Todos os dias aparecem novidades na vida das pessoas, seja pequena ou grande. Em Atenas, a novidade era do tamanho de uma mansão. Douglas Fraser, com seu exagero e preocupação, estava movendo mundos para ficar próximo a neta, claro, também havia os pedidos de Violet, seus temores de mãe. Depois de muita insistência, Caliope finalmente foi até a nova casa visitar seus amados, mas em menos de 3 dias já estava preparando as malas para novamente atravessar um dos portais da cidade.
O quarto que escolheram para ser seu, era uma reprodução fiel ao original: tons pasteis sobre seus moveis e outras coisas. Era lá que estava quando recebeu a indesejada visita do portador da armadura de Cefeu, batia a porta.
- Podemos conversar, Caliope?
A concentração depositada sobre o dobrar de roupas, muda de foco para a porta, para aquela voz tão irritante aos seus ouvidos. Titubeia, mas abre a porta.
- O que você quer? Meu avô sabe que está aqui? E minha mãe? – Suas perguntas desenfreadas demonstram o quanto não queria ele ali.
- Pelo visto podemos conversar, fico satisfeito. – Ele suspira pesadamente com a reação da garota, mas sem hesitar, segue. – Sim, eles sabem que estou aqui. Como teria subido até seu quarto se eles não soubessem? [/b]
- Eles deveriam ter me perguntado – Retorna sua atenção a mala e dá as costas ao pai – Diga logo o que quer, ainda tenho que terminar de arrumar minhas coisas. – Respondia seca como as folhas de outono.
- Você me procurou por um motivo, e eu a expulsei por um motivo. Achei que quisesse saber qual foi, seu avô e sua mãe podem participar dessa conversa se achar melhor, mas eu preferia que o assunto ficasse entre nós. Entre cavaleiros... - Giovanni parecia sério e impassível diante da forma como a filha o responde, apoiado no batente da porta, ele a observa.
- Eu já sei qual foi! Você não quer uma responsabilidade. Simples! Eu não tenho o que conversar com você e tenho certeza que meu avô não quer saber de você. Ele só deixou você subir porque minha mãe é trouxa, é com ela que você tem que conversar. Foi ela quem você enganou, não eu. – Continuava atenta a arrumar suas roupas e a cada palavra ia se descontrolando e, ao invés de dobrar, jogava suas vestes com força e raiva dentro da mala.
- Callie, acalme-se - O cavaleiro diz se aproximando dela, se se importar com sua ira, tocando o braço dela para atrair sua atenção. - Está errada, Callie. Eu não me afastei por isso, foi por outro motivo, e é importante que você como amazona ouça.
- Não me chame de ‘Callie’. Não te dei esse direito, você não é nada meu. Nada! E não encosta em mim! – A amazona de lira se afasta, o tom de voz já estava mais alto, e por isso ela respira fundo na tentativa de se acalmar.
O braço da jovem escapa dos dedos do homem, balança a cabeça de um lado paro o outro olhando para o chão.
- Você tem raiva, não a culpo. Eu não esperava que tentasse e não queria que conseguisse, mas não é porque não confio em sua capacidade, menina tola. – Ele levanta a cabeça para olha-la diretamente [/color- É porque aprendi algumas coisas durante o meu período de cavaleiro, coisas perigosas demais para que eu deseje que qualquer pessoa, ainda mais minha filha, se envolva.
- Eu não acredito em nada disso, tudo o que preciso saber Milenna já disse. O resto eu vou aprender sozinha! Não preciso de você. – Continua no mesmo processo para se acalmar. – Não me chama de ‘minha filha’. Sou filha Violet, só dela. Ela exerceu o papel que você negou.
- Está bem. Quer me odiar? Me odeie! – Agora o homem também começa a levantar a voz – Mas eu vim lhe parabenizar como cavaleiro e este aviso também é como um! Para de ser tola e escute um cavaleiro mais experiente, mesmo que não me considere como um pai ou o que quer que eu valha. - O italiano gesticulava em sua direção, ainda tentando recuperar o tom de voz que tinha elevado.
- Ainda bem que você sabe que eu te odeio. – Pela primeira vez Caliope olha para o pai, observando-o vindo em sua direção. – Fica longe!
- Caliope, ouça. - O tom de voz imperativo fez com que a menina erguesse uma sobrancelha. - Você sabe muito bem eu por mais raiva eu sinta de mim, qualquer rompante que tenhamos aqui pode matar sua família. Apenas escute meu aviso e eu vou embora, ok?
- Eu sei muito bem o que pode acontecer, só não entendo qual o motivo de você querer falar agora. Já teve sua chance, Giovanni e me mandou embora. Uma criança passou a vida toda esperando te encontrar, fez tantos planos... Você mandou embora. – Enquanto Caliope falava, ia se lembrando do dia que o encontrou pela primeira vez, dos passeios planejados e de como sofreu quando seus planos desmoronaram.
- Caliope... - O homem suspira -Me desculpe, de verdade, mas fiquei com medo. Esta é a verdade. Eu estava em missão para encontrar algo maligno e poderoso, então uma criança apareceu gritando ser milha filha. Eu senti em seu cosmo que era verdade e temi pela sua vida. Não me importo com a minha, mas não queria que perdesse a sua. [/b] – Ele coça o pescoço. Talvez estivesse encabulado ou arrependido – Com sorte o que eu caçava não sentiu seu cosmo e não sabe de você... Com sorte...
- E aí você decidiu destruir o sonho de uma criança... - Callie sorri incrédula. Ela era teimosa demais para admitir estar errada. – Certíssimo você. – Caminha até a penteadeira e olha seu reflexo no espelho, estava claramente abalada. – Bem que meu avô avisou, mamãe não, ela sempre preferiu acreditar em contos de fadas. Mas vovô sempre disse que você iria tentar dar uma desculpa para suas atitudes.
- E o que você sugeriria que eu fizesse, Caliope? Levasse você comigo na missão - Ela sente o olhar inquisitivo dele – Ou que sabe explicasse tudo ali, naquela hora, expondo você? Vamos, como eu deveria ter agido?
- Você poderia apenas ter me dito que não era a hora, se tivesse me dado um segundo de atenção. Não feito da forma que fez, me tratando como um lixo. - Os olhos dela se encheram d’água ao lembrar, mas não ia chorar, pelo menos não na frente dele.
]- E por que não me procurou antes? Estava ocupado demais com outras coisas, não é? Para que se preocupar com uma filha, só ia atrapalhar sua diversão, atrasar sua vida.
Giovanni emudeceu, abaixou os braços e não sabia mais o que dizer, estava claro em sua face. Alguns instantes após ele consegue dizer algo.
- Ok eu te avisei para ficar atenta. Só peço que siga esse aviso. Desculpa perturbar você.
- A verdade doí, não é? A verdade dói tanto que você prefere fugir dela. – Dizia a menina num tom maldoso, com um sorriso nos lábios. – Meu avô contou que você nunca prestou. Achou mesmo que eu não sabia? Eu fiz a cega, preferi acreditar na mãe que cantava que você era um bom homem.
- De fato, é verdade, seu avô não está errado. Entretanto esta não é toda a história, mas se prefere pensar no meu passado e nas suas magoas do que ouvir um aviso de cavaleiro, então você é mais tola do que eu pensava...
- Tola? Prefiro ser tola do que ... – Antes que pudesse terminar a frase, sua mãe adentra ao quarto a repreendendo.
- Caliope Fraser! Que modos são esses?! Desculpa, Giovanni. Nossa mocinha anda estressada ultimamente.
– Violet tentava se desculpara pelas atitudes da filha. A mulher trazia nos braços alguns álbuns de foto. Caliope quando viu, revirou os olhos em desaprovação. – Ah, achei que ia gostar de ver.
- Não foi nada, Violet. Eu sei o quanto nosso trabalho pode ser estressante as vezes. Já terminei a conversa com nossa Callie, pode entrar – Giovanni abriu um sorriso largo ao ver a mãe de sua filha entrar pela porta
- Não, ele não vai nada! E eu já disse para não me chamar de ‘Callie’ - Caliope anda apressada até a mãe. - Você realmente vai ficar dando atenção a esse homem? Mãe, ele te abandonou!
- Callie, rancor é uma coisa muito ruim e além do mais, Giovanni teve os motivos dele. Se você parasse de pirraça e escutasse, o entenderia. – Diz logo após respirar fundo buscando ter paciência com a garota. Esta, incrédula, sai do quarto, deixando seus pais.
Violet tenta chamar a menina, mas O Cavaleiro de Cefeu faz um aceno com a mão para que deixasse a filha ir.
- Deixa-a ir, Violet. Ela vai entender com o tempo. Ela não está todo errada, no fim das contas. só espero poder protege-la da batalha que se avizinha.
- Ela anda tão... Não sei definir. - Violet abaixa a cabeça pensativa. Logo vem uma empregada para levar a mala da amazona, sussurra quaisquer coisas no ouvido da madame - Mas o que? Como ela já está indo sem me avisar? – Da janela, Violet vê Caliope na porta se despedindo do avô.
- Acho melhor eu ir também, Violet. Tentarei cuidar dela, na medida do possível. Nosso trabalho está mais perigoso que o normal, mas tentarei mantê-la longe de encrenca.
Giovanni sai apressado do quarto na tentativa de alcançar sua filha. Descendo as escadas ele esbarra com Douglas Frase que lhe lança um olhar mortal, mas o homem o ignora.
-Callie, espere! - Grita. Mas a jovem amazona continua a andar fingindo que não ouvia. Ela queria distancia dele, o menor contato possível.
“Espero que Leila não esteja do outro lado com um pedaço de pilastra para me bater. Por culpa daquele idiota, acabei me atrasando. “
Percebe que Cefeu esta um pouco mais atrás e não tenta ultrapassa-la. Porém, de repente ele a intercepta.
- Ok, você venceu! A partir de hoje responderei que você quiser, sem restrições. Vamos deixar nossos mal-entendidos e seu odeio pelo menos as claras. Se quiser me odiar e me chamar para o Coliseu depois disso, estarei à disposição. - O homem estava nitidamente alterado.
Caliope estava imersa em seus pensamentos, tentando por em ordem seus afazeres e pensando em como Leila reagiria ao atraso. Quando Giovanni para a sua frente, ela levanta o olhar e depois de alguns segundos em silêncio.
-Primeiramente, não mato Cavaleiros de Atena. Segundo eu não estou afim de perder tempo. Tenho mais o que fazer. Na verdade, nós dois tempos, então anda logo e vê se não enche mais meu saco. Já passou dos limites.
A reação do homem a surpreende. Nada diz, apenas se afasta, virando as costas e deixando-a para trás fazendo estranhamente com que ela se lembrasse de 5 anos atrás. Entretanto as sensações eram bem diferentes agora. Caliope deixa que ele siga e depois de um certo tempo volta a caminhar em direção ao portal.
Apesar de tudo, estava ansiosa pelo retorno, para voltar a treinar e tão logo poder sair em missão. Era o que ela mais queria no momento.
OFF
Adaptação do jogo feito pela player e Youta.