar a praticidade de subir aquilo tudo.

- Sim, eu pensei em alguma coisa. Espero que tenha algo mais confortável do que essa armadura para usar, pois hoje vamos andar bastante. - eu admiti para Hank, medindo-o de cima a baixo e sorri de forma enigmática - E você pode ter que carregar algum peso. Nada que um rapaz forte e jovem como você não dê conta. - eu ri, me virando em direção à casa de Áries. - Mas antes, precisamos falar com alguém. - para que aquele plano funcionasse bem, eu precisava de antecipação - O que acha de conhecer seu segundo cavaleiro de ouro do dia? - eu ri, começando a andar.

Mas ainda me perguntava o que faria ao chegar lá. Será que Leila poderia chamar Elisa? Eles tinham esse tipo de comunicação? Não acredito que nós simplesmente iríamos subir as doze casas do zodíaco assim, na maior, só por que eu convenientemente precisava falar com a última amazona lá em cima.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyO Canto da Sereia

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O Cavaleiro de lobo ouviu a resposta da moça e notou seu olhar para as Doze Casas, o que o fez seguir o olhar e depois, volver a cabeça de volta à Lygia. Ao ouvir a afirmação sobre o peso, apenas deu de ombros, mas quando Lygia continuou o raciocínio, Hank então quebrou seu silêncio.
 
– Segundo Cavaleiro de Ouro? Lygia, o que você realmente está planejando?
 
Ao mesmo tempo em que Hank fizera aquela pergunta, Keeva seguia curioso a amazona de Pavão, passando seu corpo felpudo pela lateral do corpo dela, como que se quisesse fazer notar pela moça. Ele abanava a cauda lentamente, mas mantinha sua língua para fora, tal qual um cachorro transpirando em uma expressão inocente, quase desproporcional para um lupino daquele tamanho.
 
Lygia então notou algo vindo das proximidades. Uma voz delicada e bonita, cantando uma melodia sem palavras. Alguém de bela voz cantarolava uma canção ali, nas proximidades.
 
Hank também notou, e volveu sua cabeça para olhar a voz e sua origem, juntamente com a amazona. Ela sentiu uma sensação de tranqüilidade ouvindo aquela voz e ali, mesmo naquela pista deserta, com poucos soldados, ela se sentiu cercada de vida plena e bela.
 
Talvez fosse obra de Athena, que a tinha enviado a este ponto justamente para que ela experimentasse isto. Talvez fosse o tal de destino, caprichosamente se desdobrando para cumprir algum de seus desígnios. Ou talvez fosse apenas uma imensa coincidência.
 
Não importava o que era. O que importava é que a dona da voz se aproximava. E ela era linda.
 
Longos e ondulados cabelos louros, cascateando pelo seu rosto e ombros, indo terminar nas suas costas com um brilho pendendo ao lilás, que entremeava o cabelo com mechas desta mesma cor. Os mesmos formavam ocasionais cachos e entremeavam-se, mechas douradas e lilases, dando um aspecto furta cor ao cabelo. Olhos claros, de uma coloração difícil de definir, que oscilava entre o verde e o azul, algumas vezes ficando entre estas cores. Um rosto é arredondado e delicado, com lábios finos, mas cheios de cor, naturalmente avermelhados, pele branca e de aspecto delicado e macio, deixando seus observadores com vontade de tocá-la. Um porte físico suave e arredondado, um corpo esguio e alongado, mas com as formas arredondadas. Com 1,72 de altura e preenchida com o peso que parecia ser o ideal para suas formas, ela chamou a atenção dos dois mesmo apenas caminhando casualmente e cantarolando. Ela trajava uma túnica de cor branca, calçava um par de sandálias leves e usava uma tiara simples de couro curtido. 
 
A moça viu os dois e os cumprimentou com a cabeça. Elisa, a florista e jardineira do Santuário, que agora Lygia sabia ser a Amazona de Peixes, voltava de algum caminho, indo pela pista no sentido oposto ao do portal, cantarolando levemente. Ela iria passar por eles normalmente, e já estava quase fazendo isto. Como Lygia não sentia seu cosmo? Como não era possível percebê-la à distância, como os demais Cavaleiros Dourados? O que aquela moça doce tinha a ver com o cometa de energia que ela observara momentos antes naquele dia? Lygia não sabia responder. 
 
Hank não reagiu, apenas ficou observando a moça, tentando entender a canção e a cena. Muito provavelmente, por ser um cavaleiro de bronze, Hank não devia ter conseguido vislumbrar os detalhes dos rostos dos cavaleiros dourados na reunião por estar nas fileiras de trás ou talvez a imagem não dissesse muita coisa a ele. 
 

O fato é que Elisa iria se deslocar logo para a torre principal, talvez para subir ao Santuário. A menos que Lygia pudesse trocar algumas palavrinhas com ela.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Eli passava por mim, e eu ficava em choque. Era a mesma paz de sempre. Onde estava aquela pressão absurda que Leila emitia ao simplesmente andar? Por que ela emanava tanta vida e paz? Sem contar que ela mais parecia uma criatura mítica do que uma amazona!

Ok, amazonas eram criaturas míticas, mas enfim, no momento em pensava em dríades, nereidas ou fadas. Qualquer coisa bela, delicada e de outro mundo.

E conforme meus devaneios se encaixavam um no outro, Elisa acenou com a cabeça para nós e começou a pegar o rumo pra a escadaria das doze casas, e fora do meu alcance.

Droga!

- ELI! – eu chamei um pouco mais alto do que deveria, e talvez com um pouco mais de intimidade do que seria esperado, mas simplesmente saí em passos acelerados e acenando para a donzela, com a cauda de Pavão ondulando atrás de mim - Eli, teria um minuto?!

Eu chamei novamente, parando apenas quando estivesse em seu alcance, e quando ela parasse também.

Me deixei observar aquela figura por mais um minuto, imaginando-a lutando contra um exército inteiro, e aquilo era muito estranho. Por algum motivo, me lembrei de Jun, e abanei a cabeça. Talvez o mundo fosse cheio de piadas sem graça.
- Hei, a quanto tempo! – eu a cumprimentei, parando de encará-la como uma esquisita - Desculpe te interromper assim, imagino que tenha várias coisas para fazer depois daquela reunião toda. Mas... eu nunca ia imaginar que você... bem... você me pegou de surpresa. – aquilo podia soar ofensivo, então, cortei ao assunto de que eu não podia imagina-la sendo a ardilosa mestra das armadilhas do santuário, quando haviam pessoas como Milenna ali -Enfim, este é Hank. Um bom amigo nas fileiras de bronze, e a srta. Leila nos confiou uma missão. Mas eu gostaria de saber se eu poderia te pedir uma coisinha...

Caso a recepção dela fosse receptiva, eu lhe explicaria meu plano por alto. Utilizar o comércio de artes como uma fachada para contrabando de materiais raros e preciosos. Duvidava muito que ela não soubesse do que estava se passando com o oricalco.

Mas para que aquilo funcionasse, eu precisaria de barulho. Do tipo midiático. E precisava, obviamente, de uma exposição. Expliquei sobre a fama de Bunny, o cavaleiro de lebre, que aparentemente era um grafiteiro célebre.

Mas eu precisava de ajuda para garantir a visibilidade para atrair o tipo de público necessário. E aquilo deveria ser sutil. Principalmente com a cereja do bolo.

- Se possível, eu gostaria de usar isso. – mostrei para ela a pepita de oricalco que Leila nos dera - Precisava que um ferreiro esculpisse um pingente. Uma cabeça de coelho. Sim, eu sei que é de mal gosto. Mas se Bunny aparecer em alguma das fotos promocionais com isso no pescoço, acredito que vamos ter a público que desejamos. Você conheceria alguém capaz de fazer isso? – mordi o lábio inferior. Será que eu estava pedindo muito?

Bom, encontrar uma pessoa em Nova Iorque era como achar uma agulha num palheiro. E aquela agulha específica ainda estava se escondendo. A gente precisava de um ímã bem grande para puxá-la de lá.

Pois eu não queria partir para o plano B; que era pôr fogo no palheiro.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyChuck Webster

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*Aparentemente, o grito de Lygia teve o efeito desejado, pois ele deteve a caminhada da amazona que ela almejava chamar a atenção e mais, afinal todos os poucos transeuntes que estavam por ali notaram a chamada e se voltaram com um pouco de susto em direção ao chamado.

O cavaleiro de lobo e sua companhia simplesmente se voltaram para a moça estonteante que ali estava e ficaram a encarando estupefatos. Tanto o cavaleiro quando seu companheiro animal estavam mesmerizados com a moça que agora parara e se voltara para trás em busca do chamado.

Elisa sorriu encantadoramente ao ver Lygia vindo em sua direção e acenou de forma doce para ela, recebendo-a com um abraço macio e caloroso, e dando na bochecha da garota um beijo doce e aromático, com cheiro de rosas e hortelã. E então, respondeu:*

- Claro que sim, tenho tempo sim! Não incomoda nada!
*Elisa se voltou para Lygia e então os guiou até a parte central da pista, onde se sentaram confortavelmente nos degraus da estrutura. então Elisa novamente respondeu:*

- Você tem razão, Lygia! Uma eternidade!

*Então, ao ouvir a confissão de surpresa sobre a descoberta e logo em seguida, a moça cortando o assunto, Elisa deu um sorriso tranquilo e tocou a cabeça de Lygia com o mesmo carinho que cuidava dos crisântemos do Santuário, fazendo um afago carinhoso e gentil.*

- Por favor, não mude seu tratamento comigo. Eu escondo o que sou justamente por que tenho medo de perder meus amigos aqui no Santuário. As pessoas que descobrem quem eu de fato sou passam a me tratar com medo ou se afastam.  Somos todos cavaleiros, todos defendemos Athena. As armaduras que nos revestem servem para controle da Deusa, e para potencializar nossas habilidades. Somos todos irmãos de armas, não precisamos nos tratar como inferiores ou superiores. Peço que me trate como antes, não importando minha posição no Santuário, tudo bem?

*Ela sorriu seu sorriso simples e maravilhoso novamente e então, se prestou a ouvir o plano e os pedidos de Lygia. Ela coçou a nuca, concentrada e olhou o pedaço de Oricalco, estendendo a mão, pedindo para segurá-lo. Quando atendida, Elisa analisa a pepita e finalmente, depois de alguma reflexão, ela responde:*

- Se você puder deixar essa pepita comigo, eu conheço alguém capaz de esculpí-la no formato que deseja e em pouco tempo. Quanto ao barulho midiático, creio que conheça uma pessoa que pode ajudar. Charles Tabey Júnior, ou Chuck Webster é um fotógrafo muito conhecido em Nova York e colunista de moda. Ele me deve alguns favores e além do mais, não negaria poder criar uma exposição inteira. Eu posso contactá-lo, ele está em Tóquio no momento, mas voaria para Nova York se nós pedíssemos. Quer ter com ele você mesma?
*Lygia percebera que Elisa realmente era muito mais do que só a jardineira do Santuário, mas agora ela via um eco do que seria seu lado sério. Ainda sim, não era hora de devanear. Elisa fizera uma proposta, e ela poderia ver o que desejaria fazer com ela: Lygia poderia confiar na amazona de peixes e deixar que ela resolvesse tudo ou interferir ela mesma, conhecendo o fotógrafo e ela mesma colocando suas regras. A escolha agora era da amazona de pavão.*

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Ah~~~

Eli tinha uma aura de paz tão boa! Tive vontade de ficar ali abraçada com ela por mais uma eternidade, mas meio que tínhamos uma plateia. E eu tinha uma missão, então, a soltei no tempo apropriado. Mas... Como pode um ser humano exalar perfume de rosas?! Me recusava a acreditar que aquilo era apenas um perfume ou algo assim. Era bom demais para ter sido feito pelo homem.

Mas quando eu me perdia em minhas balbuciações, vi que ela tinha me interpretado mal. Ou talvez, fosse culpa do meu jeito mesmo.


Youta escreveu:
- Por favor, não mude seu tratamento comigo. Eu escondo o que sou justamente por que tenho medo de perder meus amigos aqui no Santuário. As pessoas que descobrem quem eu de fato sou passam a me tratar com medo ou se afastam.  Somos todos cavaleiros, todos defendemos Athena. As armaduras que nos revestem servem para controle da Deusa, e para potencializar nossas habilidades. Somos todos irmãos de armas, não precisamos nos tratar como inferiores ou superiores. Peço que me trate como antes, não importando minha posição no Santuário, tudo bem?



Balancei a cabeça, negando com força. Não queira preocupá-la.

- De forma nenhuma que alguma coisa vai mudar! Não se preocupe. Você só me pegou desprevenida mesmo. - eu olhei novamente para ela, e a vontade de sorrir era incontrolável - Na verdade, a única coisa que mudou é que agora eu lhe acho mais incrível ainda.

Sim, eu era uma fangirl. Que me processassem. Mas eu tinha realmente coisas importantes para resolver, por isso, passei a falar de negócios.


Youta escreveu:
- Se você puder deixar essa pepita comigo, eu conheço alguém capaz de esculpí-la no formato que deseja e em pouco tempo. Quanto ao barulho midiático, creio que conheça uma pessoa que pode ajudar. Charles Tabey Júnior, ou Chuck Webster é um fotógrafo muito conhecido em Nova York e colunista de moda. Ele me deve alguns favores e além do mais, não negaria poder criar uma exposição inteira. Eu posso contactá-lo, ele está em Tóquio no momento, mas voaria para Nova York se nós pedíssemos. Quer ter com ele você mesma?



- Isso seria ótimo! - eu entreguei a pepita para ela. O diabo realmente morava nos detalhes. Bunny com aquilo no pescoço seria o mesmo que atrair moscas com mel! E por Athena! Ela era realmente o pacote completo! Um colunista de moda seria perfeito! Desfiles eram o segundo melhor lugar para encontrar contrabandistas. Várias modelos estonteantes ao lado significava várias fontes de distração, e os criminosos não chamavam atenção - Talvez seja mais fácil dividir para conquistar... - eu confabulava, franzindo a testa em cálculos. Sim... daria tempo - Se você puder arranjar esse pingente cafona, já estará perfeito! Poderia só avisar ao Mister Webster que iremos visitá-lo? Direi que a senhorita tem grande interesse na execução dessa exposição. -parei por um segundo, um pouco em dúvida - Anh... ele seria um amigo seu, ou do Santuário, Eli?

Não era difícil imaginar Elisa conhecendo um fotógrafo e colunista de moda. Por deus, a mulher poderia passar por modelo em QUALQUER canto do planeta. Precisava saber que tipo de abordagem eu poderia usar.

Afinal de contas... "Athena precisa dos seus serviços" não é exatamente uma frase que se diz todo dia por aí...

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyLeve essa rosa como um recado meu...

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*Elisa sorriu novamente seu sorriso maravilhoso ao ver a menina tão empolgada com o seu auxílio. A amazona de peixes se ergueu e então caminhou em torno de Lygia, terminando de falar com ela e dizendo:*

- Ele é meu amigo pessoal e já ajudou em uma missão ou duas para o Santuário. Mas para o caso dele evitar atendê-los...


*Elisa então parou seu giro e se agachou diante de Lygia que ainda permanecia sentada nos degraus e disse com uma voz musical enquanto unia seus dedos indicador e polegar em um movimento de pinça, com a palma da mão voltada para cima e diante dos olhos da amazona de Pavão, partículas rubras e douradas começaram e a vir do ar e a tocar a palma da mão e os dedos de Elisa e então, um caule começou a brotar de seus dedos. Logo depois, um botão vermelho apareceu e começou a desabrochar em uma linda rosa vermelha em plena floração, que parecia saída de um sonho por estar totalmente translúcida. Então, ela se materializou e ganhou cores e formas reais e se tornou uma rosa viva nas mãos da amazona pisciana. Ela sorriu mais uma vez e a entregou nas mãos de Lygia. A rosa não tinha espinhos e era perfumada com uma fragrância deliciosa e parecia fresca, como que recém regada. Elisa então concluiu:*


- Leve essa rosa a ele e diga que eu os mandei. Ele com certeza se lembrará disto. Agora eu devo ir, Lygia... Me avise quando voltar, é só falar na sua tag que está de volta ao Santuário e eu a ouvirei. Até breve!

Ela então começou a se afastar e estalou os dedos. 

Quase que instantaneamente, Hank e Keeva sacudiram a cabeça ao mesmo tempo, como se estivessem despertando de um transe. Hank olhou estupidificado para Lygia e Keeva bocejou, no que o índio perguntou:*


- Lygia... O que aconteceu?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Elisa escreveu:
- Leve essa rosa a ele e diga que eu os mandei. Ele com certeza se lembrará disto. Agora eu devo ir, Lygia... Me avise quando voltar, é só falar na sua tag que está de volta ao Santuário e eu a ouvirei. Até breve!


- Avisarei sim, muito obrigada!! Estamos indo para Tokyo agora mesmo! - eu bati continência por um segundo, mas a postura militar era arruinada pela sorriso infantil. Elisa era realmente a melhor.

Ela então começou a se afastar e estalou os dedos.

Acenei enquanto ela se afastava e minha visão periférica captou um movimento ligeiramente brusco ao meu lado, e esse era Hank balançando a cabeça.

Quase que instantaneamente, Hank e Keeva sacudiram a cabeça ao mesmo tempo, como se estivessem despertando de um transe. Hank olhou estupidificado para Lygia e Keeva bocejou, no que o índio perguntou:*

Hank escreveu:
- Lygia... O que aconteceu?


Em minha cabeça, eu já começava a listar nossas atividades; eu jamais iria ver um editor de moda nas roupas amassadas que eu havia usado ontem. Precisava passar em casa para me trocar de forma apropriada, e também descobrir o que diabos Hank estava usando embaixo daquela armadura. Será que Keeva ficaria bem na companhia de Kokoa?

De forma que a pergunta de Hank soou quase estranha. Elisa tinha acabado de nós dar uma solução numa bandeja. E ele queria saber o que havia acontecido? Girei os olhos, colocando a flor que ela me dera na lateral de minha cabeça, presa com a tiara de minha armadura, e o caule da jóia se alojou ali confortável e firmemente, como num passo de mágica.


- Isso é pratico... - eu falei com o flor, mas já começava a andar na direção oposta à de Elisa - Como assim “o que aconteceu?” Você acabou de perde a oportunidade de conhece melhor o integrante mais LEGAL de todos os dourados. - eu girei os olhos, mas ria - É muito irônico eu perguntar para o cavaleiro de lobo se o gato comeu a língua dele? - eu cocei atrás da orelha de Keeva e dei dois tapinhas na lateral de minha coxa, fazendo o metal ressoar contra minha pele exposta, chamando-o para que me seguisse - Sério... onde você estava com a cabeça?

Eu perguntei intrigada. Hank não era conhecido por ficar viajando. Ainda mais na frente de um superior. Afinal de contas, ele era um caçador. Sempre atentos era meio que uma marca registrado deles. Uma irritante marca registrada.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyO Lobo e a Rosa

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Hank parecia confuso. Ele olhava para a menina com um misto de surpresa e apreensão, ao mesmo tempo em que Keeva fazia um som de expulsar o ar do nariz, quase como se estivesse espirrando.
Tentando ordenar os pensamentos enquanto seguia a amazona, Hank respondeu a pergunta dela, descrevendo de forma clara a sua versão do encontro que haviam acabado de ter:
 
– Logo depois de você dizer que iríamos conhecer nosso segundo cavaleiro de ouro, eu ouvi uma moça cantando vindo em nossa direção e ela era muito bonita. Então, a voz dela chegou mais perto e eu ouvi a mais bela canção que já tinha ouvido na minha vida.
 
Neste ponto, Hank interrompeu a narrativa, gesticulando com a mão direita em círculos, como se buscasse palavras. Então, ele balançou a cabeça e desistiu, continuando a contar o que experienciara:
 
– Eu não consigo descrever a beleza da música que ouvi, mas era harmoniosa e límpida, apesar de não ter palavras. E mesmo sem palavras, parecia me contar a mais bela e reconfortante das histórias. E então, eu senti o cheiro dela. Quando ela chegou mais perto, o aroma dela me atingiu. Perfumado e doce como um milhão de rosas, confortável como mil abraços de mãe, envolvente como... Como...
 
O lupino de bronze olhou para Lygia, ficando vermelho e prosseguiu a descrição, sem dizer o quão envolvente era o perfume de Elisa.
 
– E eu fiquei ali, sentindo o perfume e ouvindo a música, até que ouvi um som seco no ar, de algo se quebrando. E foi quando percebi que você e ela tinham se despedido. Foi isso o que aconteceu, para mim, mas eu sei que vocês conversaram e que algum tempo se passou. Por isto perguntei a você o que tinha acontecido.
 
Subitamente, Lygia entendeu. Em suas andanças pelo Santuário e durante o treinamento com as outras amazonas ela ouvira falar das habilidades sutis da amazona de Peixes. Ela ouvira falar que a amazona possuía duas técnicas poderosas e uma delas era sua voz. Uma voz incrivelmente melodiosa e encantadora, um canto muito agradável como a canção de um rouxinol acompanhada do doce som de uma flauta.
 
Porém, a voz da amazona guardava um perigo àqueles que a ouvissem: A amazona podia distrair qualquer pessoa que a ouvisse e a fazer perder a noção por completo. Além disto, a Pisciana tinha uma letal fragrância        que tinha um aroma perfeito e sensibilizava até o mais duro dos corações, ao que diziam. Era uma fragrância deliciosa e mortal, que podia hipnotizar e adormecer, além de matar a longo prazo. Hank, com seus sentidos aguçados, provavelmente fora pego em cheio pelos resquícios de cosmo da amazona e recebera suas duas técnicas sem chance de se defesa.
 
Simplesmente por sentir o cheiro e por ouvir a voz da mulher.
 
Isso era incrível, agora que a amazona de Pavão tinha percebido. Mas Hank ainda olhava para ela, sem entender e esperando uma explicação do que realmente tinha acontecido. Restava a Lygia dá-la ou não.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Conforme Hank avançava em suas explicações, mais força eu tinha de fazer para não ceder à tentação de erguer uma das sobrancelhas em suspeita da veracidade da história.

O único crédito que eu dava era o fato de ser Hank me contando a história. Ele era a epítome do "bom menino". O que deixava a história dele ser o cavaleiro de lobo toda muito irônica e tal.

Agora ele gesticulava, perdido em seu vocabulário, e minha vontade era de rir. Hank era tão sincero em transparecer suas emoções que a frustração da abanada de cabeça que ele dera, além de visível, me envolvia como gás hilariante, mas eu resisti bravamente.

Hank se deixou levar agora pela emoção, derramando uma sequencia de frases, como que em modo automático, mas sua consciência voltou em algum ponto, me fazendo sentir um solavanco como o de um freio brusco. Eu não sabia que uma pele parda como a dele podia corar naquela intensidade. Sério, eu podia ver o calor da vergonha emanando do corpo dele como uma onda avermelhada. Eu acho que poderia matar para descobrir o que o havia deixado tão envergonhado. Bom, ele precisaria me acompanhar o dia inteiro, então, eu teria bastante tempo para emboscá-lo.

Ele cortou sua explicação, resumindo bastante a história. e seu esforço para conter seu embaraço parecia como tentar abafar um incêndio com um cobertor pesado. A sensação de abafamento sufocante coçou ao fundo de minha garganta e subitamente senti vontade de jogar gasolina em cima daquele cobertor.


- Envolvente como o que? - eu perguntei me inclinando contra ele, aproximando-me de Hank até poder ver o reflexo da flor que Elisa me dera nos olhos escuros dele.

Eu não usaria meu cosmo. Não contra Hank. Ele era adorável demais para aquilo. Mas isso não significava que eu não me divertiria com um pouco de provocação sadia.

Enquanto o encarava, lembrava dos boatos que ouvira sobre a 12ª amazona. Ri um pouco ao me afastar de Hank até uma distância socialmente aceitável. Fazia sentido para mim; Elisa estava muito mais para uma sereia do que para um peixe. Me perguntava se era alguma habilidade involuntária dela ou se era algo como a minha. Eu não senti nenhuma ondulação de cosmo da parte dela. Teria sido aquilo apenas um eco do gasto cósmico dela durante a reunião? Mas por que eu não havia sido afetada? Será que nossas habilidades se anulavam? Talvez aquilo era me superestimar demais... ela era uma dourada afinal de contas. Será que apenas homens eram afetados pela "sereia"? Ou teria sido o efeito colateral dos sentidos aguçados de Hank e Keeva?


- Então quer dizer que o senhor está sendo encantado pela Eli? - eu reprovei, estreitando os olhos em suspeita- Devo ficar com ciúmes?

Abanei a cabeça, em desistência, voltando a andar rumo à minha casa, parando para dar duas coçadas atrás da orelha de Keeva.

- Mas acho que é inevitável; Eli é incrível afinal de contas. Posso aceitar dividi-la um pouco, por que você é legal e tudo o mais. Mas vamos deixar bem claro aqui que eu sou a única que tem autorização de abraça-la.- eu estabelaci limites muito claros e dito isso, voltei minha atenção para Keeva- E você, nada de pular em cima dela; Elisa é uma dama. É bom se comportar ou vai ficar trancada na casinha.

Terminando minha ameaça, voltei a andar. Realmente precisava acelerar aquela partida. Comprar roupas para todos e ainda conseguir o apoio daquele tal Mr. Webster tomaria mais tempo do que eu planejava. E ainda havia o fato que eu não sabia o que Hank estaria usando por baixo daquela armadura. Talvez eu tivesse algo em casa que o servisse... Ou teria mais tempo perdido.

Graça a Athena, Tokyo vivia 24 horas.


- Elisa nos deu uma grande vantagem com um contato dela. Precisamos ir à Tokyo para isso. Mas antes preciso passar em casa. No caminho eu lhe explico tudo melhor. Espero que esteja usando algo aceitável embaixo desse bronze. - o meu tom duvidoso deixava claro que eu não acreditava naquela possibilidade. Mas bom.... Hank tinha uma aparência boa o suficiente para que eu conseguisse fazer praticamente qualquer coisa que ele tivesse resolvido usar funcionar.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptySe a Rosa não chamasse Rosa, seria ela menos Perfumada?

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A conversa ocorria enquanto ambos caminhavam em direção ao portal. Hank ainda parecia incerto dos ocorridos, mas Lygia parecia disposta a se divertir um pouco mais, ou qualquer coisa que o valesse e estivesse passando pela cabeça criativa e audaciosa da moça.
 
O lupino de bronze ainda parecia confuso, mas começava a entender que não deveria ser nada grave, visto que a expressão de Lygia estava divertida. Ele engoliu sua timidez, esperando a explicação da amazona, mas ao ser pressionado por ela, perguntando quanto à envolvência do aroma e se aproximando, Hank ficou ainda mais envergonhado com a inquisição de Lygia. Ele suspirou, tentando recuar um passo e coçou a nuca. Keeva replicou o movimento, coçando a orelha com a pata traseira, praticamente ao mesmo tempo.
 
– Envolvente como você, Lygia. Admitiu ele, ainda muito sem graça, como se pisasse em um território que não conhecesse muito bem, mas soubesse o bastante dele para dizer o que pensava a respeito. E ele repetiu, enfatizando: –Envolvente como você. Ela tinha um perfume envolvente que me lembrava seu cheiro...
 
Hank sabia que era mal educado comentar sobre o odor pessoal de cada um, mas aquilo estava ainda além disto. Ele elogiara o cheiro dela, não seu perfume, e sim o odor natural de seu corpo e Lygia com certeza percebera isto. O lobo pigarreou e deu graças aos céus quando ela aliviou a tensão e respeitou a distância, se afastando. Ela brincou, comentando algo sobre ele ser encantado pela amazona de Peixes e Hank refletiu a respeito. Não, não se afeiçoara à ela instantaneamente para poder pensar em encantamento metafórico. Parecia algo mais místico, como...
 
Como o canto de uma sereia.
 
A interjeição dela sobre ciúmes quase escapou aos ouvidos atentos de Hank, mas não fugiu. Ele moveu a cabeça para Lygia e suspirou, exalando o ar pelo nariz. Parecia um pouco mais seguro agora que ela estava mais brincalhona. Por um momento, ficara realmente preocupado de ter sido vítima de uma armadilha, no próprio Santuário. Ele então a traquilizou, dizendo com uma voz tranqüila a ela:
 
– Não precisa ter ciúmes. Confio muito mais em você que em qualquer pessoa, só fui pego de surpresa, Lygia.
 
O lupino sorriu com as afirmações sobre Elisa e sobre os limites impostos por Lygia, apreciando o jeito ao mesmo tempo infantil, delicado e sedutor dela nas palavras. Keeva ganiu com a bronca, mas pareceu entender o recado, lambendo a mão de Lygia em acordo. Então Hank se focou nos detalhes práticos da missão quando ela os passou, prestando atenção de forma concentrada. E então, ele concluiu:
 
–Certo, vamos até sua casa então, para você se trocar. Eu acho que estou usando roupas comuns por baixo da armadura, mas se precisar de algo mais refinado, posso providenciar.
 
Hank olhou para ela, como se aguardasse instruções. Era impressionante como a postura dele mudava quando o assunto era trabalho. Lygia achava impressionante.
 
Mas também odiava.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Por um ligeiro momento, tive medo de Hank explodir ou algo assim Ele atingira escalas de vermelho que eu não imaginava serem possíveis para o tom de pele dele. Definitivamente, aquele cara precisava sair mais, conhecer umas pessoas, talvez até tomar alguma coisa. Será que ele ligaria para esses detalhes de idade legal para beber?

Youta escreveu:
– Envolvente como você, Lygia. Admitiu ele, ainda muito sem graça, como se pisasse em um território que não conhecesse muito bem, mas soubesse o bastante dele para dizer o que pensava a respeito. E ele repetiu, enfatizando: –Envolvente como você. Ela tinha um perfume envolvente que me lembrava seu cheiro...


E logo no dia que eu não tinha passado perfume pela manhã...

Instintivamente, cheirei meu ombro, mas não, definitivamente, nenhum cheiro de rosas ali. Talvez um pouco de brisa de rio, se alguém tivesse imaginação suficiente?... Mas definitivamente, nada de espetacular. Acho que Hank precisava verificar aquele tal nariz dele.

Aquilo só aumentava minhas suspeitas quanto à similaridade de nossas habilidades. Mas confesso que nunca tinha pensado em rosas... Ou será que ele havia sentido outro cheiro w será que essas coisas variavam de pessoa para pessoa?


Youta escreveu:
– Não precisa ter ciúmes. Confio muito mais em você que em qualquer pessoa, só fui pego de surpresa, Lygia.
[/color]


-  Não precisa ser tão sério; já falei que divido a Eli com você. - eu ri. Como se eu realmente fosse recriminar alguém por se encantar com a Elisa; aquela mulher era a definição de beldade. Eu mesma perdia o centro ao lado dela.- Fico feliz que confie em mim; a maioria das pessoas de bom senso não o faz. - eu atestei o óbvio, aceitando a lambida de acordo de Keeva, mas não deixei de limpar aquela baba no pelo do próprio lobo. Não que ele não estivesse acostumado com aquilo.

Youta escreveu:
–Certo, vamos até sua casa então, para você se trocar. Eu acho que estou usando roupas comuns por baixo da armadura, mas se precisar de algo mais refinado, posso providenciar.


E aí estava ele; o caçador-menino-prodígio. Existia o Hank legal, a quem eu gostava de provocar e também de conversar. A pureza e a sinceridade com que ele falava as coisas era quase inconcebível, tanto que me deixavam genuinamente preocupada com o bem estar dele.

E existia Hank de Lobo, moldado para ser um caçador. Extremamente confiável e focado. Sabia seguir ordens como ninguém, e naquele momento, eu era a patente acima dele. Hank de Lobo era dos pouco que eu confiaria para guardar minhas costas. Mas o outro Hank me fazia esquecer um pouco daquilo que eu havia me tornado. De forma que eu me sentia genuinamente decepcionada quando o lobo surgia

Estalei a língua contra o céu da boca em desgosto; aquilo era uma missão afinal de contas, e ele estava certo.


- Comum pode ser bom. - eu concordei, já vendo a pequena construção onde eu morava em Rodório surgindo numa esquina.

Num ligeiro toque na pedra do pescoço de minha gargantilha, minha armadura brilhou e se desfez assim que eu cruzava a porta de entrada. Tirei meus coturno ainda na entrada, me equilibrando um pé de cada vez, desfazendo os cadarços com alguma dificuldade. Apenas depois disso entrei na casa. Um hábito adquirido com Sunao.

A sala era modesta, porém confortável. logo se via que o espaço fora pensado para uma pessoa, sendo que o pequeno sofá de dois lugares parecia intocado em seu canto, mais como composição de decoração do que como móvel propriamente dito. Uma poltrona de leitura confortável, um banco alto diante de um balcão para comer. Louça para uma pessoa podia ser vista cuidadosamente empilhada numa prateleira.

Eu já começava a desfazer os cordões de trás do meu vestido, deixando minhas costas à mostra enquanto pensava no que usaria naquele dia. Algo sofisticado, mas ainda assim, casual.


- Pode tirar sua armadura. Só peço para deixar os sapatos aí ao lado, ok? - eu apontei para a sapateira ao lado da porta enquanto me encaminhava para o quarto.- Quando eu voltar, vamos ver o que você está usando. Se precisar de algo, é só me chamar. A porta vai estar aberta.

Já em eu quarto, não pude deixar de me olhar no espelho. A boa noite de sono que tive na cabana realmente apagaram várias marcas do cansaço. Mas quando tirei meu vestido, pude ver a cicatriz na lateral de meu tronco. Meu "souvenir" de minha última missão. Suspirei.

A lembrança era ruim o suficiente. Agora eu teria a marca para me lembrar daquilo para o resto da vida.

Virei de costas para o espelho, abrindo meu massivo guarda roupas. Tudo o que a casa economizava em mobília, era compensado pelas minhas roupas. Todos os estilos, para todos os humores e ocasiões. E maquiagem, e acessórios. Mas naquele dia... menos era mais. Sorri de canto.

Ok, aquilo daria conta do recado. Me certifiquei de passar perfume, e então me dando por satisfeita, peguei meus óculos escuros, saindo do quasto com eles ainda na mão, procurando Hank na sala.

[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! MEIKO.%28VOCALOID%29.full.1109429

- Ok, agora vamos ver o que temos aqui...

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyAs Penas do Pavão e os Pelos do Lobo

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Os dois continuaram a conversar enquanto Lygia ia para sua casa, com os dois lupinos, o canídeo e o humano.
 
Hank sorriu com a afirmação dela sobre sua confiança e a seguiu sem alarde, acompanhando os movimentos da amazona e olhando a sua volta, desinteressado. Ao contrário de Chara, ele se focava apenas quando necessário e portanto, uma vez que ela já tinha avisado o que fariam, ele não precisava do mesmo foco de outrora. Keeva seguia ambos como um cachorro faria com os donos, até a porta da casa, quando, sem nenhum comando, o enorme lobo sentou-se à porta, bocejou e se deitou, apoiando a cabeça sobre as patas dianteiras, aparentemente tirando um cochilo.
 
Hank seguiu Lygia até a parte interna de sua casa e a observou tirar seus sapatos. Ele moveu suas narinas verificando o cheiro do lugar, como se reafirmasse algo e Lygia sabia: Ele estava verificando o cheiro dela no lugar, para se certificar de saber achá-lo se necessário.
 
O cavaleiro de lobo aguardou a moça retornar, assentindo com a cabeça para ela quando a mesma indicou que já voltaria. Ele parecia distraído olhando os cômodos da casa, mesmo sem mexer neles. Era algo estranho, quase como a sensação de que ele estivesse olhando para ela com mais atenção.
 
Lygia voltou ao quarto e se admirou no espelho, finalmente se livrando das roupas usadas, que para ela, já pareciam velhas. Então, se vestiu e ao sair, notou Hank já seu sua armadura, apoiado no batente da porta da sala, a aguardando.
 
– Como eu disse, roupas comuns...
 
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! Hank_w10
 
Ele a olhava com um olhar de aprovação, como se dissesse sem palavras que gostava do que estava vendo. A tag em seu pescoço indicava a armadura de bronze, reluzente e Lygia reparou no braço direito do lupino. Hank e sua tribo tinham o costume de utilizar marcas tribais, mas aquelas tatuagens no braço dele eram novas. Lembravam um dragão chinês, mas Lygia percebeu se tratar de uma cobra emplumada, além, é claro, dos diversos motivos de lobo ao longo do ideograma.

Ele se aproximou dela, fazendo-a notar que ele estava descalço. Um par de tênis bem comuns, de coloração preta e verde repousavam na sapateira da moça e ele a aguardou chegar perto, olhando seu rosto. Não parecia mais o Hank de Lobo. Como ela chamava, parecia ter voltado a ser o “Hank legal”. Ele então fez um comentário, com a expressão séria, mas rindo pelo nariz:
 
– Não precisava ter passado perfume, seu cheiro não estava ruim. Mas fica bem agradável assim, de qualquer forma.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyComum é bom

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Quando saído do quarto, pisquei surpresa. Ele estava no mesmo lugar que eu o havia deixado? Bom... a pose propositalmente desleixada só fazia reforçar aquele ar de bom menino dele. Sério, como que não havia um fã-clube para esse garoto ainda?

Enfim... Mordi a ponta de uma das pernas do meu óculos, e comecei a avalia-lo de baixo para cima, encontrando os olhos dele fazendo o mesmo quando alcancei seu rosto.

Ele também estava medindo o que eu usava?! Que audácia! O que ele entendia de moda?


Youta escreveu:
– Como eu disse, roupas comuns...


- Comum pode ser bom. - de fato, é fácil produzir pessoas bonitas. O contraste da camiseta branca com a pele dele seria um sucesso em Tokyo. Talvez eu precisasse defende-lo... - Só precisamos de mais dois ajustes aqui. - dito isso, peguei uma pequeno pote preto num aparador com espelho, espelhando um creme em minhas mãos.

Youta escreveu:
– Não precisava ter passado perfume, seu cheiro não estava ruim. Mas fica bem agradável assim, de qualquer forma.


- O último lançamento de Issey Miyake[ ou algum cheiro que você acha que sentiu quando estava caidinho pela Eli.../color] - eu pesei uma balança invisível em minhas mãos- Acho que a primeira opção é mais segura.

Estar nós dois descalços dava a Hank uma certa vantagem de altura em relação a mim, o que me fez segurar a cabeça dele forçando-a para baixo, conforme em corria meus dedos por entre os cabelos dele. Algumas passadas e a pasta estava distribuída de forma uniforme. Separei algumas mechas, refiz o rabo de cavalo dele e após alguns minutos, me dei por satisfeita, limpando o restante da pasta modeladora em meu próprio cabelo. Agora sim aquele garoto estava pronto para fazer algum estrago por aí.

Troquei a corrente de minha tag para uma dourada. mais fina e longa, de forma que o fio decorava meu colo e a tag de acomodava dentro do meu decote. Algo militar como aquilo não combinava com meu look do dia.


- Vamos conseguir uma jaqueta de couro para você em Tokyo, e estará pronto para conhecer Chuck Webster. - dentro de uma pequena bolsa preta, eu guardei a rosa que Elisa fizera para mim, juntamente com um leque preto simples e opaco.

Enquanto calçava botas vermelhas de salto alto, já na porta, me deixei olhar as marcas no braço dele.


- Essas são novas. - eu apontei para as tatuagens dele, antes escondidas pela armadura. Elas eram grandes o suficiente para ter levado algum tempo fazendo-as. Tinha mesma tanto tempo assim que a gente não se via? - Quando as fez?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyAs Marcas de Usan

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Lygia saiu do quarto e decidiu então produzir o garoto. Ao avaliar o que via, a amazona pareceu satisfeita, mas ele ainda precisava de ajustes aos seus olhos.
 
Hank ouviu a afirmativa de Lygia a respeito de seu próprio aroma e suspirou. Ele a encarou nos olhos e ia começar a falar, mas antes que tivesse tempo de responder à sua afirmação, ela segurou sua cabeça e puxou-a para baixo, de modo que seus rostos quase se encontraram. O lupino a observou atentamente enquanto ela arrumava seu cabelo e começou de novo, respondendo sua assertiva sobre o cheiro:
 
– Eu conheço seu cheiro, Lygia. Não estou dizendo que você cheira a rosas como a Amazona de Peixes. O que estou dizendo é que algo no cheiro dela me lembra a mesma sensação que tenho quando identifico seu cheiro, entende? Para mim, o cheiro natural de uma pessoa é uma das suas marcas pessoais, assim como as impressões digitais ou a cor dos olhos. Consegue entender?
 
Ele se calou por alguns instantes, deixando que ela mexesse em seu cabelo e enquanto ela refazia seu rabo de cavalo, ele a olhou novamente nos olhos. Ele sentia a respiração dela próxima ao seu rosto quando finalmente ela terminou. Ela então ouviu a assertiva sobre a jaqueta e completou a frase, esboçando um sorriso claro:
 
– Certo, vamos então. Você de fato tem uma noção estética bem melhor que a minha.
 
E então, veio seu comentário sobre sua tatuagem. Hank se sentou ao lado dela, com a tatuagem bem a mostra. Ele olhou para ela então e começou a calçar seus próprios sapatos, respondendo à pergunta:
 
– São sim. Eu as fiz quando voltei para a Reserva, eu lhe disse antes da reunião que tinha ido para lá. Estas representam Usan, o Grande Espírito, e são a marca de que eu poderei substituir o xamã um dia.
 
Ele se levantou, já calçado e deu a mão para ela, para ajudá-la a se levantar. Ao saírem da casa, Keeva bocejou e se ergueu, pronto para segui-los. Juntos, caminharam em direção ao portal, com Keeva em seus calcanhares. Finalmente iriam ao Japão ter com Chuck Webster.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Quanto tempo ele ia insistir nessa história do meu cheiro? Não havia nada de espetacular ali. Sabonete, creme, e logicamente, perfumes de ponta. Era isso que as pessoas deveriam sentir ao me cheirar. Para os mais dotados, quem sabe uma brisa fresca de rio ou algo assim...

A outra opção cm certeza seria suor, sangue, lágrimas e lama do campo de batalha. Esse cheiro com certeza estaria impregnado no meu corpo até o dia que eu morresse.

Não foi exatamente difícil convencê-lo sobre o upgrade do visual. Mas Hank não era tão teimoso quanto certas pessoas. Aquilo seria até que divertido no fim. Enquanto me calçava, eu ganhava uma ligeira aula de história. Lógico que não seria uma tatuagem qualquer.


Youta escreveu:
– São sim. Eu as fiz quando voltei para a Reserva, eu lhe disse antes da reunião que tinha ido para lá. Estas representam Usan, o Grande Espírito, e são a marca de que eu poderei substituir o xamã um dia.


- Xamãs não são velhinhos sábios e enrugados? Nâo é tipo... um requisito do cargo? - eu aceitei a mão de Hank para me levantar, mais por mimo do que por necessidade. Eu era um ás do salto alto; podia me equilibrar em cima de qualquer coisa com eles- Não que eu conheça muitos xamãs por aí... Mas sempre que surge uma foto, ou mesmo um filme, lá estão eles; sábios, velhinhos e enrugados. Espero que esse "um dia" esteja bem longe. - eu deixei escapar.

Tossi para o lado, colocando meus óculos escuros. Era divertido ter Hank por perto. E se ele fosse embora, com certeza Keeva iria junto. Ficaria um pouco solitário por lá sem eles...

Foi o que eu conclui ao cruzar a porta, mas logo os pensamentos foram varridos da minha cabeça com a imagem de um lobo imenso bocejando e se espreguiçando como se fosse um filhote, passando a nos seguir.


- Você sempre será o cúmulo do absurdo... - eu abanei a cabeça em reprovação olhando para o lobo, que não pareceu se incomodar nem um pouco com minha opinião.

Em nosso caminho até o portal, eu explicava por alto meu plano para Hank, já que ele com certeza não havia ouvido nada do que eu contara para Elisa. Passei pela exposição de arte, pelo chamariz de oricalco, e por que estávamos indo visitar Chuck Webster e quem era esse cara. Por fim, cheguei na explicação de nossos papéis. Sunao, o segurança mal encarada. Mikall, um jovem comprador estrangeiro de poucas palavras. Jun, uma hipster empolgada com arte urbana...


- Você será o acompanhante dela. Isso vai garantir que ela não estará sozinha em sua primeira missão. E vai evitar os outros caçadores de se aproximarem dela. Sinta-se livre para pegar na mão dela e abraça-la de vez em quando. - eu ri daquela imagem internamente. Provavelmente eles seriam um casal fofo o suficiente para passar despercebidos no meio da multidão- Bruno só precisa ser barulhento como ele sempre é; vai ser tranquilo.

Chegamos ao portal, e eu olhei com o canto do olho para nosso terceiro elemento.

Mas nem pensar...


- Garoto... eu sei que você é legal. Hank sabe que você é legal. Mas o resto do mundo ainda não foi informado disso. Até aqui em Rodório você chama atenção... - eu sinalizei para as pobres pessoas que desviavam de Keeva com certo receio.- Você vai ficar muito triste comigo se eu te pedir para ficar aqui? - eu abaixei, coçando embaixo do queixo do lobo- Na verdade, eu estava mesmo era querendo em encontro a dois com seu amigo ali. Será que você deixa?
- eu falei como que sussurrando, mas nem de longe foi baixo o suficiente para Hank não ouvir.

Brincadeiras à parte, Keeva seria um acessório um pouco excessivo. Mesmo em Tokyo. Era mais seguro que ele ficasse em Rodório.

Me voltei para Hank; por mais que Keeva me deixasse vira-lo para qualquer lado, eu sabia muito bem que meu pedido não seria atendido simples assim. Só mesmo um lobo para comandar o outro.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyDe lobo para lobo

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O cavaleiro de lobo a ajudou a levantar e ouviu sua pergunta a respeito dos xamãs. Ele se segurou, mas não conseguiu se conter e começou a rir:
 
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! Laughi10
 
– Hahahahahahaha! Não, Lygia, não é um requisito do cargo! Nem sempre os xamãs são “velhinhos e enrugados”. Mas com certeza eles sempre são sábios.
 
Ele respirou fundo, se recuperando do riso e então se preparou para continuar a conversa, mas então ouviu a frase de Lygia dita rápida e disfarçadamente. Ele não pareceu ter ouvido até que tivessem saído da casa e então, antes que ela dissesse sua próxima frase, ele a tranqüilizou:
 
– Não se preocupe, não pretendo me tornar xamã até que eu fique “velhinho e enrugado”, está bem?
 
A amazona então falou com Keeva, que lambeu o próprio focinho e a olhou com uma expressão inocente, como se estivesse tentando entender o que ela quisesse dizer com aquilo. Mas continuou a andar, como se realmente fosse o que fosse, não fizesse diferença para ele.
 
Ele ouviu o plano dela, fazendo assertivas com a cabeça para o que ela explicava a respeito das funções de cada um e pareceu fazer cálculos mentais acerca de quem faria o quê, meio que ignorando a brincadeira sobre ele e Jun juntos, um eco de seu treinamento de caçador que aparecia nestas horas. Mas quando Lygia concluiu a explicação, ele a olhou e perguntou:
 
– E quanto a você? Qual será seu papel? Onde você se encaixa nesta história?
 
E aguardando a resposta, notou Lygia se abaixar para falar com Keeva. O lobo abanou a cauda quando ela coçou seu queixo e virou a cabeça de lado quando ela pediu privacidade com Hank, volvendo logo em seguida a cabeça para seu dono. Hank deu um leve suspiro e se ajoelhou ao lado de Keeva, acariciando as costas da fera e sua cabeça projetada para frente, mexendo em seu focinho logo em seguida. Ele então, falou em voz baixa em algo que lembrava um rosnado com Keeva. Ele moveu a cabeça algumas vezes e fez carinho na parte traseira das costas de Keeva, o que fez com que a fera se sentasse. Logo em seguida, ele rodou seu corpo em círculos e Keeva o imitou, para logo em seguida, lamber a mão de Hank e sair em direção ao bosque de Rodorio.
 
Lygia sabia que Hank adestrara Keeva para obedecê-lo, mas era a primeira vez que o via dar um comando deste ao animal. Ele então se levantou , limpou seus joelhos e finalizou dizendo:
 
– Podemos ir. Ele esperará no bosque de Rodorio. Podemos ficar a sós, como você queria.
E sorrindo, ele virou em direção ao portal.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Youta escreveu:

– Não se preocupe, não pretendo me tornar xamã até que eu fique “velhinho e enrugado”, está bem?


Por um segundo, me preocupei por ter sido quem sabe preconceituosa demais. Mas a risada de Hank dava a entender que ele pegará o espírito da brincadeira. Ao ouvir os planos dele, não pude deixar de sorrir também. De fato... ficaria um pouco solitário lá sem eles.

Não é que eu não tenha ouvido a pergunta sobre meu papel em meu plano complexo, mas eu realmente precisava resolver o assunto com Keeva. Fiquei satisfeita ao ver Hank resolver aquilo rapidamente, e impressionada com a forma como eles se entendiam. Aquilo era mais do que puro adestramento. Era uma conexão mais profunda do que eu poderia imaginar.

Bom... era meio como Kokoa afinal de contas. Apesar de que o aquele lobo tinha de bonzinho, aquela cacatua queimada tinha de desaforada.


Youta escreveu:
– Podemos ir. Ele esperará no bosque de Rodorio. Podemos ficar a sós, como você queria.


- Obrigada pela exclusividade. - eu agradeci com uma ligeira curvatura de cabeça, seguindo Hank pelo portal.

Ah... aquilo era quase como um sonho! Dois dias seguidos que eu via minha cidade favorita!

Certo que eu não havia realmente passeado ontem, mas mesmo assim; o lugar era tão pulsante que apenas vislumbrar seus arranha-céus já me deixava animada. Mas eu também sabia o que viria a seguir.

Tantas pessoas, tantos sonhos, esperanças e potenciais que fatalmente alguns seriam destruídos. Era apenas uma questão de estatística. As ruas abarrotadas de gente eram um turbilhão de insegurança, alegria, pressa, fascínio, medo, resolução, realização, coragem e raiva.

Um verdadeiro coice emocional. Respirei fundo uma vez, fechando meu cosmo o máximo possível. Eu amava Tokyo. Mas entrar lá sem preparo era pedir por uma dor de cabeça. Quando as emoções distantes finalmente pararam de zumbir em meus ouvidos, eu sorri.


- Bem vindo à melhor cidade do mundo. - eu estiquei-me braço em direção aos prédios, como se mostrasse minha casa a Hank.

Ainda tínhamos algum tempo até nosso encontro, então não precisaríamos realmente correr até a cidade. Poderíamos tranquilamente comprar uma jaqueta para Hank, ir ao nosso encontro com mr. Webster, e aproveitar Tokyo à noite! Um viva ao mundo 24 horas. Comecei a andar em direção a onde eu sabia haverá uma estação próxima, sem muita pressa. Lembrei então da pergunta que Hank me fez ainda em Rodorio sobre meu papel no plano, e ri de novo.


- Eu serei a distração. - eu declarei como se fosse óbvio - Homens brutos sempre subestimam meninas bonitas. - subimos no trem, e com a graça de Athena, haviam lugares para sentar. Mas isso também significava que eu não poderia dar mais explicações do meu plano naquele momento, afinal, se as paredes têm ouvidos, o que dizer de vagões cheios? - E então? Já conhece aTokyo?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyTecnotóquio

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A saída do portal do Santuário que dava para a Radial número 7 de Komatsugawa Route, de Ryogoku JCT à Yagochi, uma das estradas que circundavam Tóquio. Depois de tomar um ligeiro atalho com seus cosmos pelo acostamento, logo os cavaleiros estavam na cidade que nunca dormia.
 
Tóquio.
 
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! 1.jpg?i10c=img
 
Tóquio tinha os maiores outdoors que existiam, as maiores luzes, os maiores efeitos. Era uma cidade barulhenta e silenciosa, clara e escura, e muito, mas muito viva.
 
Os arranha-céus japoneses de 70 anos atrás já praticamente não existiam. Em seu lugar, prédio que ocupavam quarteirões inteiros surgiam e o tamanho da cidade se ampliara também, abrangendo cidades próximas. Tóquio era feita de luz e tecnologia, hologramas e emoções. A poluição não mais prejudicava a cidade, mas em vez disto, o constante brilho dos prédios ofuscava o brilho das estrelas. Era uma cidade magnífica, o brilho gigantesco era visível a distância, até mesmo do mar.
 
Hank também perdera algum tempo abaixando seu cosmo para amenizar seus sentidos. Se Lygia sentia-se mal em captar as emoções, o mesmo devia ocorrer com Hank para sons e aromas. Depois de igualarem seus sentidos para serem apenas aguçados a um nível normal, ambos entraram na cidade.
 
– Obrigado. Respondeu Hank com um breve sorriso. – Você realmente gosta daqui... Mas eu consigo entender, é fascinante.
 
A caminhada lado a lado na cidade cheia de pessoas fazia-os parecerem um casal, de modo que para manter a privacidade e para evitar a multidão, Hank caminhou mais próximo de Lygia, fazendo que seus ombros ocasionalmente se tocavam. Hank e ela estavam com alturas mais próximas agora que a moça calçara saltos, o que os deixava em uma situação muito próxima e mais íntima em relação aos seus rostos.
 
Ela já passara por algo similar com Sunao, mas ele não era quente e acolhedor como Hank. Sunao emanava uma energia fria, nefasta, e que ela precisava se esforçar para aplacar para conseguir caminhar ao lado. O cosmo de Hank tinha o efeito de uma lareira no inverno, o que trazia uma sensação maravilhosa à garota. Talvez fosse por isto que ela gostava tanto de ficar na presença do lupino.
 
Lygia estava certa em outro ponto: Hank estava realmente fazendo sucesso. Mocinhas orientais olhavam para a dupla, riam e comentavam sobre ele, cobrindo a boca. E o mesmo acontecia com Lygia, sobre os rapazes japoneses, mas nada que ela já não estivesse acostumada.
 
Quando passaram por um holograma da personagem Hatsune Miku entregando panfletos digitais que voavam holograficamente até o celular por meio de tecnologia Throw, um grupo de pessoas exclamou ao ver o “casal exótico” passando.
 
Quando começaram a chegar ao metrô, Lygia contou sua função no plano, o que fez Hank concordar com a cabeça, no sentido de já ter entendido. O cavaleiro de lobo a ouvia, mas desta vez, sem se focar. Parecia saber que seu rosto já era exótico o bastante para chamar atenção mesmo sem que ele fechasse o semblante.
 
Mais uma diferença dele em relação à Sunao, que acabava deixando tudo no zero a zero: Sunao chamava atenção com seu semblante sério e carregado, mas era praticamente invisível em Tóquio. Hank chamava atenção por sua aparência exótica, mas o semblante tranqüilo o fazia parecer um turista, o que o apagava um pouco.
 
Enquanto a composição sacolejava em direção à Imperial Edo, um bairro que fora construído em cima da Tóquio original e que tinha sido cem por cento reformado, o lobo a olhou e então respondeu sua pergunta.
 
– Já. Eu vim com Chara e os outros caçadores. Faz parte do treinamento para se tornar um membro do bando. Chara gosta de usar Grand New York e Tóquio para treinos urbanos, muito embora eu sempre tenha sido melhor nas áreas fora de cidades. Ele me disse pessoalmente que eu teria chance de ser o novo Cães de Caça se superasse essa deficiência.
 
Hank explicou com calma, enquanto corria os olhos em volta. Ele parecia conhecer Chara bem, afinal ele era um de seus mestres. Mas Hank e ele eram diferentes demais e aquilo fora surpreendente. O que, além da habilidade com animais fazia de Hank um sucessor tão à altura para Chara?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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O sucesso era inevitável. Muito me surpreendia na verdade ninguém vir pedir para tirar fotos conosco. Japoneses eram realmente estranhos, não importava a época. Não é como se eles nunca tivessem visto um ocidental. A internet meio que estava aí para todo mundo.

Sorri de leve, me permitindo me perder um pouco em pensamentos, uma vez que meus pés já sabiam onde me levar. Infelizmente, eu o fiz bem na hora que um garoto olhava para mim por tempo demais, e dava de cara com um poste, para divertimento dos seus amigos. Girei os olhos, internamente satisfeita, voltando aos meus pensamentos.

Mesmo com meus sentidos fechados, era muito agradável andar ao lado de Hank; era reconfortante, e me fazia lembrar da lareira na casa da montanha de Giedre e Mourrice. Na época eu não sabia, mas aquela lareira seria onde eu iria me despedir de minha infância. Graças à Athena que essa despedida não foi marcada pelo ataque à minha vila.

Dessa forma, eu havia sido presenteada com uma última lembrança feliz.

A voz de Hank me trouxe de volta à realidade, e eu recuei um passo. Aquela sensação familiar era confortável demais.

Pessoas que se permitem ficar confortáveis demais morrem.

E eu não tinha interesse em morrer. Não, muito obrigada.


Youta escreveu:
– Já. Eu vim com Chara e os outros caçadores. Faz parte do treinamento para se tornar um membro do bando. Chara gosta de usar Grand New York e Tóquio para treinos urbanos, muito embora eu sempre tenha sido melhor nas áreas fora de cidades.


- Treinos urbanos?! - eu soei ofendida, e com razão. Como que alguém vem à Tokyo e faz apenas "treinos urbanos"... que desperdício!- Não me diga que isso é tudo o que você já veio fazer em Tokyo... - eu perguntei, quase pedido, enquanto saia do trem. Naquela região bastávamos caminhar em direção ao endereço que certamente encontraríamos o que eu havia visualizado para o visual de Hank- Aliás, não se preocupe em responder. Mesmo que Chara tenha de fato levado vocês a algum outro lugar... Não é como ele soubesse o que diversão significa. Eu vou te mostrar por que Tokyo é a melhor cidade do mundo, assim que terminarmos com nossas obrigações.

Em pouco tempo, encontrei uma pequena loja com as roupas penduradas em cabides na calçada, à moda antiga, onde eu encontrei exataemnte o que procurava. Medi Hank com os olhos e depois olhei a jaqueta. Iria servir.

- Experimente, por favor.

Eu passei a jaqueta para ele, até que o restante da explicação fez sentido para mim.

Youta escreveu:
– Ele me disse pessoalmente que eu teria chance de ser o novo Cães de Caça se superasse essa deficiência.


- Ele já está pensando em se aposentar? - eu perguntei incrédula. Em promoção de certo que não era. Todos os dourados estavam muito bem de saúde, obrigada. E eu podia enumerar ao menos uns dez prateados mais qualificados do que Chara. Ao menos, em minha opinião.- Não que você não seja um desperdício na casta de bronze, mas... cães de caça? - eu avaliava a ideia, e ela simplesmente não entrava em minha cabeça- Você já escuta bem o suficiente. Não precisa sair lendo mentes por aí. E depois... - acho que eu havia encontrado o que me deixava mais incomodada naquele cenário todo - Você é um lobo. Você é honrado, mas é livre. Você é nobre, mas tem opinião própria. Não é um pau mandado para ficar recebendo ordens a torto e a direito de qualquer tipinho que aparece. - e não. Eu ainda não havia esquecido que Chara usava um cabresto fechado o suficiente para receber uma ordem bizarra de Milenna e ir correndo cumprir, abanando o rabinho, sem nem pensar duas vezes.

Não conseguia imaginar Hank fazendo algo similar. O garoto tinha discernimento.


- Não sei como você conseguiu aturar aquele chato como mestre. - a palavra quase revirou meu estômago, mas, se Hank ia chamar Sunao assim, eu poderia oferecer a mesma cortesia ao instrutor dele - Ele é tão desagradável quanto se porta em público ou é só fachada mesmo? - eu comentava enquanto esperava Hank terminar de colocar a jaqueta, observando pelo canto do olho um prestativo vendedor se aproximando.

Falar de Chara estava me deixando de mal humor.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyO Cheiro do Medo

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Caminhar ao lado da amazona também era confortável também, de modo que seus ombros relaxaram. Ele a seguiu sem pressa para fora do metrô e se permitiu caminhar ao lado dela, segurando sua mão para que ela não se perdesse.
 
O contato dos dois durou pouco. O sorriso de contentamento de Lygia e sua postura mudaram drasticamente, de modo que ela soltou a mão do lupino e recuou um passo, como que por alarme.
 
Foi só por um segundo que a amazona perdeu a compostura, mas o movimento a traíra. Fora rápido demais, de modo que ela realmente parecera assustada com algo
 
Lygia notou as narinas de Hank se contraindo e se expandindo quando ele fazia uma expressão de incredulidade, que ondulou por seu rosto por um espaço de tempo tão curto quando o recuo de Lygia tinha sido. Ele continuou andando com ela e ela o respondeu na conversa, mas ambos sabiam que aqueles dois segundos e meio tinham significado algo que eles preferiram ignorar.
 
– Sim, treinos urbanos. Hank  repetiu sem se alterar com a exasperação da amazona. – Ele realmente só veio para treinar, mas eu explorei os parques daqui e as montanhas próximas de Tóquio Leste. E tenho certeza que sua noção de diversão aqui é mais apurada que a de qualquer pessoa, Lygia.
 
Hank parecia confiar no senso de moda de Lygia, por alguma razão que a mesma desconhecia, mas que parecia ser útil e evitar atrasos. Quando ele vestiu a peça e se recostou à parede, a jaqueta de couro sintético parecia fazer parte do visual dele como se ele tivesse vindo com ela.
 
[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! 310?cb=20171026230223&path-prefix=es
 
Ficara perfeito! Ele realmente estava muito elegante e despojado, e as duas coisas ao mesmo tempo, o que era perfeito.
 
Sem interromper o raciocínio de Lygia, Hank foi até o caixa e acertou ele mesmo a conta pela jaqueta. Parecia ter gostado dela de verdade, a ponto de não considerar essa peça de vestuário parte do que Lygia iria comprar para os cavaleiros. A moça do caixa sorria abobalhada para ele, admirando em silêncio a aparência e o carisma de Hank. O rapaz não percebeu, aparentemente. Então, se voltou a ela quando a amazona concluía o raciocínio e desabafo a respeito de Chara e respondeu suas dúvidas e inquietações:
 
– Não. Ele não pensa em se aposentar. É para o caso de morte mesmo. Ele disse sem mudar a expressão calma, seguindo a moça para continuarem o caminho. – E não, ele não é desagradável quando está sozinho ou com o grupo de caça. Chara é só um homem focado. Cães de Caça é capaz de saber o que pensam a respeito dele, o que faz com que ele seja a melhor pessoa na tomada de decisões. Ele não é um pau mandado. Ele fez o que fez por que Milenna, a líder do grupo dos caçadores deu uma ordem expressa que somente outro dourado poderia revogar, que foi o que ocorreu. Hank parecia ter sido informado sobre o ocorrido com Bunny, ou aquilo já era a mais nova fofoca entre os cavaleiros. – E para ser franco, Lygia. Hank ainda mantinha a expressão calma. – Esta é a opinião de Chara ao meu respeito. Não é o que penso. O cavaleiro de Libra desta geração combateu na geração anterior com uma armadura de bronze. Se ele pôde fazer isto, eu também posso. Tenho orgulho da minha constelação e treinamento. Não desejo mudar. E sobre aturar um mestre “chato”... O lobo se permitiu um sorriso. – Eu lhe poderia lhe perguntar o mesmo. O seu mestre não me parece um exemplo de trato pessoal. Mas eu não vou. Eu quero saber outra coisa...
 
Eles voltaram às ruas, já começando a se encaminhar para onde deveriam ir. Andaram um pouco, sem dizer nada.
 
Mas este tempo também durou pouco, como o contato anterior deles.
 
Então, Hank, que já não tocava a mão dela como antes, simplesmente disse:
 
– Durante a minha vida como índio, meu treinamento como guerreiro e minha jornada como caçador, eu aprendi a sentir e identificar um cheiro, por mais fraco e leve que fosse. E aprendi a gravá-lo e a nunca me esquecer dele.
Ele fez uma pausa.
 
– É um cheiro acre, meio ácido às narinas e um pouco desagradável, que aumenta conforme um certo estado de espírito se manifesta no alvo. Um cheiro que sempre vem acompanhado do estresse.
Ele fez uma nova pausa, agora mais longa.
 
– O cheiro do medo.
Ele fez uma pausa e respirou fundo, concluindo então:
 
– Quando estávamos caminhando e eu toquei sua mão, você recuou e eu senti um fragmento deste cheiro em você. Por favor, Lygia. Eu sei que isto não é importante para a missão, mas por favor...
 
O rapaz pardo olhou para o chão triste e soltou a voz quase em um sopro:
 
– Por favor, diga que não tem medo de mim...

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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Sim, a jaqueta tinha dado um verdadeiro upgrade na já admirada figura de Hank. Será que eu teria de cuidar com meninas ensandecidas agora? Ri da possibilidade de um grupo de colegiais fora do corpo correndo atrás de Hank pelas ruas, mas ele logo voltava a me responder sobre Chara. Morte? mas para que ser tão dramático? Morte era um desfecho quase que esperado para nosso trabalho. Lógico que ninguém quer morrer, mas não podíamos descartar a possibilidade. De uma forma ou de outra, a armadura escolheria seu sucessor.

Ele não precisava ficar refletindo suas expectativas em cima de ninguém. Muito menos de Hank. Não tinha muita certeza sobre o quão focado Chara poderia realmente ser. Quer dizer, eu nem tive taaaanto trabalho assim para desviar o "foco" dele de Bruno no dia anterior.

Bom, acho que era natural. Havia sido ontem mesmo que eu defendera Sunao e seu comportamento indefensável. Mas fiquei feliz em saber que ele não pretendia mudar de armadura assim. De fato, ele poderia fazer mais do que um trabalho padrão de um cavaleiro de Bronze, e não seria sua armadura que limitaria o tipo de missão que ele poderia ser enviado.


Youta escreveu:
– Eu lhe poderia lhe perguntar o mesmo. O seu mestre não me parece um exemplo de trato pessoal. Mas eu não vou. Eu quero saber outra coisa...


- É... acho que não posso defender o Sunao nesse quesito...

Eu esperava que ele continuasse sua pergunta, mas ao contrário disso, apenas continuamos andando em silêncio, e aquilo era estranho. Não era do feitio dele se perder no meio de uma frase daquela forma. Bom... decidi lhe dar tempo. Talvez o excesso de informação sensorial estivesse começando a afetá-lo ou algo assim.

Ele começou então a discorrer sobre experiências passadas e aprendizados. Certo... eu não poderia lhe dar informação nenhuma àquele respeito. Os únicos cheiros que eu conhecia muito bem eram de galerias de grife. Aquele não era exatamente o meu domínio de trabalho.

Aquelas pausas no discurso dele estavam começando a me incomodar. Ele estava escolhendo palavras? O que poderia ter levado uma tarde tranquila àquele tipo de discurso?

Mais uma pausa? Agora eu estava prestes a parar de andar, quando o meu cheiro voltou a ser tópico de discussão. Aquilo de novo? eu iria arrumar um óleo corporal bem forte para passar quando estivesse perto dele. Ia querer ver ele sentir algum cheiro agor... merda.

Mesmo com meus sentidos fechados, foi impossível não sentir a tristeza e a preocupação que começaram a emanar de Hank. Rapidamente comecei a relembrar todos os passos daquele momento que ele estava descrevendo. E assim que a voz dele saiu como um sopro, o momento brilhou em minha memória, claro como o dia.

Como que eu poderia possivelmente explicar o que havia me passado pela cabeça naquele instante?


Youta escreveu:
– Por favor, diga que não tem medo de mim...


- Como é? - agora sim eu havia parado de andar.

Minha voz continha as notas suficientes de surpresa. Eu precisava situar a explicação, desviar o assunto e desfazer o mal entendido. Tudo isso estruturado de forma a convence-lo o suficiente para tranquiliza-lo. ou seja, nem muito confuso, mas nem muito concreto, ou a ideia de história pronta destruiria todo o meu esforço. E eu pensei em tudo isso no tempo de meus dois pés ficarem paralelos um com os outros.


- Eu não tenho medo de você... - minha voz demonstrava surpresa e confusão diante da pergunta dele, como se o que eu falava fosse óbvio e eu não entendesse o porque teria que falar aquilo- Na verdade... eu não havia percebido que minha reação fora tão visível naquela hora... - aquilo era 100% verdade. Como ele conseguira sentir algo como aquele cheiro com os sentidos fechados? Não tinha sido tão brusco assim!- Tokyo é muito nostálgica para mim. Caminhar assim, despreocupada, me lembra de meus primeiros anos de treinamento. - aquilo também era verdade. Olhei para a chão, e podia sentir minhas bochechas começarem a corar, enquanto eu pensava em qualquer coisa embaraçosa que eu pudesse - Eu me permiti a divagar em pensamentos, e lembrei de... uma época ruim. Eu tento me livrar dessas lembranças, mas elas ainda me deixam inquieta. - recoloquei os óculos escuros. Aquela história era tão boba que eu estava ficando realmente com vergonha de contá-la. Mas era muito melhor que a opção de ter de explicar a pura verdade. Era verdade que eu lembrara de uma época de minha infância, mas eu não gostaria muito de revelar a Hank que eu o relacionava ao perigo de morrer - Mas não imaginei que você poderia ter sentido isso também. Me desculpe pelo susto. - eu cocei a lateral do rosto, encabulada, olhando para eles através das lentes amarronzadas. Eu sabia que ele não poderia ver muito mais do que o contorno dos meus olhos, e que aquilo era desagradável, mas passavam o ar de "não-quero-falar-sobre-isso" sem que eu tivesse realmente de dizer aquelas palavras - Mas realmente, eu não tenho medo de você. Por que eu teria? - eu perguntei de uma forma retórica, sorrindo de forma tímida, oferecendo minha mão para que ele a segurasse e voltássemos a andar.

Daquela vez eu estaria preparada a não me deixar levar. Me concentrei mais ainda em fechar minha sensibilidade, e mesmo que a sensação do cosmo de Hank ainda fosse perceptível, eu não me aconchegaria novamente naquele conforto. Tudo o que eu precisava era cuidar para manter minha atenção, e eu terminaria aquele dia bem.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyTudo volta ao normal. Normal?

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Hank ouviu Lygia se explicar e sua expressão de preocupação foi desanuviando, mas seus olhos continuaram com a expressão triste. Ele se voltou para ela, ouvindo as desculpas de Lygia, mas ele parecia sentir algo estranho nela, algo perturbador para a moça. Hank não disse o que era, mas Lygia sentiu que o lobo literalmente apagava seu cosmo.
 
Aquilo foi assustador. Ela achou ter sido descoberta, achou que ele sabia que seu cosmo quente tinha sido o motivo da súbita reação dela. Mas logo o índio suspirou e sorriu.
 
O sorriso mais triste que Lygia já o tinha visto dar.
 
As vezes, o meu dom é uma maldição.
 
Ele tomou a mão dela, com calma e carinho e se preparou para seguir em frente quando ela quisesse.
 
Eu consigo sentir o cheiro das pessoas, mas não é só isto, Lygia. Conforme Leila disse, eu posso farejar cosmo. E mesmo quando eu diminuo meus sentidos, esta habilidade não vai embora. O jeito é cortar meu fluxo de cosmo, não usar nada de microcosmo e aí posso ser uma “pessoa comum”.
 
Hank suspirou de forma dolorosa e sorriu novamente sem felicidade.
 
Não importa por que você teve medo, eu não tenho o direito de invadir assim seu íntimo. Me desculpe. E sobre a pergunta sobre o medo de mim, eu já passei muitas vezes por isto. Posso ser só bronze, mas consigo detectar mais coisas do que alguns colegas, mesmo de prata.
 
Ele coçou a cabeça também e prosseguiu, mas Lygia sentia que tinha mais sofrimento nessa história do que ele estava disposto a revelar.
 
Chara detesta o dom dele. E eu também não gosto muito do meu. Mas ele é útil, então tem horas que o aprecio. Sabe, existem dois lobos dentro de cada um, um bom e um mau, sempre lutando. Vence aquele que você alimenta mais. E eu sei alimentar o lobo bom dentro de mim. Enfim, Lygia, eu não vou mais sentir seu cosmo, pode ficar à vontade. Desculpe ser tão invasivo.
 
O toque da mão de Hank era quente, mas voltou a ser o quente comum, o quente tedioso ao qual Lygia estava acostumada. A sensação confortável se fora, já que o cavaleiro tinha reduzido seu cosmo a nada para caminhar na cidade, certo de que Lygia se sentira invadida por ter sido flagrada e por isto recuara. Óbvio e visível para Hank, ele se culpava por tê-la feito se sentir mal, mas por um motivo diverso do real.
 
Eles voltaram a caminhar juntos, mas agora Hank soava como um homem comum. Um homem que Lygia podia manipular, um homem que Lygia poderia quebrar, um homem com o qual ela poderia fazer o que quisesse. Era frio, mas necessário.
 
Mas por que isto doía tanto nela?

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyRe: [Entrementes Lygia] Coooompraaaas!

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A sensação de um cosmo desaparecendo subitamente era aterradora, e trazia calafrios à espinha de qualquer cavaleiro. Não era a diminuição controlada que fazíamos quando queríamos passar despercebidos, ou apenas não ser incomodados por nossas habilidades. Mas aquela "extinção", como o soprar brusco de uma vela significava que o dono daquele cosmo havia deixado de existir.

Mesmo que eu estivesse vendo Hank vivo e bem na minha frente, mesmo que eu soubesse que era ele que estava fazendo aquilo. Eu sacudi meus ombros de leve, para me livrar daquele mau preságio de morte.

Antes mesmo que eu pudesse começar a levantar hipóteses do que por que ele fizera aquilo, a explicação veio mesmo sem eu ter pedido, acompanhada do sorriso mais triste que eu o havia visto dar.


Youta escreveu:
As vezes, o meu dom é uma maldição.


Eu sentira vontade de bater nele. Ali, naquela hora. Mas Hank aceitou minha mão e recomeçamos a andar. Ele explicava o funcionamento de suas habilidades para mim, e senti uma pontada de dor quando ele pronunciou a expressão "pessoa comum".

Youta escreveu:
Não importa por que você teve medo, eu não tenho o direito de invadir assim seu íntimo. Me desculpe. E sobre a pergunta sobre o medo de mim, eu já passei muitas vezes por isto. Posso ser só bronze, mas consigo detectar mais coisas do que alguns colegas, mesmo de prata.


Ótimo...

Não é que eu tivesse medo dele. Eu apenas tinha medo de minha despreocupação quando estava com ele. E como explicar isso? Não se explica.

Mas por que Hank tinha de ser tão bonzinho?! Eles tinham medo? Pois era bom que tivessem; ou eles ficavam mais fortes para não se sentirem ameaçados, ou simplesmente saiam do seu caminho, como acontecera com ela.

Duas-caras, megera, indecente, volupil, vergonhoso... cadela de Athena. Tudo isso e mais um pouco ela já ouvira. Mas nunca amaldiçoara seu dom por causa dessas pessoas mais fracas.

E Hank nunca deveria fazer isso.


- Se alguém tem medo de você por causa disso, ou estão escondendo algo vil ou não conhecem nada sobre você. - eu explicitei o óbvio para mim - Qualquer pessoa que te conheça minimamente sabe que você nunca usaria contra ela algo que sentiu "por acaso".

Youta escreveu:
Chara detesta o dom dele. E eu também não gosto muito do meu. Mas ele é útil, então tem horas que o aprecio. Sabe, existem dois lobos dentro de cada um, um bom e um mau, sempre lutando. Vence aquele que você alimenta mais. E eu sei alimentar o lobo bom dentro de mim. Enfim, Lygia, eu não vou mais sentir seu cosmo, pode ficar
à vontade. Desculpe ser tão invasivo.


Por que eu não me surpreendia com a comparação? Ao contrario de Hank, eu acreditava que Chara poderia muito bem usar informações descobertas por acidente contra pessoas que nunca foram seus alvos. Não duvidava que ele nunca havia ensinado a seu discípulo como se controlar. Então, para Chara, era muito mais difícil quando ele encontrava um adversário que poderia jogar aquela habilidade contra ele. Afinal... eu mesma poderia dar àquele cão motivos para não gostar de seu dom.

E pelo o que eu podia ver, Hank logo se encontraria no mesmo tipo de problema.


- Chara não controla o dom dele. Por falta de vontade ou de habilidade. Talvez um pouco dos dois. - eu sentia a temperatura de Hank e suspirei. Ele agora não era diferente dos adolescentes embasbacados que me encaravam pela rua. Eu poderia facilmente dissipar aquela tristeza e aquela angustia. Ou  torná-las tão insuportáveis que Hank nunca mais iria querer me ver pela frente. E ele nem mesmo saberia o por que disso.

Sim, eu poderia. Da mesma forma que Hank poderia sentir o cheiro do meu cosmo ou Chara poderia ler minha mente. A diferença era que eu não faria. Pelo menso isso Sunao havia me ensinado. Não é por que eu podia invadir a privacidade de alguém dela forma que eu tiraria proveito daquilo sempre.

Ele me treinara a não ser afetada pelas suas emoções conflitantes e cosmo desagradável. Eu aprendera a bloquear alvos específicos, se eu assim desejasse. E se fosse impossível não perceber o que se passava no intimo do alguém, eu iria apenas continuar, como se nada daquilo estivesse acontecendo.

Com certeza, Chara nunca ensinara aquilo à Hank. Pelo simples fato de que ele próprio não sabia como fazer.


- Eu mesma consigo voltar o dom de Chara contra ele mesmo, e ele só pode culpar sua própria preguiça ou falta de habilidade. Por que, se nada dar certo, nós três podemos escolher revelar o que descobrimos ou não. Como você disse, você escolhe qual lobo alimentar. No meu caso, eu escolho ignorar quando percebo algo que eu sei que o outro não quer me mostrar. - afinal, era o que eu estava fazendo naquele exato momento com a tristeza de Hank. Ela estava lá, em todas as suas cores, enevoando o contorno dele. Mas isso não significava que eu iria forçar aquele sentimento a desaparecer. A não ser que ele me pedisse.

- Não se sinta culpado. Você foi pego de surpresa e se assustou com algo não relacionado. - aquilo não precisava ser necessariamente verdade. Mas eu desejava que fosse. Ou que ele ao menos acreditasse naquilo - Infelizmente, você não sabia o que fazer com a informação, e fez o que está acostumado; reportar. - eu puxei a mão dele, fazendo-o olhar para mim. Tirei os óculos escuros, guardando-os em minha bolsa, num sinal de que poderia conversar com ele sem barreiras. Agora que eu já havia recuperado meu controle e juntado informações suficiente,s não seria mais pega de surpresa, para o bem dele - A culpa não é sua. É de quem deveria ter lhe ensinado melhor e nunca o fez. - eu sorri ainda de forma tímida, mas encorajadora - Então, por favor, não se culpe mais. Nunca mais.

description[Entrementes Lygia] Coooompraaaas! EmptyCores Verdadeiras

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Hank sentiu a aflição naquelas palavras. E Lygia percebeu isto, pois o rapaz a olhava com uma atenção diferente. O olhar doce Hank, sempre compreensivo e nunca voluptuoso a incomodavam e a agradavam, sempre as duas sensações em igual quantidade. Era como se a aparência dela não importasse, e isto a agradava e irritava em iguais proporções. O lobo sorriu ao ouvir ela descarregar a culpa do ocorrido em Chara e então, Hank fez uma coisa constrangedora.
 
Ele ergueu a mão dela com a mesma calma e carinho com a qual a tinha tocado e a trouxe para perto dos lábios, dando um beijo nas costas dela, sem soltar os dedos de Lygia. Ao contrário, ele os entrelaçou com os deles e encostou os lábios quentes na mão dela e sorriu.
 
E aquele calor delicioso e acolhedor de lareira voltou a aquecer a moça, a envolver os dois. O cosmo verde e altivo, como chamas e florestas vivendo em harmonia aparecia novamente, florescendo dele. Ainda discreto, ainda oculto, ainda reduzido, mas agora presente e vivo, iluminando o rosto dele e trazendo de volta Hank Twao Tala e levando embora o adolescente nativo americano, como um rio que levasse embora um tronco em sua superfície.
 
Eram as verdadeiras cores de Hank de volta brilhando, iluminando e aquecendo, não somente ele, mas Lygia também. Sem impedi-la de falar, sem cortá-la, ele esperou que ela dissesse tudo e então, concluiu.
 
- Está bem, Lygia. Está tudo bem. Não precisa ficar triste e nem falar assim do Cães de Caça. Que eu saiba, ele não herdou o dom de leitura mental da armadura dele. É algo que ele já nasceu possuindo. E sobre ignorar algo que sabe, você poderia fazer o mesmo comigo, não é? Mas estava mais interessada em pedir desculpas e me trazer de volta.
 
Ele deu um sorriso autêntico, dos seus de bom menino e então, desceu a mão dela, acabando por puxá-la ligeiramente para mais perto dele. E então, ele concluiu seu raciocínio.
 
- Eu não sei por que você desaprova tanto assim o Chara, não sei do seu histórico com Cães de Caça. Mas esta missão é nossa, não dele. Além do mais, não treinei só com ele, Chara não foi meu único mestre. E se te desagrada tanto eu não gostar das inconveniências do meu dom... Eu não vou mais culpá-las, ok? Só fique mais calma, não precisa ficar tão triste. Eu ainda estou aqui. Venha, deixe o Chara de lado, e as razões dele também. Vamos falar de outra coisa. Só...
 
E ele deu o golpe final, puxando Lygia para um abraço quente e envolvente. Um abraço diferente do que dera nela quando se reencontraram, passando um dos braços pela cintura dela e outro nas costas, mantendo-a protegida e aquecida ao mesmo tempo. Um abraço diferente. Sem volúpia, sem atração, mas com muito carinho. E concluiu a frase próximo ao ouvido dela:
 
- Só não tenha medo. Não pense em coisas ruins. Nós estamos aqui para evitar que coisas ruins aconteçam, lembra? É para isto que somos cavaleiros. E se tiver medo, segure minha mão mais forte. Não solte dela pelo susto.
 
Hank sorriu e a olhou, soltando o abraço envolvente deles e esperando que Lygia continuasse a caminhar novamente. Finalmente, as coisas pareciam ter voltado ao eixo.
 
[Musica tema do Post, porque precisa]
 

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