[Províncias próximas de Saná – Iêmen – 18:15 Horário Local]
Mais uma bomba, mais um tiro. Adhair tinha que chegar até o ponto de inserção e checou sua arma mais uma vez. Ela tinha cinco tiros, em um pente no qual cabiam quarenta. Ele respirou fundo, pegou o colar de sua esposa e avançou.
Em desespero, olhou a sua volta. Todo o grupo que saíra para pegar recursos com ele tinha falecido. Ele era o último que restara e estava no meio do front inimigo. Um homem veio correndo em sua direção com uma faca. Adhair mirou e atirou, matando-o instantaneamente. Restavam quatro tiros.
Ele correu, fugindo do front. Precisava chegar, precisava avançar.
A batalha continuava ferrenha, mas naquele momento, ele só queria deixar o conflito para trás. Correndo, ele se desesperava, querendo chegar ao seu objetivo.
Mais um inimigo, mais um tiro.
Restavam três.
Ele iria chegar.
Outro inimigo. Outro tiro.
Dois. Estava quase.
Dois inimigos juntos. Ele conseguiu matar a ambos. Apenas alguns passos o separavam da segurança.
E então um baque surdo, a inconsciência se aproximando. Ele olha para baixo e entende.
Adhair agoniza a cinco metros do túnel de refugiados. Fora atingido nas costas por um tiro.
~X~
Os homens de armadura rubra caminham pelo campo de batalha dizimado felizes. Eles pareciam ficar mais e mais felizes conforme avançavam pela morte e destruição ali causada. Pegavam as armas, coletes, e tudo que ainda pudesse ser utilizado.
Adhair ainda vive. Ele rasteja, tentando chegar até o túnel. Estava ao que pareciam horas ali, no sol escaldante, temendo e recuperando o fôlego. Eis então que um dos soldados se aproxima dele. O homem de armadura rubra. Adhair não consegue falar. Ele estende a mão, implorando por ajuda. O homem se aproxima e tira seu capacete.
Era uma mulher.
Tez queimada de sol. Cabelos castanhos com um tom ferrugem encaracolados. Compleição forte. Mas mais do que isso, seus olhos impressionavam.
Eram negros e vazios. Parecia não ter olhos, excetuando por duas pequenas esferas vermelhas que ardiam dentro dos orbes vazios. Adhair tenta gritar, mas a moça enfia o calcanhar em sua garganta e com um sorriso de esgar o mata lentamente.
Após o último suspiro de Adhair, ela respira fundo, como que refeita. Ela olha em volta, para o ambiente destruído.
Sim, era tudo para eles. Era tudo para ela. Aquilo sim era o verdadeiro equilíbrio. Mortes dos dois lados. Ela sorri. Justiça, retribuição e equilíbrio.
Era o que Adréstia queria.
~X~
[Café Apple Jack - Grand New York – 20:30 – Horário local]
“O Conflito por território entre os Curdos e os Turcos era uma questão complexa nos dias de hoje. Diz-se que já contabiliza dois milhões de mortos e a conta continua subindo. Desde a independência e criação da nação do Curdistão, o governo Turco alega que o Curdistão possui algumas de suas relíquias religiosas em sua propriedade, alegando que o território é dos Turcos por direito. Os curdos revidam dizendo que a determinação veio da ONU e alegam que uma vez que conquistaram as fronteiras do Curdistão, jamais sairão delas novamente. O conflito chama a atenção dos governos de todo o mundo, mas aparentemente a ONU ainda não chegou a uma conclusão com os lideres das duas nações.”
O Âncora do jornal dava a notícia com um ar monótono pela televisão do estabelecimento, mas Joseph parecia interessado em uma briga de trânsito que acontecia lá fora. A coisa tinha escalonado de tal maneira que a polícia estava nocauteando todos os envolvidos com tasers e balas de borracha.
Afinal, o que estava acontecendo?
[Sejam bem vindos ao Capítulo II. Segura as pontas que agora vem mais coisa. E sejam fortes cavaleiros!]