DADOS BÁSICOS



Nome Completo: Aine Seanam
Raça: Humana
Armadura: Armadura de Virgem – Tier 1
Facção: Santuário




DADOS DAS HABILIDADES



Nome: Fogo da vida
Descrição: Virgo é formada não por uma, mas por várias figuras mitológicas. Uma delas é Astraea, a “Deusa Estrela”. E do que são formadas as estrelas se não puro cosmo e chamas? A bênção de Astraea para sua amazona é justamente a proteção destes elementos, permitindo-a controlar as chamas com seu cosmo e também a protegendo de seus efeitos devastadores.
O fogo é o elemento que mais mexe com o imaginário. Então, a visão do cosmo de Aine é sempre algo mitológico, digno de fábulas. Seja moldando as chamas à sua vontade ou lançando bolas de fogo de suas palmas nuas. A verdade é que simplesmente caminhar intacta por um corredor de incêndio já é algo digno de espanto.
Aine expele chamas puras e vivas, sempre em tons escarlates e dourados. Numa primeira vista, é difícil entender o que está acontecendo, já que a amazona não precisa se mover para controlar ou mesmo criar as labaredas, que aparentemente brotam de seu corpo.
Seja acender uma vela ou lançar uma rajada flamejante, Aine pode criar fogo sem nenhum comburente, usando apenas seu cosmo como combustível. A quantidade de fogo criado dependerá exclusivamente da quantidade de cosmo queimado. Mas ela ainda precisa da existência do oxigênio para que as chamas queimem.
Ela pode controlar mesmo as chamas que ela não criou, contanto que elas sejam naturais. Ela não precisa se mover para realizar o controle, apesar de o fazer as vezes, por força do hábito. Caso o adversário dela também manipule o fogo, ela não pode fazer o ataque dele se voltar contra si, mas caso ele lance um projétil (como uma bola de fogo), ela pode desviar sua trajetória, impedindo um ataque direto.
Incêndios e chamas terrenas não podem ferir Aine ou danificar sua armadura, que apenas parece reluzir mais quando agredida pelo fogo. Exposição muito prolongando, como por exemplo, uma batalha dentro de um incêndio, pode lhe causar algum dano. Mesmo ataques direto não-cósmico baseados em fogo terão seu efeito significantemente reduzidos contra a amazona.
Desgaste: Variado conforme utilização.
Observações: [FRAQUEZA]: Aine compartilha das graças das chamas, mas também divide suas fraquezas, o que a torna vulnerável aos efeitos destrutivos do frio.

Nome: Vidência estelar
Descrição: O segundo presente de Astraea foi a compreensão das estrelas.
Aine nunca se perde, podendo facilmente se localizar através das estrelas e do sol. Ao se concentrar em meditação em locais apropriados, ela pode também ler presságios e receber mensagens do Cosmos.
Desgaste: ---
Observações: ---

Nome: Cosmo
Descrição: Demeter, deusa da colheita, da fertilidade e da vida também divide o mito de Virgo, mostrando seu aspecto acolhedor e vívido.
Em meio a seu treinamento, Aine percebeu que da mesma forma que o fogo queima dentro de uma lareira, o cosmo queima dentro das pessoas. Essa energia pode inclusive ser alimentada ou extinguida, assim como uma chama.
Mas, diferentemente do fogo, o cosmo está ligado à vontade de um ser vivo. Ela consegue perceber o humor, disposição e inclinações das pessoas pela forma como seus cosmos queimam. Mas ao invés de manipula-lo livremente como faz com o elemento, Aine precisa alinhar sua vontade com a do outro indivíduo. Sendo assim, ela pode unir as forças de seus aliados num único ataque, inspirar coragem ao discursar para guerreiros, “atingindo-os” diretamente no cosmo, fazendo-o queimar mais forte.
Da mesma forma que o fogo precisa de combustível para queimar, uma pessoa precisa de incentivo para ter coragem. Com as palavras certas, Aine consegue ter o mesmo efeito de um banho de querosene sobre uma fogueira quase extinta; ela consegue inflamar o cosmo de seus companheiros de batalha, e esse ímpeto corre pelas fileiras como fogo de rastilho, dando coragem e força de vontade para todos ao seu redor.
Esse poder a mais pode incentivar as fileiras por mais alguns momentos, como numa investida crucial, ou decidir o ponto de virada de uma batalha, mas não é possível manter essa euforia por muito tempo, de forma que, caso seus aliados não encontrem a coragem dentro deles mesmos naqueles instantes de luz, não há muito mais que Aine possa fazer para que continuem a lutar.
Desgaste: ---
Observações: ---

Nome: União
Descrição: Em momentos cruciais da batalha, Aine faz jus à origem multifacetada de sua constelação, unindo diversas fontes de poder para um único objetivo, ou alvo. Ao alinhar sua vontade de vencer com os outros dourados, Aine pode somar a força deles ao seu “Julgamento”, absorvendo energia deles, para concentrar em um único ataque. A imagem que se forma descreve bem a grandeza do que está prestes a acontecer; luzes representando o cosmo de cada aliado começa a se desprender de seu corpo, viajando até Aine que começa ela própria a brilhar com mais e mais intensidade. Ao proferir seu Julgamento, essa energia se desprende do corpo dela, sendo absorvida pelas espadas ao seu redor, que atingem o inimigo com as forças dos outros dourados somadas.
Desgaste: ---
Observações: Para que Aine possa absorver energia de seus companheiros, eles precisam abrir seus cosmos a isso. Ela nunca poderá essa habilidade para debilitar alguém contra sua vontade.


Nome: Sobrevivência
Descrição: Demeter ofereceu uma segundo bênção à amazona, que é o conhecimento sobre a terra e a vida. Esse conhecimento, aliado ao treinamento no deserto, fizeram com que Aine fosse capaz de encontrar alimentos e água em ambientes estéreis, a construir abrigos com o mínimo de recursos, e como fazer importantes procedimentos de primeiro-socorros. A reconhecer enfermidades e como trata-las de forma simples, a suturar feridas, reposicionar ossos quebrados e oferecer conforto ao corpo.
Desgaste: ---
Observações: Se necessário, Aine pode suturar feridas com suas chamas, aquecendo uma faca ou mesmo uma placa de sua armadura para cauterizar e fechar feridas no campo de batalha.

Nome: Esgrimista
Descrição: A sociedade celta era profundamente matriarcal, de forma que as meninas aprendiam a lutar tanto quanto os rapazes, se assim desejassem. Como uma candidata a Sacerdotisa, Aine foi versada na arte da espada de uma mão e meia desde pequena, sendo que a amazona é uma adversária formidável, mesmo sem gastar seu cosmo.
Desgaste: ---
Observações: ---




DADOS DAS TÉCNICAS



Nome: Barreira Flamejante
Estilo: Defensivo + ofensivo
Descrição: Aine abre os braços e os eleva juntos, como se fosse bater palmas acima da cabeça. Quando ela abre os braços, um grande círculo de fogo se forma ao redor dela, e de seus companheiros, e desse círculo surge uma semi-esfera de 5 metros de raio que se fecha conforme ela ergue esses braços.
O calor emanado da esfera dificulta a visibilidade de seus ocupantes, e ela pode dissipar ataques cósmicos lançados contra ela ou incinerar projéteis. A barreira de chamas é por si só uma visão ligeiramente aterradora e Aine pode usá-la tanto para proteger aliados ou prender inimigos dentro dela juntamente com a amazona. Os ataques da própria amazona são os únicos que não sofrem penalidade para atravessar as chamas.
A barreira pode ser mantida por tanto tempo quanto a amazona empregar o gasto de cosmo.
Observações: Apesar da barreira ser criada com Aine no centro, ela não se move após sua conclusão.
Desgaste: Médio, porém continuo.

Nome: Onda de chamas
Estilo: Ofensiva
Descrição: Ela abaixa o braço ao lado do corpo, de forma relaxada e ao canalizar seu cosmo na região, incendeia o membro. Então ela retesa o braço, varrendo o ar com ele. Neste movimento, Aine arremessa essa energia na forma de uma violenta onda de chamas. O avanço das chamas se dá em cone [60°x30m] à sua frente, e é capaz de consumir rapidamente o que encontrar em seu caminho. Pela origem cósmica das chamas, não é fácil de apaga-las com meios normais, de forma que eu o alvo continua “queimando” por algum tempo.
Observações: Uma vez “desprendido” de seu corpo, o cone de chamas se torna independente da movimentação de amazona, de forma que ela pode usar o golpe também como uma finta para um próximo ataque, ou mesmo como distração para cobrir uma possível rota de fuga.
Desgaste: Baixo

Nome: Punição Divina
Estilo: Ofensiva
Descrição: Aine concentra seu cosmo na mão direita, condensando-o até formar uma espécie de esfera. Ela gira o corpo, pegando impulso, até cravar um pé no chão, continuando o movimento giratório com a parte de cima do tronco, como uma arremessadora olímpica, atingindo distâncias de até 30 metros. Esse disco de puro cosmo causa uma poderosa onda de choque mecânico que se espalha por até 5 metros de raio ao atingir algum alvo físico, como o chão, uma parede, uma armadura ou mesmo um escudo. O impacto libera uma grande quantidade de energia, capaz de desequilibrar pessoas, danificar estruturas, destruir armaduras ou mesmo causar danos internos ao corpo humano.
Observações: ---
Desgaste: Médio

Nome: Punição Divina - variação
Estilo: Suporte
Descrição: Caso precise de uma ação mais rápida, Aine pode simplesmente concentrar uma parcela menor de seu cosmo em ambas as mãos, batendo-as espalmadas diretamente contra o adversário, ou mesmo no chão. Apesar de causar pouco ou nenhum dano, essa variação é capaz de arremessar longe ou atordoar vários adversários ao mesmo tempo. Tendo o ponto do toque da amazona como epicentro, a onda de choque pode se espalhar por 5 metros de raio.
Observações: Frequentemente Aine usa essa técnica quando precisa interromper disputas infrutíferas ou capturar um alvo sem machuca-lo.
Desgaste: Baixo


Nome: Espada da Justiça
Estilo: Ofensiva
Descrição: Outra importante personificação de Virgo é Dike, a deusa da justiça. E, se em uma mão ela carrega a balança de Libra como símbolo de seu equilíbrio e imparcialidade, na outra, ela leva a espada com a qual a justiça é defendida.
Aine pode invocar a espada de Dike, a própria Espada da Justiça, para derrotar o mal e proteger a raça humana. Ela ergue a mão direita aberta, e em sua palma, surge uma forma disforme e flamejante. Quando Aine fecha a mãos, seus dedos envolvem o agora solidificado cabo de uma espada estilo celta, de uma mão e meia, que a permite tanto desferir golpes ágeis de uma mão, quanto investidas poderosas ao encaixar as duas mãos firmemente sob a guarda da espada.
Após criada, a lâmina se mostra tão resistente quanto a armadura de ouro e desfere poderosos golpes mesmo contra inimigos protegidos. A espada pode ser quebrada, mas ao fazê-lo, ela explode em chamas, como num último esforço de Dike em ver a justiça sendo cumprida.
Observações: Se outra pessoa que não Aine tentar empunhar a espada, ela será instantaneamente consumida por chamas cósmicas. Por causa do alto esforço exigido para materializar uma arma física a partir de seu próprio cosmo, Aine só pode realizar este golpe uma vez a cada período sem descanso. Ela até pode fazê-lo duas vezes no mesmo dia, mas precisa se recuperar antes. (a critério do narrador)
Desgaste: Alto

Nome: Julgamento
Estilo: Ofensivo
Descrição: Aine ergue a mão direita espalmada ao lado do rosto, numa posição de juramento. Ela então começa a falar sobre os crimes de seu adversário; crimes cometidos contra sua Deusa Athena, contra a humanidade e contra a Terra que ambas juraram proteger.
Conforme ela fala, incontáveis pontos brilhantes começam a despontar no céu atrás da amazona, de onde pode-se ver despontar várias espadas, todas apontadas para o inimigo.
Ao terminar, Aine pede ao cosmo para que seja oferecido o veredicto, e todas as espadas atacam simultaneamente o alvo na velocidade da luz.
Observações: Esse golpe exige o máximo de Aine, pois através dele a justiça prevalecerá ou será derrotada, não permitindo uma segunda chance, como o veredicto de um crime. Aine fica inconsciente até reestabelecer seu cosmo.
Desgaste: Máximo

Aine de Virgem Julgamento_zpsir2jzks2



DADOS PESSOAIS




Idade / Data de Nascimento: 23 de setembro de 678 AC (28 anos)
Nacionalidade: Celtae.
Mestre: Sacerdotisas celtas, mestres de armas otomanos e o grande mestre do santuário, Aurathor.
Local de Treino: Templo em Narbona – Cidade celta próxima à Massália, colônia grega, Deserto do norte da África e Santuário.

PERFIL PSICOLOGICO:
Aine é corajosa, de opinião forte, e as vezes pode soar até um pouco rude, por causa de sua sinceridade e obstinação. Orgulhosa, demora a pedir ajuda e não desiste, nem se entrega, mesmo que lhe custe a vida. No cotidiano, ela se comporta muitas vezes de forma simplesmente teimosa.

Aine é acima de tudo justa, procurando ouvir todos os lados da situação antes de tomar uma decisão, pois sabe que o mundo é cinza, e não preto e branco. Procura evitar o conflito através da conversa e da persuasão, mas uma vez que se decida a lutar, ela só parará quando estiver certa de que a justiça prevaleceu.

É também muito leal a seus ideais e seus amigos, não hesitando em lutar para defendê-los. Isso muitas vezes prejudica seu julgamento da situação, fazendo-a comprar brigas maiores do que ela deveria. Essa predisposição para defender não só os mais fracos, mas também os que são queridos para ela, faz com que Aine naturalmente se identifique com a deusa protetora da humanidade, que aceita e cuida de todos, sem distinguir suas origens, contanto que não façam mal ao próximo.

Ao lutar, ela procura o máximo resultado, com o mínimo de esforço, muitas vezes coordenando equipes maiores. Mas uma vez na frente de batalha, ela é uma adversária extremamente focada e dedicada a uma coisa; proteger Athena e seus ideais. Contra seus inimigos, ela não se prende a um tipo de abordagem; sua empatia a ajuda a discernir como atacar o psicológico do adversário, então ela pode se tornar alguém calada e resoluta, ou mesmo debochada e desrespeitosa, para que o inimigo cometa um erro, seja por medo ou por cólera.

No convívio com os companheiros, Aine é amigável, e está sempre pronta para ouvir quem precisa. Procura animar os outros ao vê-los mal, e, mesmo entre amigos, adora uma competição. Isso faz com que treinar com ela seja muito produtivo, e extremamente cansativo. Ela realmente gosta de seu destino de lutas; vê a si mesma como alguém capaz de melhorar o mundo, para evitar tragédias e prover uma vida melhor para tantos. Desde pequena, ela sempre teve um espírito heroico.

Por fim, apesar de sempre ouvir e tentar aconselhar os outros, ela é muito distraída a tudo que diga respeito a ela. Até por que Aine, sendo fisicamente mais forte que a maioria dos homens e independente na maioria dos quesitos, ela simplesmente não cogita que alguém possa vê-la como uma mulher ao invés de uma guerreira fazendo-a levar as coisas sempre como piada.

APARENCIA:

Aine de Virgem Anya_cor_zpsqghnrr29

Aine possui altura mediana para as pessoas de sua região, mas possui o corpo forte e atlético, mas não de forma grosseira, como é possível ver pelos 60 quilos bem distribuídos ao longo de seus 1,66m. Sua pele clara dificilmente consegue ficar bronzeada, mesmo com o sol da Grécia. Sua postura é altiva e ereta, deixando transparecer a liderança nata em sua personalidade.

Seus olhos são azuis escuros e grandes, sendo fácil se perder neles, ou mesmo se sentir intimidado, mas eles também são muito expressivos. A sensação que eles passam é a de curiosidade, como se sua dona estivesse sempre disposta a absorver mais; mais fatos, mais histórias e mais mistérios.

Seus cabelos são extremamente longos e negros, com uma espécie de brilho azulado quando a luz incide diretamente sobre eles. Ela os deixa constantemente soltos, desafiando a praticidade, mesmo durante o treino ou em batalhas. Levemente cacheados, é comum vê-la soprando uma mecha para cima, ou enrolando-a no dedo indicador, quando está concentrada em algo.

Sua voz é muito bonita e, apesar do ligeiro sotaque celta, ela canta muito bem.

Ela consegue aquecer o corpo com seu cosmo, de forma que sempre usa as mesmas túnicas leves independente do clima.

Sua armadura se adaptou ao seu corpo e movimentos ágeis, perdendo algumas de suas placas originais, se tornando mais leve, mas igualmente resistente. Ao invés de um elmo fechado, Aine porta apenas uma tiara em sua fronte.

HISTÓRIA:
Se eu voltasse à minha memória mais antiga, tenho certeza de que ela conteria aquelas paredes de pedra iluminadas por tochas. As noites gastas sentada sobre o altar, estudando as estrelas. E os cantos das sacerdotisas durante os Sabbaths.

Mas, mais forte do que qualquer imagem ou som, havia o cheiro. Alfazema, Calandre, Lótus, Madeira, Mirra... Incensos sagrados, apropriados para cada situação, para cada “aula”. A fumaça que nublava a visão, mas que clareava a mente.

Em pouco tempo, eu ganhara não só mestras, mas mães, irmãs e avós. Minhas preferências pelos livros e pelas estrelas ás brincadeiras nas raras horas livres, me deram um título; Seanam – uma alma antiga dentro de um corpo jovem.

Por algum motivo, me contavam com frequência sobre a efemeridade dos deuses, mas também sobre a grandeza dos homens e mulheres. Alguns deles que protegeram a Terra de forças inimagináveis a muitos e muitos anos atrás.

Desde o dia que eu chegara ao templo, pude ver que minha rotina era diferente das outras noviças; sim, eu aprendia sobre a dualidade, sobre a importância do masculino e do feminino, a curar e a interpretar os sinais do mundo ao nosso redor. Mas eu também aprendia sobre as estrelas e sobre povos distantes. E sobre comando, responsabilidade mas também humildade e servitude.

Por mais estranho que pudesse soar a uma criança, descobri que o mundo é cinza, e não preto e branco. Da mesma forma que a Lua se torna jovem, consorte e mãe, o certo pode se tornar o errado, e o contrário também não é muito difícil. Por isso, cada motivo, cada razão e cada versão deveriam ser ouvidas, pois sobre isso descansava o destino dos homens. EM saber que o certo nem sempre é justo, e o justo, nem sempre é certo.

E em pouco tempo, aprendi sobre o corpo humano, e como ele podia se tornar uma arma. E depois, em como transformar o meu próprio corpo em arma. Que matar e morrer fazem tanto parte da vida quanto respirar.

Sem sentir, a infância abandonou minha mente muito antes de fazê-lo em meu corpo. Com poucos verões, eu já tinha mais interesse em deuses distantes do que em jogos terrenos. E mesmo pequena, já oferecia certo desafio para meninas e meninos mais velhos ao empunhar uma lâmina.

E então, chegaria o momento de meu mundo se expandir. Um dia ordinário, com a rotina de outro qualquer, mas que mudaria minha vida para sempre. Aquele menino não era especial em minha vida, sendo que eu sequer o conhecia. Por algum motivo, eu estava inquieta desde o amanhecer, sentindo algo estranho dentro de mim, como se meu corpo ameaçasse queimar de dentro para fora.

Lembro de ter perguntando a uma das sacerdotisas se eu iria romper em chamas e morrer, como o Sol às vésperas do inverno. Ela riu e afagou minha cabeça, me entregando uma espada de treino e indicando o pátio.

Garotos e garotas de variadas idades treinavam como sempre. Meu parceiro designado era maior e mais experiente, e aquele fogo dentro de mim pareceu responder àquilo, queimando com tal intensidade que lembro de ter temido virar uma fogueira ali mesmo. Mas nada aconteceu, e começamos a treinar.

Cada golpe dele era preciso e certeiro, mas pareciam ficar mais leves a cada repetição. E então eu, que só me defendia, passei a atacar. E um certo ataque pareceu deixar o mundo mais lento, conforme minha lâmina cortava o ar a acertava o escudo dele com força. O tempo parou quando os metais entraram em contato e eu expirei o ar preso em meus pulmões.

Simultaneamente, uma onda de ar quente se originou do ponto de contato, arremessando não apenas o menino para trás, mas fazendo todos ao meu redor oscilarem. Olhei em volta assustada, mas antes mesmo que eu começasse a correr até meu companheiro caído, ele se levantava com um sorriso, e se curvava diante de mim. Em pouco tempo, todos no pátio estavam na mesma posição, menos a sacerdotisa que me entregara a espada naquela manhã. Ela sorria de uma forma orgulhosa, mas havia um que de tristeza em seus olhos.

Naquele mesmo dia, eu arrumava meus poucos pertences, pronta para partir para terras distantes. E me foi dito para me preparar; todos os mitos dos quais eu ouvira falar até ali... Eu estava prestes a fazer parte deles.

Aine de Virgem Divisor_zpsam5buhfv

A viagem fora extremamente longa, através de florestas, campos, e finalmente, o chamado mar. Eu nunca vira uma quantidade de água tão vasta em minha breve vida, e aquilo me encantou. O sabor salgado também era estranho, mas logo me avisaram para nunca beber daquilo, ou poderia perder essa preciosa mente que me levara até lá.

Os homens de tez acobreada riram ao me ver segurar a cabeça com força, com medo de que minha mente saísse voando. Durante a viagem, não me fora dado descanso nos treinamentos físicos, e à noite, eu estudava as estrelas, que mudavam conforme avançávamos para o sul. Fazia anotações mentais, e impressionava com minha capacidade de lembrar onde cada ponto luminoso deveria estar, naquela imensidão de estrelas.

Fazia quase um ano que eu havia deixado o templo em Narbona, e meu novo fascínio era aquele novo mar, mas dessa vez, de areia. Ao longe, pude ver os contornos de uma cidade. Cartago, eles disseram. Mas meu destino ainda não me levava para lá. Ao perguntar por que, pude ver despontar atrás de uma duna uma espécie de vila. O vento soprava daquela direção, e sorri ao reconhecer o perfume; Mirra, incenso utilizado em ocasiões especiais.

De dentro da construção central, surgia uma mulher de cabelos e pele muito negros. Os cabelos eram mantidos erguidos, envoltos na base por lenços coloridos, que aninhavam um volumoso coque. Eu nunca havia visto cabelos como aqueles. Eram leves, mas também, imóveis, estruturados em pequenos e numerosos cachos.

A túnica que ela vestia era quase nostálgica, mas os homens que me acompanhavam pareciam ansiosos em deixar aquele lugar. O grupo desapareceu rapidamente em direção à Cartago, me deixando a sós com a mulher. Eu me perguntava o que poderia ter dado tanta pressa naqueles homens tão destemidos, e quase senti receio em olhar para minha nova guardiã, mas ela sorrira ao cruzar seus olhos com os meus, e eu sorri de volta.

Ao fazê-lo, senti algo se aquecendo novamente dentro de mim. Confusa, levei as duas mãos ao peito, mas ela logo me chamou para entrar. Lá dentro pude ver mais algumas pessoas, mas nenhuma parecia muito disposta a interagir. De forma que me vi sozinha com minha anfitriã dentro da construção principal. Ela me mostrou onde eu poderia dormir, comer e me lavar.

Apontou os pátios de treinos e rolos de papiro que eu poderia ler. Me instruiu a descansar e me acostumar com o ambiente. No dia seguinte, as coisas seriam diferentes.

E como foram.

Naquele lugar, ao invés da Lua, do Sol e dos espíritos naturais, se cultuava o Fogo acima de todos os elementos. Minha anfitriã era uma sacerdotisa ígnea, e podia fazer chamas correrem por seu corpo e cabelos, sem nunca ser machucada. Haviam os que controlavam as chamas, os que passavam horas encarando fogueiras bruxuleantes e viam o passado, o presente e até mesmo o futuro. Haviam até os que podiam curar através do calor.

E lá, eu aprendi a me conectar com o elemento. Podia sentir sua energia correndo dentro de mim. Em poucos anos eu ultrapassara minha mestra, em controle e “intimidade” com o elemento. Muitas vezes me divertindo ao extinguir as criações dela, ou roubá-las para mim.

Até que um dia, chegara a momento de eu juntar meus pertences novamente. A sacerdotisa me abençoou, dizendo que ela esperava grandes coisas de mim. E que o mundo também esperaria. Homens de tez bronzeada e cabelos negros, vestindo túnicas por baixos de mantos de viagem aguardavam dentro do pátio central, mas pareciam muito mais à vontade do que os mouros que me trouxeram ali a tantos anos atrás.

Gregos, eles disseram. Ri da ironia; então eu voltaria para tão perto de casa? Mas antes mesmo de alcançar Cartago, descobri que “casa” tomaria todo um novo significado para mim. Eu seria apresentada ao Santuário, e teria uma nova casa, não só para amar, mas também para proteger.

Aine de Virgem Divisor_zpsam5buhfv

Quantas vezes eu já havia ido lá ver? Não sabia dizer... Mas Aurathor aparentemente estava contando.

Por que eu insistia em olhar para aquele garoto? Nenhum momento brilhante, nenhum vislumbre divino, nenhum fato marcante, nem mesmo nos simples treinos físicos ele era digno de nota. Ele não era ruim, mas mal chegava a ser mediano.

Olhei para meu antigo mestre com um ar cansado e decepcionado; ele mesmo tivera que lidar com uma discípula “diferente”. Eu havia chegado ao Santuário com um vasto treinamento, mas sem sequer saber o que significava o “cosmo”, o elemento mais básico para um cavaleiro. E aquilo não me impedira de conquistar a armadura de Virgo. Observei aquilo ao papa mascarada, e mesmo sem ver seu rosto, podia dizer que ele girava os olhos.

Aquilo significava que eu poderia fazer o que achasse melhor. Voltei meus olhos ao garoto. Lucca... sim, eu sabia que ele poderia fazer grandes coisas; as estrelas brilhavam forte sob o cabeça dele. Pena que os instrutores estavam muito ocupados olhando para baixo.

Um dia, eu o esperava sair de um treino. Não era minha intenção perturbar o trabalho dos outros, mas assim que o responsável me viu, o reconhecimento foi instantâneo. Ok... não eram muitas as amazonas com um cabelo tão comprido como os meus. Na verdade, não eram muitas as amazonas.

Foi uma situação desconfortável, e pedi desculpas por aquilo, o que se tornou tudo pior. Desisti de tentar fazer aquilo ser normal; eu não era normal, e nem ele seria. Apenas apontei para o garoto e pedi que me seguisse. O choque fora grande, de Lucca principalmente, mas eu não tinha tempo para aquilo. E nem ele. Aquele tipo de treino não era adequado para ele e tínhamos muito tempo a recuperar, mas eu tinha certeza de que Lucca daria conta. Porte físico, gênero, origem... nada daquilo importava. Não diante da chama interior que eu sentia queimar dentro dele.

Não foi com surpresa, mas sim com orgulho que o recebi de seu retorno da Ilha da Rainha da Morte. Ele trazia de volta a armadura de fênix; o pássaro de fogo imortal. Não escondi o risinho ao murmurar para um imóvel Aurathor; eu avisei...

Aine de Virgem Divisor_zpsam5buhfv

Por que sempre chuva? Eu olhava para a desolação conforme uma fina garoa tentava lavar tudo aquilo, mas era inútil. Assim como me fora inútil todo o meu poder. Do que adiantava poder golpear na velocidade da luz, se eu não havia sido rápida o suficiente para estar lá quando ele precisava de mim?

E onde estavam todos os outros? Olhei para a escadarias das doze casas; sim, eles estavam onde deveriam estar, ou então, também em missões externas como eu. Independentemente, eles não haviam chegado a tempo também, e Lucca perecera cumprindo seu dever. Nada do que e envergonhar ou se arrepender.

A vergonha era toda minha. A culpa era toda minha.

Não só eu não havia sido rápida o suficiente como amazona, como não havia sido competente o suficiente como mestra. Eu podia tê-lo ensinado uma técnica a mais, ou uma evasão à mais. Desenvolvido melhor alguma habilidade...

E quando dei por mim, estava em meio ao pátio central da sexta casa. A minha casa. Eu encarava as pilastras escuras, e a garoa entrava pela abertura do domo central. Assim que eu pisara no salão, as chamas das tochas diminuíram consideravelmente, mantendo o ambiente na penumbra.

Não sei quanto tempo fiquei tentando decidir o que fazer, mas Aurathor se decidira antes, e assim, do outro lado da cortina de garota, eu podia ver o brilho pálido de sua máscara.

Suspirei, sentindo-me imensamente cansada, atravessei a distância que nos separava. Cada passo meu ecoava no mármore. Ao alcançá-lo, senti sua mão pesada sob meu ombro direito. Um choque correu através de minha espinha. Eu sabia do que eu precisava, e ele também.

Aurathor não estava lá como meu mestre, para me orientar. Ele estava como Grande Mestre do Santuário. E estava lá para me dar a permissão que meu orgulho não permitia pedir.

Virgo abandonou meu corpo, assumindo sua forma de donzela no central do salão. Se deixando lavar pela garoa. A chuva escorria como lágrimas pelo rosto metálico. Toquei sua face com o dedo indicador, limpando uma de suas lágrimas. Ela chorava por mim, já que eu não me permitiria faze-lo. Não na frente dos outros.

Eu voltaria para buscá-la em breve. Assim que eu fosse digna de enverga-la novamente. E assim, ocultada pela garoa, deixei minha casa.  

Aine de Virgem Divisor_zpsam5buhfv

O dia que eu surgira em Narbona causara choque, devo admitir. Mas no fim, era a lembrança mais antiga que eu tinha. E o cheiro me atingiu fortemente. Alfazema, Calandre, Lótus, Madeira, Mirra... os cheiros de minha primeira infância.

Lá me fora permitido acalmar minha mente e realinhar meu cosmo. Pouco a pouco, o pesar se tornava saudade e a dor, compreensão.

Conforme o tempo passava, eu voltava a estudar as estrelas. A confusão no céu era clara, e os maus presságios se acumulavam em fileira. Suspirando, podia sentir meu cosmo pulsando. Seria eu digna de retornar? Como se nada tivesse acontecido?

Eu já havia sido substituída? Virgo havia talvez cansado de me esperar?

Me perguntava exatamente essas coisas, quando um forte clarão irrompeu o pátio de meditação, assustando diversas sacerdotisas e aprendizes que se concentravam. Mas eu apenas olhava confusa para aquilo.

Assim que a luz diminuiu, o silêncio pairou no lugar, conforme todas observavam o reluzente metal dourado de Virgo. Sorri, escondendo o ligeiro rubor, mas com felicidade genuína.

Eu podia ter dúvidas até alguns segundos atrás, mas aparentemente, outra pessoa cansara de esperar e decidira por mim. Mais uma vez, me preparei para partir. Mas ao invés de juntar meus pertences, apenas aceitei o abraço de minha donzela, e ri divertida ao ver o espanto de minhas irmãs ao me verem trajada para batalha. Conforme as chamas ao meu redor diminuíam, desapareci diante dos olhos de todas; era hora de voltar para casa.




DADOS EXTRAS



MORADA: Casa Zodiacal de Virgo
Quando vista de fora, a casa respeita a harmonia esperada dos templos gregos, com altas colunas brancas e fachada triangular. Mas ao entrar, uma atmosfera diferente toma o lugar.

As colunas ainda se fazem presentes, mas mais afastadas, criando um amplo salão abobadado que tem sua calota aberta, sendo possível ver uma vasta parte do céu. O chão de mármore polido muitas vezes reflete o céu, replicando nuvens brancas que tingem o azul do céu ou estrelas que acompanham a lua. Quando em dia claro, os cantos mais afastados da abóboda ficam escurecidos pelo contraste da luz, o que muitas vezes faz com que as escadas laterais passem despercebidas para os transeuntes.

De um lado, encontram-se os cômodos privados e de serviço, ao outro, a escada dá acesso ao jardim que se estende sobre as casas zodiacais anteriores e o restante do Santuário.

Os cômodos privados compreendem em uma sala com móveis de pedra, cobertos com mantas e almofadas macias e uma área separada para o armazenamento de mantimentos e preparo de refeições. O quarto da própria amazona também é amplo, com uma das paredes abertas, voltadas para o precipício das escadarias, oferecendo a visão do ambiente, mas também privacidade.

O jardim passa uma aura de paz, e em seu centro é possível ver um círculo de pedras, com uma espécie de altar rústico de pedra ao centro. Os pontos cardeais são marcados nas pedras maiores, ornados com grandes pedras preciosas que indicam cada ponto; Esmeralda para o Norte, Rubi para o Sul, Topázio para o Leste e Pedra-da-Lua para o Oeste.

Apesar de parecer propício para o recebimento de visitas, Aine permite que pouquíssimas pessoas frequentem seu jardim, pois é lá que ela busca refúgio para acalmar a mente e investigar as estrelas.

DESCRIÇÃO DO COSMO:
O cosmo de Aine se assemelha ao fogo. O mesmo fogo gentil que aquece as pessoas no inverno e ilumina noites escuras é também o fogo que consome a tudo em sua frente e causa terror e apatia.
Aine possui um cosmo explosivo e intimamente ligado às suas emoções. Seu corpo pode se iluminar de forma cálida ao proteger alguém, ou seus olhos podem se incendiar em rubro e dourado quando contrariada. Chamas ao seu redor podem ser alimentadas ou extinguidas pelo seu estado de espírito, caso ela permita que ele extravase em seu cosmo.
Quando Aine tem intenção de proteger e confortar, ela oferece a sensação de se sentar de frente a uma lareira familiar, com suas pequenas chamas dançantes e seu suave crepitar. É como se o cosmo dela se tornasse a materialização do calor humano e seu conforto ou de uma luz numa noite escuro e sua esperança.
Mas quando Aine está lutando contra um inimigo de Athena, então o fogo ruge no mais violento dos incêndios. Em batalha, lutar contra ela pode ser como marchar contra os portões do inferno; chamas rodopiam em torno de seu corpo. Explosões de chamas que se originam no peito da amazona a rodeiam, ameaçando os adversários.
O calor se torna insuportável, turvando o ar ao seu redor, a claridade arde os olhos, dificultando a visão, e o próprio oxigênio parece estar sendo consumido. É possível sentir o cheiro de cinzas no ar e ouvir explosões de chamas.

Aine de Virgem Cosmo_zpsujn96yla