Entre a entrada para Rodório e os limites do Santuário, apareceu inquieta a amazona de Hércules. O vento soprava forte jogando algumas das mechas de seu cabelo nos olhos, mas ainda sim a guerreira mantinha uma postura tensa, preocupada o que seria tão importante que a mandaria de volta para o Santuário sem sequer a permitir dar o reforço que parecia ser tão necessário naquela missão.

A amazona de Hércules notara grande comoção no Santuário. Leila parecia apreensiva e dava ordens, às portas da casa de Áries. Ao ver Iara, a mesma curvou a cabeça e assentiu para a brasileira, falando para que ela se aproximasse. Em seguida, olhando atentamente para ela, Leila começa:

- Iara, temos uma situação. Aparentemente, está acontecendo um novo ataque próximo ao portal de Berna e eu preciso que você vá até lá verificar. Os nossos inimigos estão se movendo também por aquele lado e não podem chegar até o portal. Mandarei você e Flecha para lá, tudo bem?

-Sim senhora. - Acenou com a cabeça. Ajeitou a bolsa que continha seus pertences no ombro e olhou em volta  - Flecha foi pegar suprimentos?

- Sim, Iara. A Amazona de Flecha já está pegando suprimentos. Se puder se juntar a ela, eu agradeceria bastante. - Leila se moveu continuando a dar ordens, dispensando educadamente a amazona de Hércules.

Chegando ao alojamento das amazonas, a brasileira notou uma moça com uma armadura roxa e um arco acoplado ao braço, além de uma aljava de flechas. Era a amazona de Flecha. A moça possuía os cabelos longos e castanhos, totalmente lisos, chegando até a metade de suas costas. Por muitas vezes, devido ao incômodo que cabelos causam, a amazona estava com os mesmos presos, variando em vários tipos de penteado, que naquele momento são as tranças duplas. Seus olhos eram de um verde profundo e possuem as íris brilhantes, quase espelhadas, enquanto suas pupilas são negras, e arredondadas com um brilho molhado. Interessante que uma característica marcante em seus olhos eram suas sobrancelhas. Ambas as sobrancelhas tinham manchas brancas em intervalos similares, dando o aspecto de listras, como as de um tigre ou uma zebra. Sua pele possuía um tom claro e delicado, mas com algum bronzeado, o que a deixa com uma aparência forte e saudável. Seu corpo feminino tinha os trejeitos de uma adolescente em formação, porém com seios um pouco fartos para a idade e quadris começando a tomar forma, deixando o corpo e a aparência geral da flecha ao mesmo tempo, atlética e atraente.

Ao se deparar com a amazona de Flecha, Iara não a reconheceu, o que em sua cabeça significava duas coisas: Ou era nova demais para tê-la visto nas áreas de treinamento de sua época ou simplesmente foi uma sortuda que escapou de ser desafiada por ela. De qualquer forma, abriu um sorriso educado e estendeu a mão.

-Sou Iara de Hércules, fomos escaladas para a mesma missão, é um prazer.

Como seria uma missão com poucas pessoas era fundamental que a comunicação entre ambas fosse impecável, por isso sabia que gastar esses poucos segundos com uma apresentação decente poderiam fazer a diferença no final.

- Ah, tu que é a Iara? - Ela apertou a mão de Iara, sorrindo. O sotaque que atingiu o ouvido de Iara foi como música. Um clássico sotaque carioca vinha da boca daquela garota. Parecia que o problema de comunicação estavam resolvidos. - Vai querer me bater não né?  - ela riu descontraída. - Já peguei os suprimentos, tua mala tá aqui. - Ela entregou uma mochila para a amazona e ficou ao lado dela, esperando. - Então, vamo nessa?

Iara tentou conter a animação por encontrar outra carioca depois de tantos anos, afinal, aquela era uma missão séria e urgente.
-Vou não, relaxa. Obrigada por pegar os suprimentos, hoje é dia de espantar os inimigos de Athena e eu nasci pronta pra isso. - Comentou confiante já se encaminhando para o portal com a amazona de flecha ao seu lado. Não podia ficar insegura agora, passou 10 anos se preparando para ser a amazona mais poderosa, tinha que confiar em si mesma.

Tocou a tag de Hércules em seu pescoço determinada, enquanto com a outra mão segurava como se não fosse nada a mala dada pela companheira de missão.

Tremendo de frio, Iara colocou o que carregava no chão, ativando a sua tag para que a armadura de Hércules abraçasse seu corpo finalmente, a deixando pronta para a batalha iminente.

-Qual é o seu estilo de batalha?

Com os olhos, inspecionava tudo ao ser redor a procura de qualquer inimigo. Estavam expostas demais ali, sendo muito fácil atacá-las de surpresa.

Clarisse reclamou do frio assim como Iara, mas não moveu os braços que estavam em riste, pronta pra batalha. Ela olhou para a companheira e assentiu, respondendo:

- Eu ataco a longa distância, e incapacito os inimigos com golpes que tem efeitos.

Assim conversando, as duas notaram que ali na região não havia perigo, mas Iara conseguia sentir cosmo em direção aos Alpes.

- O que você acha de nos separarmos para uma de nós investigar os Alpes? Não acho inteligente deixar o portal sem defesa nenhuma.

- O portal tem guarnição interna. Acho que não É inteligente nos separarmos, visto que não sabemos quantos inimigos existem lá.

-Então vamos as duas pra lá. - Disse ela já começando a andar em direção a manifestação de cosmoenergia.

Clarisse deixou Iara se adiantar, a seguindo a uma curta distância. Ela agora tinha apanhado o arco que a armadura gerava e caminhava com as costas meio abaixadas. Ao chegarem a base da primeira montanha, juntamente com os picos de rocha e o desnível do solo, o estalo de cosmo energia ficou mais forte.

Para não entrar em uma emboscada, a amazona de Hércules tentou ocultar seu cosmo para que não chamasse atenção indesejada.

Os estalos ficam mais frequentes. Elas começam a ouvir vozes vindo de cima, o que dava certeza de que estavam sendo aguardadas.

Em resposta, a guerreira cerrou os punhos atenta direção de onde vinham as vozes. Trocou olhares com a companheira, ambas sabendo que teriam que exibir reflexos perfeitos para sobreviver à situação. Ao chegarem, viram quatro guerreiros armadurados com vestes negras encostados nas rochas, como se aguardasse para dar uma investida nas guerreiras.

Emanando seu cosmo, Iara ativou seu manto do leão, podia sentir a eletricidade envolvendo seu corpo e a protegendo qualquer ataque possível. Se colocou entre Clarisse e os guerreiros inimigos, sabendo que seria mais resistente aos seus ataques diretos.

Eram quatro inimigos, que pareciam acreditar que pegariam as Amazonas desprevenidas. Todos tinham uma altura próxima, e usavam armaduras negras um pouco rudimentares. Um deles carregava um mangual, outro carregava dois discos e os dois últimos estavam de mãos nuas. Ao verem a amazona aparecendo abertamente, eles se precipitaram em direção a ela. O que usava o mangual atacou as cegas, brandindo a arma rapidamente sem precisão. O dos discos os arremessou em direção a Iara, e os dois últimos lançaram meteoros na amazona, a técnica básica de quase todo cavaleiro iniciante.

Sem perder tempo Iara inclinou seu corpo desviando da ponta do mangual, segurando a corrente e sem dificuldades puxando o guerreiro que o segurava e usando-o de escudo contra os meteoros. Esperou também o momento certo para fazer uma parábola com o braço, na intenção de com sua força monumental bater na base dos discos e, se não fosse para destruir com um movimento poderoso desses pelo menos os enviaria para uma distância muito grande da área de batalha.

O guerreiro do mangual ficou extremamente surpreso com o movimento e tentou largar a arma, mas já tinha sido pego pelos golpes dos aliados, deixando morto sem dificuldade. Quando bateu nos discos, a amazona sentiu a queimação do golpe penetrando seus braços, mas destruiu as armas com as parábolas. Clarisse também não perdeu tempo. Ao ver os inimigos disparando seus meteoros e errando Iara graças a barreira improvisada, ela retesou a corda da arma e disparou uma chuva de flechas sobre os dois que golpearam contra o meteoro, matando-os também. Por fim, o último dos homens saltou para trás e esperou a investida. Não havia muito mais o que fazer.

Correndo até o último, a amazona de Hércules o derrubou no chão, o prendendo pelos pulsos acima da cabeça e sentando em cima de suas pernas o imobilizando com facilidade.

-Pode começando a falar! Quem mandou vocês aqui? Qual era o intuito da missão?

Ele era rápido e talvez Iara não conseguisse imobiliza-lo, não fossem as flechas de Clarisse, que se lançaram logo após do ataque da hercúlea. O cavaleiro negro riu e cuspiu nela, sem responder.

Apertando os pulsos do rapaz, a prateada começou a perder a paciência sentindo o cuspe descer pelo seu rosto.

-Ou você abre a boca ou vai estar implorando pra gente matar você em segundos. - Eletricidade saía de seus dedos, dando choques que progressivamente aumentavam de intensidade conforme ele se recusava a liberar as informações pedidas.

- Você! Você não vai me obrigar a falar, amazona de Athena. Você é bem mais perigosa do que ele! - o choque penetrava chacoalhando o corpo do cavaleiro negro, mas ele parecia resoluto.

[color:4201=color=lightblue]-Então você prefere morrer? - Tentando dar ênfase em suas palavras, Iara aumentou ainda mais a voltagem dos seus choques.

O homem começou a rir entre os gritos de dor. Então encarou Iara e disse:

- Amazona, se você não me matar, ELE irá!

Entre os gritos, ele continua rindo. Rindo de modo a provar que mesmo a tortura não faria efeito.

Precisando de tempo pra pensar, a amazona deu uma cabeçada controlada na testa do inimigo que seria forte o suficiente para deixá-lo inconsciente. Esperou que ele apagasse para virar o rosto para a amazona de Flecha.

-Alguma ideia de como podemos extrair a informação dele?

O inimigo desacordou e Iara se voltou para Clarisse. A amazona de flecha se voltou para a de Hércules e moveu as mãos para o alto, num gesto de impotência. Ela então disse:

- Talvez ele tema seu líder mais do que teme a gente.

-Será que vale a pena levá-lo como prisioneiro? Se matarmos esse aqui nada vai impedir quem está por trás disso de simplesmente mandar mais gente para atacar o portal. Seguimos no escuro.

Clarisse pensou um pouco e disse:
- Não acho que podemos levar todos eles como prisioneiros. Vamos encontrar outros como ele. Acho que o melhor caminho é... - E ela passou a mão em riste por baixo do pescoço, rapidamente, num sinal mudo de decapitação.

Resignada em acabar a luta desse jeito, Iara colocou a mão sobre o peito do inimigo, sabendo que a carga elétrica certa sobre o coração do rapaz o faria parar imediatamente.

Antes que Iara execute o inimigo, Clarisse pôs a mão em seu ombro, e disse com uma voz complacente:

- Eu faço.

Com os olhos a amazona fez um agradecimento silencioso à Clarisse, tirando o corpo de cima do inimigo derrotado.

Ela esperou que Iara avançasse e assim que a hercúlea avançou, ela ouviu o som do arco sendo disparado. Clarisse não demorou a seguir a moça, andando ao lado dela e com um olhar neutro em seu rosto. Não parecia pesarosa, parecia normal.

Ao começarem a escalar a montanha, mais focos de cosmo apareceram. Os inimigos realmente pareciam estar se reunindo, prontos para o ataque.

Para ter uma garantia caso o próximo ataque fosse mais rápido que os seus reflexos, Iara resolveu manter o manto do leão ativo, protegendo seu corpo de qualquer ataque juntamente com a armadura. Tomou cuidado com seus passos, tentando ter os movimentos mais silenciosos possíveis.

Clarisse tocou nos ombros de Iara com a ponta dos dedos e logo depois moveu-os para frente, dando o sinal para que a amazona avançasse. Em seguida, ela ergueu o corpo e bradou em direção às massas de cosmo:

- Centelha divina de Apolo!

Em seguida, uma rajada azul forte saiu do arco de Clarisse. O disparo viajou pelo ar em alta velocidade e acertou a parte do meio da estrada rudimentar na lateral da montanha, explodindo logo depois. Os cavaleiros negros, cinco ao todo se revelaram saltando, o que dava abertura para Iara atacar.

Elevando seu cosmo, Iara saltou na direção destes guerreiros, pegando o pé dos dois que estavam mais próximos de si rotacionando seu próprio corpo com grande propriedade utilizando-os como maças humanas, batendo com muita força em outros dois. Já com o último, avançou diretamente nele com um gancho de direita embebido de cosmo.

Enquanto Iara agarrou os inimigos, Clarisse recarregou o arco e alvejou os outros três, o que fez com que o trabalho da hercúlea fosse o mais breve possível. Ambos faziam uma boa sinergia juntas. Iara notou também que Clarisse se adiantou para a frente, tão logo o combate terminou e tocou o solo, olhando o local onde os oponentes estavam escondidos. Ela franziu o cenho concentrada e chamou Iara:

- Os filhos da mãe estão aqui a pelos menos uns três dias. Olha esses sulcos, tá vendo? Indica que eles armaram tocaia aqui.

Ela levantou e continuou seguindo. A montanha seguia, com uma caverna próxima dela. Parecia ser o caminho mais óbvio e também o mais recente, visto que a caverna parecia ter sido escavada cosmicamente.

Intrigada, Iara seguiu a companheira acompanhando seu raciocínio conforme novas informações eram descobertas. Sabiam que estavam lá há mais de 3 dias e que também estavam esperando uma resposta do Santuário. Seria essa a tentativa de organização de uma invasão ao lar dos cavaleiros de Athena? Ou uma base focada em observar os movimentos dos cavaleiros? Seja o que fosse, elas iriam descobrir com certeza.

A caverna parecia vazia, mas realmente recente, de modo que havia um longo caminho escavado dentro da montanha. Dois cavaleiros negros tomavam conta da porta, conversando entre si. Ali, eles falavam:

- Afinal, porque estamos aqui mesmo?

- Porque parece que um dos portais para o Santuário de Athena fica aqui. - Respondeu o outro.

- E onde é? - Perguntou ansiosamente o primeiro.

- Ninguém sabe. É por isto que o Iguana pediu pra gente ficar de olho. Mesmo que não seja aqui, se a gente continuar atacando as cidades próximas, fatalmente eles vão aparecer. Daí é só capturar um e forçar a falar. - Concluiu o outro.

Realmente a base parecia ser ali, mas eles não sabiam quem eram os inimigos. As amazonas precisavam invadir o local para descobrir o que pudessem e parar este tal de Iguana, custasse o que custasse.

Sabendo que precisava ser furtiva, a amazona pegou algumas pedras no chão e as arremessou com precisão na direção oposta a que estava, com a intenção de desviar a atenção dos cavaleiros negros para longe delas. Logo em seguida, sinalizou para a companheira que a mesma atirasse em um dos dois enquanto ela se encarregava do outro, jogando uma poderosa carga elétrica no inimigo restante. Isso daria tempo o suficiente para a carioca alcançar o oponente e virar a cabeça do mesmo no intuito de quebrar seu pescoço.

A sinergia entre as duas era realmente impressionante. Exatamente quando Iara arremessou as pedras, Clarisse já estava disparando suas setas em direção aos dois inimigos, nocauteando-os velozmente os sentinelas. O que acontece a seguir é que antes de levantarem suas guardas, os cavaleiros negros foram obliterados pelos punhos de Iara. Ao terminar, as duas viram o túnel, que parecia bloqueada por uma pedra esférica que podia ser movida com certa facilidade pela hercúlea. Do outro lado da pedra, elas escutam o ruído de mais conversa. Aparentemente, haviam mais soldados ali dentro. Clarisse se concentrou e retesou o arco novamente. Estava esperando a oportunidade.

Sem mais delongas, Iara retirou a pedra com muita delicadeza, tentando fazer o mínimo de ruído possível. Estava pronta pra embarcar em mais um embate caso ele fosse iminente, assim como sua companheira, mas se fosse possível queria aproveitar pra ouvir mais informações relevantes dos inimigos.

O túnel seguia, mas a pedra parecia ser mexida com frequência, de modo que ela fez um ruído considerável. Os inimigos, que conversavam logo se moveram vindo em direção às amazonas. Eram muitos, mais de dez. As massas de cosmo bruto se aproximaram, logo saltando pelo túnel. Clarisse sacou o arco e retesou a corda, gerando uma flecha de energia. Estava olhando fixamente para os líderes ou os soldados a frente, esperando a chance de alvejá-los.

Novamente Iara se pôs a frente de Clarisse e falou para a mesma em um volume somente a outra a ouviria:

-Tampa bem os ouvidos.

Spoiler :


E assim, elevando o cosmo, a amazona afastou bem os braços e uniu logo em seguida as palmas da mão com grande força e velocidade. Era aquele o Estrondo atordoante, técnica designada para desestabilizar os oponentes, jogando-os para trás, afetando seu equilíbrio e audição na intensidade em que ela a utilizou. Eles estariam desorientados os suficientes para ficarem despreparados para o que viria em seguida.



E sem medo nenhum a amazona se jogou nos adversários, aplicando golpes como chutes e socos em grande velocidade em todos os oponentes, deixando que sua parceira cuidasse do resto mais distante com suas flechas.

A amazona de flecha agiu rápido. Disparou a centelha de apolo no meio dos inimigos e gritou para a amazona de Hércules.

- Usa a pedra! Joga a pedra neles!

A moça de mechas brancas se mexeu e continuou disparando as flechas uma atrás da outra, aguardando. Se a moça seguiria a sua sugestão ou prosseguiria com seu plano, restava a Iara decidir. Aceitando a praticidade da parceira, Iara retornou com velocidade para jogar a pedra nos adversários restantes.

Os socos de Iara incapacitaram a primeira linha de frente enquanto a centelha os afastou e espalhou, mas Iara ainda recebeu diversos golpes enquanto voltava. Os soldados tentaram fazer um movimento travando a mobilidade de Iara, mas não adiantou muito. Ao verem a hercúlea erguer a pedra, eles começaram a disparar meteoros, para impedi-la de arremessar o projétil, mesmo com Clarisse disparando as flechas para conter os adversários. Ela bradava a todo momento:

- Flechas Fantasmas!

Mesmo aguentando as feridas novas, Iara arremessou a pedra na direção dos inimigos restantes. E seguiria enfrentando um por um quem não tivesse sido incapacitado, as vezes batendo as cabeças dos cavaleiros negros umas nas outras, outras com golpes variados. Mas não iria parar até que todos tivessem sido derrotados.

Quando Iara lançou a pedra, os cavaleiros negros tentaram se evadir, sem sucesso. Foram esmagados pela pedra, porém, alguns quebraram a rocha com os punhos. Os poucos que sobraram atacaram Iara e Clarisse e após um duro combate, acabaram caindo pelas mãos das amazonas. As duas estavam um pouco cansadas, mas os inimigos caíram. O túnel estava vazio e continuava, fazendo uma ligeira curva e terminando em um fosso.

Ainda estava muito frio, então a amazona usou o cosmo para manter o corpo aquecido. Sacudiu um pouco os braços para tirar a sensação de sangue alheio escorrendo por eles e seguiu caminhando com cautela até chegar ao fosso. Ergueu os punhos aguardando o próximo desafio.

- Você está com frio? - Clarisse se aproximou preocupada. Ela estendeu a mão, transferindo um pouco do cosmo para a amiga, tentando ajudá-la a se aquecer. Ela ergue o arco e seca o suor da testa com a outra mão. Apesar do frio, Clarisse estava transpirando. A amazona de flecha então se encosta na parede e olha no fosso, questionando:

- Você quer olhar ou já pular?

-Obrigada. Deixa que eu entro primeiro. Se for alguma armadilha você consegue me dar cobertura daqui na hora. - Antes de pular, Iara deu uma última olhada, tentando enxergar o que encontraria lá embaixo. E assim que se certificou, saltou ainda sem baixar a guarda, esperando o pior.

- Maiada. - Clarisse disse sorrindo.  - Pode me chamar de Maiada. Era meu apelido. - Ela olha para o túnel e mira, esperando a herculea descer. Ao chegar lá embaixo, Iara notou que não existia nada, a não ser uma luminosidade amarelada vindas das tochas.

- Tá tudo tranquilo. - Fala Iara erguendo o polegar em sinal positivo abrindo um sorriso brevemente. Não podia se sentir confortável antes de terminar a missão. Se fizesse isso alguma das duas sairia ferida. Espaçando as pernas e se agachando um pouco, pegou impulso para sair em um único pulo.

- Tudo certo aqui, Maiada? - Perguntou, testando a pronúncia do apelido pela primeira vez.

Maiada a seguiu, saltando logo depois, sorrindo em concordância pelo jeito que fora chamada, mostrando que a pronúncia do apelido estava certa. Ali parecia ser uma catacumba, e o silêncio era interrompido pelo gotejar de algum líquido e pelo crepitar das tochas. Era uma sala com diversas câmaras e o silêncio pairava ali.

Iara começou a olhar ao redor, tentando examinar de alguma coisa chamava atenção como suspeita. Podia muito bem ter câmeras ali, então cada cuidado era essencial.

Ao examinar as catacumbas com mais calma, Iara e Clarisse ouviram um murmúrio vindo do fundo da caverna que as formava. Era como uma conversa, mas parecia ter uma voz só.

Mesmo não tendo um bom pressentimento, a amazona de Hércules tomou a dianteira se aproximando das vozes, com os punhos erguidos preparada para a próxima batalha.

As amazonas enfim chegam a uma catacumba mais profunda, com as paredes entalhadas com runas e símbolos estranhos. Não pareciam ideogramas de nenhuma natureza, pareciam rabiscos ou gatajuras desconexas. Próximo a uma parede, havia uma pilha de pedras à guisa de altar, onde havia três crânios humanos sem o topo da cabeça cheios de sangue. A frente do altar, um cavaleiro negro estava posicionado de pé. Ele trajava uma armadura negra simples e tinha os cabelos cheios, com os olhos carregados de adoração. Ao pressentir as amazonas chegando, ele se voltou para elas, e disse, com um sorriso cruel:

- Então, finalmente, sacrifícios chegaram. Vocês estavam atrasadas, minhas lindas e inocentes ovelhinhas.

Com discrição, Iara estendeu o braço direito tentando empurrar Clarisse mais para trás. Ele parecia diferente dos cavaleiros negros que enfrentara até agora.

-Quem é você e o que quer com a gente?

Talvez se fizesse ele falar, ele revelasse alguma outra informação que não haviam tido acesso ainda.

Maiada começou a recuar, como se pensasse em fugir. Na verdade, ela procurava um ângulo melhor de mira, procurava um local para acertar um tiro, qualquer ponto vulnerável tanto no cavaleiro inimigo quanto no cenário.

O homem não pareceu se intimidar. Ele apenas sorriu ainda mais e respondeu sua pergunta:

- Eu sou Iguana, usuário da armadura negra de Lagarto, é um prazer, amazona. E bem, o que quero... - Ele novamente riu de forma cruel e prosseguiu:

- Vocês serão o sacrifício de uma nova era. Um novo mundo está se formando e eu preciso de quatro sacrifícios para selar a chegada da nova era. Ainda bem que vocês são duas, assim não tem como errar.

Iguana lambeu os lábios, com uma expressão contida de sorriso. Parecia realmente disposto a conseguir seu sacrifício.

Elevando seu cosmo, Iara ergueu os punhos pronta para enfrentar o novo inimigo. Se concentrou na própria respiração, batimento cardíaco, e o menor dos ruídos dentro recinto. Conseguia sentir cada célula de seu corpo se agitar com as cargas elétricas que passeavam pelos seus membros,  não podia perder essa.

Pra testar o estilo de luta do oponente, soltou algumas rajadas de cosmo com os punhos e logo em seguida tentou atingí-lo com uma alta voltagem de eletricidade, tentando paralisá-lo.

Iguana sorriu e simplesmente ergueu as mãos espalmadas para frente do próprio corpo, o que bloqueou as rajadas de cosmo e os punhos de Iara, sem que ela conseguisse tocá-lo. Ela parecia ter batido em algum campo de força. Iguana riu dos esforços da amazona e respondeu:

- Surpresa? Esta é a Defesa Impenetrável de Komodo. Com esta técnica, você jamais vai me ferir, me atacando desta forma! Eu crio um escudo indestrutível HAHHAHAHAHAHAHA!

Iguana moveu os punhos, os fechando e disse:

- Mas calma, ainda não acabou. Furacão do Iguana!

O ar rodou, assobiando e explodiu para frente, arrastando Iara enquanto a cortava no processo. Ela sentia o cosmo e o vento se espalhando, atacando todas as partes do corpo da amazona. Ao cair, Iguana disse:

- O Furacão do Iguana é minha técnica máxima de ataque! Além de lançar meu cosmo, eu o misturo com o vento, criando esse lindo e cortante vento. Mas chega de falar de mim. Vamos! Me mostre o que você pode fazer comigo amazona!

Enquanto sentia os cortes pelo corpo, a amazona de Hércules chegou a conclusão que seria necessária uma mudança de estratégia. Precisaria de uma técnica que permitisse atingir o inimigo sem tocá-lo diretamente.

Sendo assim, a amazona começou a elevar ao máximo seu cosmo, completamente envolvida pela áurea azul. Com os olhos também brilhando, Iara esticou novamente os braços em paralelo ao corpo, e com toda sua força bateu as palmas na potência total da técnica.

-ESTRONDO ATORDOANTE!

Spoiler :


A intenção da técnica era muito mais do que jogar o cavaleiro negro para trás, e sim incapacitá-lo de uma forma que criasse uma abertura em sua defesa para um ataque decisivo.

Iguana sorriu novamente e berrou juntamente com Iara:

- Defesa Impenetrável de Komodo!

As palmas de Iara não surtiram efeito, sendo desviadas para a parede. Iguana riu com a voz tremida e então, disse:

- É inútil! Você é inútil! Nunca vai conseguir atravessar minha defesa IIIIIIIIIAHAHAHAHAHHHAHAHA!

Maiada neste momento aparece e mira sua flecha. Iguana a observa com o canto dos olhos e salta para a esquerda colocando ambas em seu campo de visão. A outra amazona dispara a flecha, que resvala na barreira de Iguana, fazendo com que ele sorria ainda mais.

"Que estranho." - Pensou Iara ao ver seu oponente de mover para bloquear a flecha de Maiada. Será que era sua defesa era apenas frontal?

Como terceira tentativa para atingir Iguana, Iara moldou com precisão um chicote longo de pura eletricidade e sem dar tempo para que o inimigo entendesse seu raciocínio o lançou em um movimento que não o atacaria de frente e sim daria a volta enrolando as pernas do cavaleiro negro por trás em um forte aperto, descarregando uma carga altíssima para incapacitá-lo o suficiente para um golpe mortal.

Iguana notou a manobra de Iara, e sua reação foi rápida, mas confirmou as suspeitas da amazona. O cavaleiro saltou para trás e para o lado, novamente se mantendo de frente para as duas guerreiras e bloqueou a língua de energia de Iara. Muito embora tenha recebido parte do dano, não foi o suficiente para derrubar ou atordoar o lagarto negro.

Maiada pareceu notar a fraqueza do cavaleiro também e se deslocou lateralmente, de modo a flanquear o inimigo. Iguana então pareceu não gostar da brincadeira. Lançou novamente seu ataque, tendo desta vez ambas como alvos e simplesmente, desapareceu.

Sim, ele tinha sumido. Não se deslocou em alta velocidade e não parecia ter se teleportado. Mas com certeza, depois do ataque, Iguana não estava mais lá.

Mais cortes, mais sangue onde o seu corpo não era protegido pela armadura de Hércules. Mas tinha que ser forte, não iria se dar por vencida.

Sem saber ao certo se ele ainda estava lá, Iara fez a única coisa que veio em sua cabeça para tirar a prova. Com o punho que não segurava o chicote elétrico, a amazona socou o chão criando uma profunda cratera. Escolheu muito bem o modo como aplicara o soco e agora fragmentos de pedra e poeira naturalmente se espalharam por todo o ambiente. Se o oponente estivesse invisível e ainda presente seu corpo ainda seria uma barreira para a progressão dos destroços e assim se daria a sua localização.

Caso ele ainda estivesse ali, a brasileira já estava posicionada com o chicote para atacá-lo.

Maiada suspirou e fechou seus olhos. Logo em seguida, quando os abriu, eles estavam de uma cor diferente, amarelada. A amazona esquadrinhou o ambiente e então, arregalou os olhos surpresa. Ela tentou gritar em aviso, mas súbito, Maiada foi acertada em cheio pelo Furacão do Iguana, vindo da frente dela. Os destroços fizeram o restante do trabalho revelando Iguana, mas após o ataque em Clarisse, a invisibilidade sumiu. Iguana estava ali, praticamente de frente para a amazona.

Ao notar a localização do oponente, imediatamente Iara o envolveu com o chicote elétrico. O deixou comprido exatamente para dar várias voltas e imobilizar Iguana com eficiência. Assim que fizesse o contato, daria a descarga mais alta, com seu cosmo no máximo. Os olhos ainda reluziam juntamente com o corpo devido a quantidade de cosmoenergia emanada.

O cosmo  de Iguana era forte o bastante para afastar o chicote. Ele então, decidiu avançar em direção da amazona de Hércules, usando sua investida juntamente com seu ataque de Furacão. Aparentemente, aquela rajadas cósmicas não iriam resolver o problema. Iara teria que ir no mano a mano.

E sem pensar duas vezes a amazona partiu pra cima. Fincou pés no chão o deformando com sua força, erguendo os braços em posição de defesa a cada passo pra frente que dava. Até que se aproximou o suficiente para dar seu golpe principal:

-KORNEPHOROS! - Com o braço direito erguido e seu cosmo todo concentrado nele, Iara desferiu um soco no peitoral de Iguana com toda a sua força. O golpe descarregou uma quantidade absurda de eletricidade ao fazer contato com o corpo do cavaleiro negro.

Spoiler :


Iguana propeliu o braço para frente, dando um último Furacão do Iguana. O soco destruiu a peitoral da armadura do cavaleiro de lagarto negro e o arremessou para trás fritando-o no processo.

Iguana cuspiu sangue. Ele foi arremessado para longe, gritando e sendo queimado. O cavaleiro arregalou os olhos em desespero e então, gritou para o céu:

- Senhora Enyo! Eu me ofereço em sacrifício! EU SEREI O ÚLTIMO CRÂNIO!

O rapaz explodiu em sangue e caiu morto, sangrando. Seu sangue se deslocou até o altar, tocando sua base. Em seguida, o local todo tremeu. Uma risada fria ecoou e uma projeção começou a se avultar no altar improvisado.

A parede de pedra oscilou E a risada se tornou mais alta.

Antes que o lugar desabasse, Iara teria um vislumbre de uma aparição.


Sacrifícios Negros Enyo

Enyo, a aparição oscilou e sumiu, e o lugar começou a vir abaixo. Iara tinha pouco tempo para sair. E seja o que aquilo fosse, era perigoso demais.

Rapidamente pegou Clarisse em seus braços, e saiu correndo na maior velocidade possível pra longe daquele local, com a aparição gravada em sua mente. Seus braços ainda estavam ensanguentados depois de todos os cortes que recebera dos últimos ataques, sujando a companheira pelo contato.

-Tá tudo bem contigo, Maiada?

Maiada abre os olhos, com um sorriso fraco. Ela se ajusta enquanto a montanha colapsa e a caverna se perde para sempre. A moça senta e balança a cabeça, como que para se livrar da tontura e diz:

- Tentei te avisar, mas ele me pegou antes. Mal aí. Vencemos?

-Vencemos sim, mas sinto que isso foi só o começo... Pensei que estava bem, mas vencemos por pouco. Preciso ficar mais forte. -  Falou com grande seriedade. Teria que se afundar nos livros da biblioteca do Santuário em busca de alguma informação sobre essa Enyo. Finalizando sua reflexão, deu um pequeno sorriso para a companheira de missão. - Agora, precisamos voltar logo pra te levar na enfermaria. Pode deixar comigo.

Clarisse se viu sendo erguida novamente como se não pesasse mais que uma folha de papel. Rindo, Iara a carregava correndo em direção ao portal que as levaria de volta para o Santuário.