Momentos antes de Kaná chegar, Anya abordou Galatéia, a serva da casa geminiana e pediu para aguardar na casa pelo retorno do geminiano, e Galatéia obviamente permitiu que a amazona ficasse e esperasse. Anya então, se sentou em uma cadeira trazida pela serva e aguardou, olhando o interior do Saguão de Entrada da terceira casa zodiacal.
 
Ela não descia muito até ali, pelo menos não para se deter nas casas zodiacais. A decoração da casa seguia o padrão de ordem jônica do Santuário como um todo, mas ela via o mistério e a dualidade que a constelação guardiã de Kaná impressos nas paredes e nos ecos da casa. Era como sentir seu abraço e sua vigilância, era como sentir suas risadas de escárnio e sua felicidade infantil, quando estava com Anya. O efeito de sua casa era opressivo e acolhedor de um jeito que combinava de forma misteriosa e perigosa.
 
Assim divagando, Anya começou a refletir sobre os acontecimentos, desta vez de forma sóbria. Usou sua mente genial e seu conhecimento agregado para raciocinar a respeito do que realmente tinha acontecido entre ela e Kaná. Ela analisou friamente sobre o que ambos tinham passado, rastreando desde sua infância até chegar naquele momento. Sua mente se lembrava de cada momento, trazendo um riso para seus lábios de satisfação.
 
Apesar de Kaná gostar de aborrecê-la, era em parte este o charme dele. É claro que ela se aborrecia algumas (muitas) vezes, mas no fim, seu bom humor a puxava para frente. Além de seu senso de proteção, ela gostava de sua companhia. Anya se lembrava do contato quente do seu corpo no dela, se lembrava de seu abraço acolhedor.
 
E chegou a conclusão que parecia a mais óbvia, agora que havia analisado a situação: Nunca reparara naquilo, mas sempre gostara dele. Só havia sido negligente consigo mesma para nunca dar vazão ao que sentia. E provavelmente, ele também nunca havia olhado além da amizade de ambos. Provavelmente, Kaná estava tão confuso quanto ela tinha estado a momentos atrás. Graças a Athena seu cérebro tinha a deixado raciocinar. Na verdade, graças a Athena seu coração a tinha deixado pensar.
 
Mas ela tinha chegado a uma conclusão. Por mais que tinha descoberto este sentimento novo, ela e Kaná tinham que parar. A amazona não podia deixar que um sentimento abrupto perturbasse a vida de ambos daquela maneira. Ela deveria ser franca com ele e dizer que havia entendido o ocorrido, mas para manterem a coisa como uma amizade, como sempre havia sido.
 
E foi neste momento que Kaná se enveredou pela entrada. Educadamente, Anya o cumprimentou:
 
- Olá. Você demorou, Kai. Podemos conversar?
Kaná vinha entrando imerso em pensamentos com as flores em suas mãos, quando viu Anya sentada no saguão. Sua expressão de choque foi genuína, ele não sabia o que fazer. Ele ficou olhando para Anya, sem saber muito bem o que fazer. E então, ele caminhou até ela e abriu a boca para falar algo, mas sua voz não saiu. Então, se recuperando, ele suspirou e disse:
 
- Claro, Anya. Podemos sim.
 
Kaná suava frio. Ele achou realmente que eles iriam discutir pesadamente ou pior, embora ele não soubesse o que esse pior seria. Eles se retiraram da sala e enveredaram para o alojamento de Kaná, para terem mais privacidade. Anya estranhou o gesto de Kaná, excessivamente cavalheiresco, abrindo a porta do alojamento para ela, mas agradeceu a gentileza com a cabeça e entrou no alojamento.
 
Ali, ela suspirou e começou:
 
- Eu peço desculpas pelo meu comportamento intempestivo mais cedo. Eu não pretendia deixá-lo daquela forma...
 
- Anya... – Kaná tentou começar
 
-... Mesmo que seu comportamento também não tenha sido o mais louvável, eu sei que é uma característica de personalidade sua...
 
- Anya... – Kaná arqueou a sobrancelha. Ela tinha ensaiado aquilo.
 
-... E nós apenas deveríamos tomar isto como um deslize em nossa amizade, que já dura tantos anos...
 
- Anya, eu terminei com a Lenneth. – Disse Kaná de uma vez.
 
- Perdão? – Anya respondeu incrédula se interrompendo.
 
- É! Eu terminei com ela! Eu não podia mais! – Kaná se abriu de uma vez, e as palavras saíram com a força de uma cachoeira. – Eu nunca havia dado atenção a você, nunca havia notado sua beleza, seu jeito encantador, nossa proximidade. E depois de ter provado isso, eu não consigo voltar a ser como antes!
 
- Ouça, Kai, isto é... – Anya começou e Kaná lhe entregou as flores. Anya estranhou, aceitando, e quando ia continuar a frase, Kaná se aproximou mais dela, ficando perturbadoramente próximo. -... Errado... Isto é errado...
 
- E por que é errado? Porque eu sei que suas flores preferidas são cravos? Ou seria porque eu tomei a decisão baseado em uma coisa que nós dois já sabíamos?
 
- Você não pode tomar decisões assim! Não pode basear sua vida em... – E Anya se interrompeu com a nova aproximação dele. Ela abaixou as flores, olhando enquanto Kaná abaixava seu rosto contra o dela. -... Em um beijo...
 
Ela sabia o que ele queria. Sabia que ele procurava seus lábios. Ela sabia o que ele queria, mas não podia deixar que ele tomasse a decisão baseado apenas naquele deslize, naquele tropeção que tomaram juntos. Mas a verdade é que uma vez racionalizando a situação, ela sabia exatamente que também queria. Ela queria sentir aquilo de novo, mas não podia fraquejar, ou ele realmente não entenderia seu ponto.
 
- Tem razão, Anya... – Disse Kaná, recuando ligeiramente. – Eu não posso basear minha vida em um beijo.
 
- É... É isso mesmo... Ainda bem que entendeu... – Anya suspirou de alívio e excitação. Finalmente ele tinha entendido. Ela respirou fundo e ergueu o queixo, que Kaná habilidosamente tomou com os dedos indicador e polegar.
 
- Eu preciso de muitos mais para ter certeza. – Kaná não agüentava mais. Não queria pensar, não queria discutir. Só queria sentir aqueles lábios quentes e virginais de novo. E ele então avançou pronto para beijá-la novamente.
 
Anya então percebeu que Kaná estava se deixando levar pelas emoções. Ela não podia deixar! Ela tinha que corrigir suas ações ou ele...
 
E os braços dela passaram no pescoço dele e ela o atraiu, puxando-o para o segundo beijo dos dois. Ela mesma ficou surpresa com a sua própria atitude. Seu corpo tinha agido antes de seu cérebro, mas uma vez que já tinha acontecido, ela respirou pelo nariz e o abraçou sôfrega.
 
Kaná tomou Anya nos braços, atando sua cintura com o braço esquerdo e segurando seu crânio com a mão direita. Anya, porém, desta vez o puxou pelo pescoço, para mantê-lo próximo a si. Os dois respiravam fortemente, suas línguas se acariciando e se golpeando mutuamente. Até que Kaná deslizou suas mãos pelas costas de Anya e tocou entre as omoplatas da amazona, movendo seus quadris em um movimento como o de uma dança. Anya acompanhou o movimento de quadris, sentindo a virilidade daquele corpo, sentindo a virilidade de um corpo pela primeira vez. Seu cérebro explodia de curiosidade e prazer, juntando informações e ficando branco em intervalos idênticos e graduais. A amazona acariciou as costas e os braços firmes do cavaleiro e graças a estes movimentos bruscos, o equilíbrio dos dois foi cessando e cedendo.
 
Acostumado a tirar o equilíbrio dos seus oponentes e a sensações de alteração de gravidade, Kaná sentiu primeiro que precisavam ficar mais confortáveis. Mas foi o cérebro genial de Anya quem encontrou a solução rapidamente. Ela moveu suas coxas para a esquerda, como que realmente em um bailado, mas passando a direita por entre as pernas do geminiano, movendo os dois para um arco. Kaná, entendendo a manobra, girou sobre seu calcanhar, encaixando Anya em sua cintura e virando o corpo junto com o dela.
 
Os dois se lançaram ao ar e aterrissaram na cama de Kaná, de onde simplesmente continuaram o que estavam fazendo.
 
Saciado dos lábios de Anya, Kaná começou a explorar seu pescoço, com beijos e delicadas mordidas, que sequer chegavam a ser mordidas, pois só havia pressão nos lábios do geminiano. A amazona gemeu, arfando de excitação, passando a mover as coxas, usando a esquerda na lateral do quadril de Kaná e a direita entre suas pernas. Ela também queria mais do que os lábios do cavaleiro, de modo que acariciou as costas dele de forma mais intensa, enfiando as mãos por baixo de suas vestes superiores e arranhando toda a extensão de sua coluna e omoplatas, sentindo os músculos firmes de Kaná sobre ela. Ao mesmo tempo, sentia a masculinidade do seu amigo de infância crescendo sob o músculo de sua perna direita.
 
Kaná se ergueu sobre o corpo de Anya, sentindo as carícias e ele mesmo arfando. Sem pensar ou hesitar, ele se livrou de sua camisa, arremessando-a no outro extremo do quarto. Anya aproveitou a chance e abocanhou seu tórax, dando mordidas e beijos nele como Kaná havia feito com seu pescoço. Os dois arfavam e se entregavam a sensação.
 
Livre de sua camisa, Kaná deslizou as mãos pela lateral do corpo de Anya e segurou as vestes da amazona, que sem entender o porquê, ergueu os braços, ajudando a ser despida.
 
Um misto de vergonha e excitação correu o corpo dos dois ao chegarem neste nível. Kaná tomou o rosto de Anya e a encarou, com os olhos faiscando:
 
- Você é linda...
 
Ela acariciou os cabelos longos dele, examinando o corpo a sua frente. Seus lábios estavam úmidos e a boca cheia de água. Ela respondeu o que sabia e analisava, mas com um tom muito mais grave e carinhoso do que o que normalmente usava:
 
- O treinamento fez bem ao seu corpo, Kai... Muito bem...
 
Ela desceu as mãos para tocar o peito dele, mas foi as deslizando para o abdômen dele, sentindo os gomos formados pelo exercício. Mas ela queria mais, ela queria sentir aquilo que pressionava sua coxa, aquela virilidade que ela sentira tão firme contra sua cintura. Ela queria experimentar aquilo com todos os sentidos. Ela queria sentir tudo.
 
Kaná deixou que Anya explorasse seu corpo, mas ele não se deteve ao explorar o dela. Livrou-a de suas faixas, pacientemente, libertando as firmes e macias mamas da amazona. Ao sentir o ar passando por elas, Anya atrasou uma respirada, mas permitiu o toque nelas.
 
Após os toques naquelas zonas, as carícias evoluíram, de modo que as mãos dos dois encontraram o caminho por dentro das vestes do outro. O quarto começou a se encher de gemidos e suspiros, e cada vez menos roupas estavam em seus corpos. Anya e Kaná gemiam intensamente, até que súbito, o cavaleiro moveu as coxas da amazona e se encaixou entre elas. Ele tinha uma expressão sôfrega em seu rosto, carregada de excitação e erotismo:
 
- Anya, por favor! Não agüento mais! – Ele dizia, transbordando fios e fios de prazer de sua ferramenta viril.
 
E ele não era o único. A feminidade da amazona também estava aos prantos, implorando por aquele contato. Ela suspirou e segurou o pescoço dele, ainda arfando e disse:
 
- Venha! Venha de uma vez! Ensine-me algo que eu não sei! Mostre-me como é ser mulher!
 
Kaná se moveu com ímpeto e alívio. Anya esperou o contato e a forte estocada. A mente dos dois ficou branca e eles se entregaram ao prazer. Os gritos e gemidos de ambos se elevaram e eles então finalmente consumaram aquele relacionamento que sempre existira, mas eles tinham preferido ignorar.
E, em meio aos gritos que ecoavam pela casa zodiacal, na cozinha, uma contrariada Galateia paga uma modesta quantidade de moedas a uma vitoriosa Emília.